BABY, I'M PREYING ON YOU TONIGHT.

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AMBER.

Ao fim do meu show, retiro a máscara de coelho que usava, entrando no camarim.

Quanto antes eu for embora, mais cedo estarei dentro de uma banheira bem quente, afundada em bolhas de sabão.

Solto um longo suspiro, tirando as botas de salto alto, sentindo meus pés doloridos pra cacete.
Ponho um jeans escuro, com duas blusas quentes, de mangas longas.
Apenas faço uma trança e ponho a touca.

Visto um casaco de pele sintética, quente, e estremeço de frio, calçando meus tênis rotineiros logo em seguida.

Saio da boate após pagar a minha parte do dia, passando também pelo corredor das salas vermelhas, onde ouço alguns sons baixos de gemido.

Nunca cheguei a trabalhar nesse ramo, e apenas danço para os clientes, e espero de verdade não chegar ao ponto de precisar, mas sei que ganharia bem mais.

Ao sair do lado de fora, ainda me sinto com frio. Sinto saudades do clima brasileiro...

Enquanto caminho, percebo que as ruas estão mais vazias e os becos mais escuros.

Nunca trabalho até tão tarde, mas hoje rendeu e eu não podia parar.

Ao passar por um corredor, ouço um barulho de algo caindo.
É um som oco, e eu olho imediatamente para lá.

Para o meu horror, há um homem caído no chão, e há outro em pé, o olhando.

Meu corpo está paralisado, e percebo que há um líquido escorrendo pela garganta do cara.

É sangue! Muito sangue!

Cubro a boca com as mãos, e percebo que o cara que estava de pé, notou a minha presença.

Ele usava uma roupa completamente preta, e usava uma espécie de balaclava, algo mais parecido com um ninja.

Meu corpo não se move, mesmo que eu queira.

— Amber? — uma voz surge, atrás de mim.

— o que?! — olho, vendo um homem.
Ele era alto, e loiro e tinha barba por fazer.
Era o homem de mais cedo, na boate. O cara que colocou dinheiro no meu sutiã.

— desculpe, acho que me confundiu. — digo, olhando para o beco de antes, onde só havia o corpo caído no chão. — tenho que ir! — estou em choque, e finalmente meu corpo reage e eu começo a correr.

Meus sentidos estão aguçados, e eu não estou raciocinando bem. Eu acabei de presenciar um crime! Um crime horrível. Essas merdas só acontecem comigo, não é possível!

Minha cabeça pesa, e eu paro bruscamente, sendo puxada para trás, pelos cabelos.

Caio contra a calçada gelada, sentindo meu corpo todo doer.

— que porra...?! — grito, tentando entender o que aconteceu.

Provavelmente estou pagando por ter presenciado aquela merda que eu com certeza não queria ter visto.

Para a minha surpresa (ou não), havia sido o cara da boate.

Ele aparece em meu campo de visão, e me arrasta pelo cabelo, me jogando contra uma escadaria

— Socorro!!! — gritei, em português, sentindo ele chocar a minha cabeça várias vezes contra o chão.
Uma dor aguda me atinge, e eu me debato.

Ele agarra meu pescoço, e eu tento chutá-lo ou empurrá-lo.

— você não faz idéia de como eu te desejo... — ele diz, enquanto um sorriso desgraçadamente diabólico surge em seu rosto. O empurro com todas as minhas forças, mas não há mudança alguma.

O arranho, e sinto seu sangue contra minhas unhas, mas ele nem se move.
Muito pelo contrário.

Estou ficando sem ar, e meu pulmão arde. Lágrimas rolam pelo meus rosto.
Não posso acabar aqui! Não é possível!

De repente, o aperto em meu pescoço afrouxa, e eu finalmente posso respirar. O corpo do cara cai sobre mim, e eu o chuto para o chão.

Minha garganta está em chamas, e eu começo a tossir, puxando o ar.
Olho ao redor, e nas minhas mãos, há sangue.

O cara está caído no chão com uma faca cravada na cabeça.

Grito, me levantando.
Cambaleio, até apoiar no corrimão da escada.

Em meu campo de visão, o cara de antes, aparece.

Minha respiração falha, e eu me encolho, com medo.

Ele chuta o corpo do homem, o tirando seu braço do caminho, até ficar cara a cara comigo.

— por favor... Eu imploro... — gaguejo, soluçando, em português novamente. — não me mate... — imploro, agora em um inglês mal dito.

O cara, por ser muito mais alto do que eu, precisa se abaixar levemente, para ficar cara a cara comigo.

Seus olhos são em um tom belíssimo de castanho, e eu nunca vou me esquecer daqueles olhos.

Ele tem um olhar cruel e extremamente penetrante sobre mim.

— vá embora. — disse, em inglês.

Balanço a cabeça em forma de "sim", chorando.

Ainda encolhida na parede, tento me desvencilhar de perto dele, mas antes, o cara agarra meu braço.

Ele estica sua mão, e eu sinto minhas pernas falharem, enquanto um vento gélido me atinge.

Essa porra de rua não passa um carro, não?

Ele toca minha bochecha, como se limpasse algo.

— se contar para alguém o que viu... — sua voz é rouca e baixa, em um inglês sem sotaque. — eu vou te achar. Seja onde estiver, te acharei.

Dito isto, ele dá espaço para que eu saia.
Eu apenas começo a correr para sair daquela merda de rua, sem ter se quer um rumo.

𝐌𝐘 𝐑𝐎𝐌𝐀𝐍𝐓𝐈𝐂 𝐊𝐈𝐋𝐋𝐄𝐑| +18Onde histórias criam vida. Descubra agora