A criatura branca

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Um gole sutil na latinha de Redbull;

Uma olhada em volta na praia, com uma curva de 360 graus digna de um puta segurança de shopping;

E então, um suspiro que soou pesado demais para alguém que estava numa resenha.

Não é como se Sasuke não quisesse estar ali. Também não é como se ele quisesse, de qualquer forma.

Fora arrastado, em resumo.

Shikamaru definitivamente estava em sua lista mortal. Sasuke já não sabia mais distinguir os amigos dos inimigos.

Estava odiando todos igualmente.

Já não bastava a semana ter sido horrível. Já não bastava ele ter se perdido na cidade após pegar um metrô, há dois dias. Já não bastava ele ter pegado chuva, perdido as chaves do apartamento e ter brigado com um velho por não se levantar do assento para dar seu lugar espontaneamente.

Porra. Vai se foder. Que inferno!

Ele estava no Rio há mais de um mês e mal havia aprendido o caminho até a padaria. Mas ele descobriu que definitivamente detestava os playboyzinhos da zona sul. Esse é o tipo de coisa que você consegue aprender em menos de dez minutos, e não como não se perder em Botafogo em plena sexta-feira. Porra, ele só queria chegar na lagoa! O que custava o universo, os deuses, os orixás, as entidades, o caralho a quatro tê-lo ajudado?

Muito, provavelmente. Porque na arte de se foder, Sasuke era graduado e dava aula.

— E essa cara aí de quem comeu e não gostou, risadinha?

Ah, claro.

Sasuke virou mais um gole de Redbull, estreitando os olhos em direção ao carioca parado em sua frente.

Naruto estava todo sorridente, com o cabelo molhado e uma bermuda solta da Nike. Aquele sorrisinho de malandro e a marra até no jeito de andar provavelmente arrasava corações.

Tudo bem, ele era bonito. Sasuke admitia.

Talvez não tenha reparado nisso no primeiro momento. Talvez fosse a miopia. Talvez fosse o ódio e o estresse diário... Mas o filho da puta tinha o molho. O drip. O charme. Ele não era só mídia, porra. E foi um saco ter tomado consciência disso. Foi mais deprimente do que quando Sasuke tomou consciência de classe e entendeu o capitalismo.

— Assistir você jogando me deprime. Broxei.

O sorriso cresceu na boca de Naruto. O cara manjava no trampo de sorrir, não se cansava nunca.

— Bora X1, então. Se perder, tu me descola um beijo.

Sasuke fez uma pausa.

Deu mais um gole no energético. Bem devagar.

Então suas sobrancelhas ergueram-se.

— Caralho. Eu me achava atacante, mas pelo visto achei um artilheiro.

Naruto empurrou a franja molhada para longe da testa, com um sorrisinho cínico no cantinho da boca, formando uma covinha na bochecha.

— Ataque de defesa é o que não falta aqui, risadinha.

Sasuke revirou os olhos. E sorriu também. Naruto era terrivelmente bom em fazê-lo sorrir. Parecia um dom infernal distribuído pelo capeta.

— E se eu ganhar?

Naruto arqueou as sobrancelhas ao ouvi-lo perguntar. Não pensou que Sasuke realmente cairia no papinho furado.

— O beijo já vale como prêmio para os dois. Imagina me beijar? Tipo, caralho. Não é pra qualquer um não, meu cria.

Ó, o reverse || NarusasuOnde histórias criam vida. Descubra agora