Capítulo 3

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Coração, consequências de uma desobediência e morte

Subitamente sua mente estava desperta, agitada. A primeira coisa que percebeu, antes mesmo de abrir os olhos, era que estava deitada sob várias almofadas. Estava confortável e desconfortável ao mesmo tempo.

A segunda coisa, foi que algo batia, suavemente, em sua barriga, quase parecia uma caricia. Decidiu abrir os olhos quando ouviu um grunhido ameaçador, era o tigre. Ele estava sentado a poucos centímetros de seu corpo e era a sua calda que balançava de um lado para o outro, ele encarava um homem negro. Este estava parado despreocupadamente com a clara ameaça do felino, na verdade parecia achar divertido. Seus olhos se encontraram e o homem sorriu simpático. Estranhamente, Camila não teve medo. O que era, novamente, bem anormal.

- Que bom que você acordou, Mila. – Ele tentou aproximar-se e o tigre grunhiu mais alto. – Estava ficando preocupado, pensando que tinha exagerado um pouquinho. – Ele encarou o animal ainda com um sorrisinho nos lábios. – E ela não queria deixar eu ir aí ver se você tava bem.

Camila fez uma careta enquanto se sentava. Sentia o corpo pesado e até mesmo sua mente parecia lenta, preguiçosa. Bocejou esticando os braços e piscou olhando a sua volta. Estava deitada em várias almofadas embaixo de uma grande e grossa árvore, que lançava uma sombra considerável à sua volta. A sua frente, além do homem, podia ver construções que pareciam fazer parte da própria natureza de tão fundidas e camufladas que eram. Casas que pareciam fazer parte do próprio tronco de uma arvore e outras que pareciam esculpidas na própria rocha ou que brotavam de pequenas elevações no solo.

- Quem é você? – Fez uma careta para ele. Então seu cérebro a lembrou que havia sido caçada e encurralada, e que aquele homem tinha a sequestrado. – Minha mãe vai acabar com você se me machucar!

- Sou Oak. – Ele apertou os lábios, ainda parecia achar tudo engraçado – E Suzana não vai fazer nada.

- Você conhece minha mãe? – Indagou curiosa

- Mas é claro, nos conhecemos desde que você era uma naniquinha!

- Sei, sei. Então onde eu tô? – Lançou outro olhar para além do homem. – E desculpe, não lembro do senhor.

- Você não lembra de nada? – Primeiro, ele pareceu curioso e logo sua expressão mudou para desapontamento – Me perdoe pela forma que te tratei, fui obrigado a agir porque você estava indo direto para um lugar perigoso. Se Cal não tivesse te visto correndo direto para o ninho, nem consigo imaginar o que seria de você agora. – Explicou devagar, a observando com atenção agora.

- Certo. – Incerta de como agir, Camila apenas se levantou. Aquilo tudo estava muito estranho e não sabia o que pensar da situação. Se sua vida foi salva, só podia agradecer ao homem – Obrigado então, por me salvar. Era ninho de que? – Fez um carinho distraído na cabeça do tigre, que parecia um gatinho muito satisfeito consigo mesmo - Abelha?

- Naizuls, estão na época de reprodução. É ainda mais perigoso chegar perto dos ninhos agora... – Ele hesitou, parecia incerto e ainda mais confuso. – Tome mais cuidado quando passear por aí, Mila.

- Tomarei. – Camila assentiu mesmo sem saber do que o homem falava, afinal, com doido não se discute? – E pra que lado eu volto, você sabe, pra onde eu tava? – Oak voltou a sorrir juntando as mãos na frente do corpo.

- Fique um pouco, Mila. – Só aqui notou que ele sabia seu nome. Sua cabeça ainda estava tão lenta, confusa. – Eles ficaram tão felizes que você voltou, estão até preparando uma festa, vai ter muita comida. – Ele sinalizou os pequeninos que corriam de um lado ao outro entre as estranhas construções. - E você cresceu tanto, da última vez que te vi, você não chegava ao meu cotovelo, era bem naniquinha mesmo! – Ele pausou perdido em pensamentos. Camila decidiu que ele era meio estranho. – O tempo aqui passa de forma diferente, sabe?

My Kitten {Camren}Onde histórias criam vida. Descubra agora