"Pé na areia, a caipirinha"
"Água de coco, a cervejinha"
"Pé na areia, água de coco, beira do mar..."
— VAMOS, AMOR. 'VAMO CURTIR, BORA PRA BEIRA DO MAR!
Sasuke quase engoliu o copo de caipirinha inteiro.
Inteiro, no caso, se entalar com o vidro e tudo mais.
Enfiou um pedaço de carne na boca e mastigou como se estivesse comendo o pão que o diabo amassou.
O dia estava terrivelmente ensolarado. Ele já se sentia vermelho em níveis catastróficos. Não bronzeava; transformava-se num camarão ao final do dia, tal qual Fiona se transformava em ogra ao pôr do sol.
Um inferno na Terra.
Tacou meio litro de protetor solar na cara e estava — inacreditavelmente — mais branco que o normal. Michael Jackson provavelmente se revirou de inveja no túmulo.
O dia era escaldante. Simplesmente um simulacro de inferno absoluto. Ele podia sentir as costas queimar a cada vez que colocava a cara para fora do toldo.
Havia gente demais.
O que não era, particularmente, um problema. Ele lidava bem com pessoas.
Bem mal.
Mas naquele momento, o problema não era esse. Sasuke estava comendo de graça e não se arrependia — totalmente — de ter ido até ali. Então, não, as pessoas não eram um problema absoluto. O pagodinho estalando na caixinha de som era um xuxu. O pratinho de plástico com churrasco, farofa, maionese, vinagrete e arroz era simplesmente a oitava maravilha do mundo. A piscina era grande e só havia crianças nadando, o que era ótimo. Sasuke odiava ter que lidar com adultos, afinal. E o melhor: bebida de graça.
Tudo perfeito.
Exceto que Naruto estava ali.
Caminhando em sua direção, berrando a letra da música.
Com uma camisa do flamengo deitada sobre o ombro nú, o cabelo molhado caindo um pouco abaixo dos cílios e uma juliet ridícula brilhando no topo da cabeça. Gotículas grossas dançavam sobre os poros, o sol cintilando pelas bordas dos olhos bonitos, iluminando ainda mais o azul vibrante e quase irreal. Ele sorria feito um idiota. Estava segurando uma latinha de Itaipava — e sim, Sasuke julgou isso.
Julgou muito.
— Sasuke! — ele gritou. Isso mesmo: gritou. Bem alto, sobrepondo a música — Não creio que é tu mesmo! Caralho! Que coincidência, mermão!
"SAXQUE"
Sasuke revirou os olhos, se encolhendo ainda mais naquela toalha, o corpo suavemente trêmulo e molhado. Queria que ela lhe engolisse de uma vez, mas o pano mal cobria seus ombros largos.
Enfiou mais um pedaço de carne na boca.
— O destino me odeia. Eu meio que já me acostumei.
O sorriso de Naruto aumentou. Sasuke estava começando a pensar que ele sentia prazer em lhe ver sofrer.
Um sádico nato, provavelmente.
Sem ao menos pedir permissão, Naruto se sentou na cadeira e se acomodou à mesa de plástico. Penteou o cabelo molhado completamente para trás com os dedos, afastando as mechas loirinhas da testa. Suas bochechas estavam suavemente vermelhas, e gotas minúsculas se enrolavam entre os cílios loiros, deslizando pelo rosto dramaticamente. Ele desceu a juliet até os olhos e deslizou as costas confortavelmente pela cadeira de plástico, com os braços apoiados nas bordas. A pele bronzeada irradiava um brilho irritante.
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Ó, o reverse || Narusasu
Storie d'amoreDurante o Carnaval daquele ano, Naruto avistou Sasuke Uchiha, um paulista pitélzinho, em meio a um bloquinho em Ipanema. Ele chegou junto, e conseguiu um beijo do gostosão. O problema foi que Naruto gamou. Com um único beijo! Emocionado? Talvez. E a...