Capítulo 3

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Faltavam 2 dias para o aniversário de Hazel. Eu tinha acabado de comprar um de seus presentes e estava ansiosa para ver a sua reação. A caixa laranja com bordas pretas e o logotipo singelo estava enfeitada com uma fita preta minimalista que formava um laço e descansava no banco do passageiro do meu carro. Sabia que ela surtaria assim que percebesse que a caixa era da Hermès, me estrangularia quando soubesse que era uma Birkin.

Sorri imaginando a cena e desviei o olhar para o trânsito ligeiramente lento. Uma movimentação no parque do meu lado direito chamou a minha atenção. Encostei o carro reconhecendo a figura feminina, trajando um vestido azul bebê tão claro quanto sua pele e uma barriga protuberante que dificultava os seus movimentos. Alana ostentava uma careta e parecia estar mais branca, se é que aquilo fosse possível.

Peguei uma garrafa de água que tinha ali e saí do carro correndo, chegando a tempo de pegar seu cabelo enquanto ela expelia o líquido cremoso e nojento. Desviei o olhar travando a ânsia de vômito e esperando ela se recuperar.

- Meu Deus do céu! - exclamou depois de parar a vomição respirando com certa dificuldade.

- Se sente melhor? - falei lhe entregando a garrafa e então ela olhou pra mim.

- Mia?

- Oi - falei com um sorriso fraco. Fiz um sinal para a garrafa e ela assentiu antes de bochechar e se recompor.

- Obrigada. De onde você saiu?

- Estava passando por aqui e vi você passando mal. Quer que eu leve você para algum sítio? Hospital?

- Não, isso é mais normal do que parece. Mas eu aceitaria uma carona pra casa. - acariciou a grande barriga e suspirou em seguida.

Seguimos até o carro e eu ajudei-a a entrar. Ela me falou o endereço e fui dirigindo até o indicado.

- Você e o Russ se entenderam? - perguntou do nada e eu quase me engasguei com a minha própria saliva.

- Como assim?

- Ele estava chateado com alguma coisa relacionada à você. E a única coisa que ele me contou é que vocês iam se encontrar para esclarecer essa coisa.

- Ah... sim. Nós conversamos.

- E ficou tudo bem? - questionou novamente.

- Sim. Mas não era nada demais, só um mal entendido. - afirmei tentando passar segurança para ela. Eu estava com a mãe do filho dele me questionando sobre nós. Isso era no mínimo estranho, mesmo ela não tendo conhecimento do nosso breve envolvimento.

- Fico feliz por isso. Você parece ser uma mulher legal. - sorriu para mim.

Ela é psicopata?

Aquilo me deixou confusa. Não sabia se estava sendo verdadeira ou se preparando para me dar o bote e me mandar ficar longe do homem dela.

- Eu fico aqui. - apontou para uma casa amarela. - Obrigada pela ajuda. Espero ver você mais vezes. - fiquei surpresa por um segundo mas me recompus rapidamente.

- Nada por isso - acenamos uma para outra e eu dirigi para longe dali com a cabeça fritando.

Qualquer mulher no lugar dela se sentiria ameaçada, mas ela parecia calma. Eu não confiava facilmente nas pessoas, principalmente em mulheres quando o assunto era o homem delas, mas as palavras de Russel vibraram na minha mente. Ele comentou que era ela quem não queria dar seguimento ao "relacionamento" deles. E aquilo não era da minha conta de qualquer forma, nós já tínhamos esclarecido tudo e seguiríamos com as nossas vidas.

***

- Você é uma cobra! - exclamou com os olhos esbugalhados na minha direção e o queixo quase tocando no peito. Eu apenas prendi o riso. - Sua burguesa safada! Onde vou usar uma fortuna dessas?

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