Capítulo 2 parte 2

823 87 34
                                    

Hola, acabei de terminar esse cap. qualquer erro me avisem.. Boa leitura :)

Vizinha, fragmentos de uma criança e anõezinhos?

Camila estava enfiando o cabo, da vara de pescar, no espaço entre duas rochas na beira da água. A lama o sugou da mesma forma que havia devorado seu sapato no dia anterior. E mesmo suada, com o rosto e as unhas cheias de lama, estava satisfeita.

Claro, depois de um pouco de lagrimas e alguns resmungos, tudo havia, meio, que se acertado. E depois de passar um tempo considerável tentando aprender como se pescava, a atividade a ajudou a ficar tranquila. Estar sozinha não parecia mais tão triste, havia certa paz nisso; certa leveza. E, claro, depois de pegar seu primeiro peixe, ele era até grande, as coisas ficaram ainda melhores.

Tudo bem, ela ficou um tempo vendo o coitado se debatendo na lama, o anzol ainda preso na boca, e até tentou juntar coragem para pega-lo e jogá-lo na água de novo, mas ele era tão escorregadio e não parava quieto. E ela já estava ficando com fome. Decidiu que o comeria, imaginou o espanto da mãe quando contasse sobre, resolveu que iria deixar de fora alguns detalhes como: o medo e arrependimento que sentiu quando começou a limpa-lo, que só piorou quando teve que abrir sua barriguinha branca, e a leve repulsa que sentiu enquanto tirava suas entranhas. Ela quase chorou. Mas o coitado já estava morto e ela não deixaria que seu sacrifício fosse em vão.

No meio da bagunça que era sua tenda, achou umas folhas grampeadas com o título: Guia básico, e ilustrado, para Camila não morrer no mato. As vezes sua mãe tinha um senso de humor estranho. E depois de uma rápida olhada no tal "guia" percebeu que ele seria, realmente, útil. Tinha até instruções de como obter água potável, coisa que ela não havia pensando que necessitaria, e, o mais importante, um passo a passo de como lidar com um peixe.

Depois de arrumar suas varas, eram duas, resolveu lavar-se na cachoeira que ficava a alguns metros rio acima. Onde tinha encontrado o tigre, esse que não havia voltado. Porém, antes de partir deu uma conferida nas brasas, que assavam seu peixe, jogou alguns gravetos finos, para o fogo não crescer demais e partiu. Logo anoiteceria.

O sol se punha tingindo o horizonte de vermelho por entre as árvores, era lindo. O dia nem havia acabado e Camila já o considerava o melhor que tinha em muito tempo, aquele céu, os animais e todo aquele ambiente eram tão relaxantes, transmitiam tanta paz. Sendo manipulada ou não, ir para aquele lugar tinha sido uma ótima ideia.

Mesmo longe ela foi capaz de identificar um corpo, grande e de pelos brancos, deitado ao lado das brasas de sua fogueira. Suas orelhas moveram-se em sua direção mas o animal não levantou a cabeça de sobre suas patas.

Camila entrou em sua carraca para guardar suas roupas sujas. Ela estava nervosa, com medo até, não sabia o que esperar do animal, ou o que quer que ele seja. Espiou pela abertura da barraca, ele ainda continuava lá, agora conseguia ver que o pelo branquinho estava sujo e cheio de folhas e pequenos galhos grudados. Parecia que havia rolado na terra vermelha, de onde estava ele também não parecia machucado, e, quanto mais o observava mais daquela paz que estava sentindo ia embora.

- E aí, gatinho? – Ele ergueu aqueles olhos, meio verdes meio azuis, para ela. Camila ajoelhou-se ao seu lado, o animal lhe transmitia tanta tristeza por aqueles belos olhos. Ela não sabia o que fazer. Como se conforta um animal? – Topa dividir um peixe comigo?

Ela lhe acariciou as orelhas antes de ir checar se seu peixe estava pronto. E assim foi sua primeira noite, deu a maior parte de sua comida para o animal e comeram em meio a sua tagarelice sem fim, ele, claro, não emitiu qualquer som diferente de um ronronar. Camila estava satisfeita, ali deitada sob as estrelas e aquele corpo quente ao seu redor. Afinal, o animal era um bom ouvinte e sempre soltavas grunhidos nos momentos certo.

My Kitten {Camren}Onde histórias criam vida. Descubra agora