Prólogo

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Até onde você iria para sobreviver?

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Até onde você iria para sobreviver?

Não me lembro de ter me feito esse questionamento em qualquer outro momento antes, mas com certeza, me faço ele agora. Até onde eu iria para sobreviver?

Algumas pessoas fariam qualquer coisa para ver o sol nascer mais um dia, mas eu, definitivamente, não sou uma delas. Talvez, seja por isso que o homem de aproximadamente dois metros de altura esteja chutando a minha coluna agora, enquanto estou encolhida no canto do quarto sujo, frio e fedorento.

Eu era o maldito exemplo desse bordel. A única que apanhava toda semana, uma procura desesperada por uma saída. Qualquer saída. Era isso que eu tinha que fazer, mesmo que morresse no processo.

Mais uma das minhas fugas tinha sido falha. Eu não o vi chegando quando me esgueirava pelos corredores escuros. Ele me deixou ter esperanças e, quando coloquei meu primeiro pé em busca de liberdade, ele me puxou para trás, me prendeu contra a parede e me desferiu o primeiro tapa. O som ecoou por todo o corredor e eu perdi a audição por alguns segundos e então, suas mãos estavam em meus cabelos enquanto ele me puxava para dentro desse quarto sujo, me jogava no chão e me dava mais uma surra.

Eu sabia das consequências se fosse pega. Eu sabia que, no final da noite, eu terminaria aqui novamente e eu não me importei. E não me importarei de novo quando for tentar mais uma vez. Eu sairia daqui, viva ou morta.

— Merda, Kennan. — A voz grossa dele soa pelos corredores. — Preciso dela inteira.

— A vagabunda aqui tentou fugir. — Kennan rosna, se afastando de mim.

Não quero me mover, então me mantenho estática. As lágrimas já não caem mais. Deixaram de cair entre a terceira e a quarta surra, quando o ódio mortal e o desejo de vingança começaram a crescer em mim.

As lágrimas deram lugar a um sentimento tão profundo e amargo dentro de mim, que por vezes, me perguntei se eu não era muito pior do que isso antes de perder a memória. Todas as noites, ao deitar a cabeça no travesseiro do meu quarto, eu me imaginava matando Kennan das maneiras mais bárbaras possíveis e em todas ela, eu me deleitava com a imagem do seu sangue escorrendo.

Ele era meu primeiro alvo e depois... Hades Grecco.

Eu queria a cabeça dele em uma bandeja de prata. Gastaria todo o dinheiro do mundo para matá-lo.

Quando ergo meus olhos, Hades está me encarando cheio de desdém. Um sorriso debochado cresce em seu rosto e ele me puxa para cima, segurando os meus pulsos com força, me obrigando a estar de pé. Falho por um segundo e seus dedos me apertam com ainda mais força.

— Quando você vai aprender, ratinha? — Ele pergunta, ameaçador. — Quando vai entender que não pode fugir de mim?

— Quando eu estiver morta. — Digo, entredentes. — Se quiser que eu pare, me mate.

Hades dá uma risada alta enquanto me empurra e eu caio novamente no chão, batendo a minha cabeça com certa força na parede. Gemo, pois não estava preparada. Tudo gira por um segundo e o enjoo me faz fechar os olhos com força para não vomitar.

— Prepare ela. Tem alguém importante esperando. — Hades diz, por fim.

Seus passos se afastam, ficando cada vez mais longe, até estarem inaudíveis. Kennan se agacha na minha frente e segura meu rosto com força entre seus dedos.

— Você tem sorte de pagarem tanto por você, ratinha. — Ele sorri abertamente, mostrando sua fileira perfeitamente alinhada de dentes. — Você não sabe o que eu vou fazer com você quando tudo isso... você... deixar de ser uma novidade!

— Quando esse dia chegar, vou me matar, Kennan.

— Você já tentou, se lembra? — Ri, o deboche estampado no seu rosto. — Mas é tão incopetente, que sequer conseguiu se matar.

O encaro profundamente nos olhos e ele se afasta, puxando os meus cabelos para que eu me levante. Em pouco tempo, estou sendo arrastada pelo corredor novamente. Eu não tenho nenhuma escolha a não ser ir com ele. 

OBSESSÃO INSANA | LIVRO 01Onde histórias criam vida. Descubra agora