Ficámos a tarde toda ali na conversa. Rodolffo era bom de papo. De papo não, exteriormente era bom em vários quesitos.
- E namoradas? Deves ser um namorador?
- Nem por isso. Ainda há pouco terminei um relacionamento recente. Por isso estava irritado quando tropecei na cadeira.
- Terminaste porquê?
- Falta de confiança. Sabes do baile ontem nos Bombeiros?
- Não sei. Como disse, mudei-me faz pouco tempo. Ainda não estou integrada nos costumes daqui.
- Então, eu gosto de dançar. Era baile de máscaras. Combinei com ela ir ao baile. Iamos chegar separados, só que ela não se mostrou a mim, mas andou a noite toda a vigiar-me.
Conheci uma mascarada. Conversei com ela, dancei e até dei uns beijinhos, mas do nada esfumou-se no ar. Procurei-a, perguntei se alguém tinha visto a direcção que ela foi, mas parece que mais ninguém a viu. Parece sonho, mas seu bem que ela era real. Os beijos foram de verdade.
Rodolffo abriu o telemóvel e mostrou-lhe as fotos.
- Eita que a tua máscara era de tirar o fôlego. Esta é a donzela sumida?
- Sim. Não tem como a encontrar de novo.
- Quem sabe noutro baile.
- Esta aqui era a minha namorada. Tinha como eu saber que era ela? Não tinha. Depois veio reclamar da atenção que dei a esta estranha.
E tu, Juliette? Namorado?- Ah, ah. Eu ainda sou pior que tu. Fui trocada por uma batina
- Explica isso melhor?
- Namoravamos há três anos e ele decidiu ser padre. Deixei-o ir na paz do senhor. - disse soltando uma gargalhada.
- Parece não te ter afectado.
- No princípio fiquei um pouco desiludida comigo própria, mas superei e agora decidi que é só curtição.
- E vieste para Cascais por isso?
- Não. Outros problemas familiares. Decidi vir e procurar trabalho, mas só daqui a três meses. Por agora estou de férias.
- Que óptimo. Privilégios só de alguns. Eu como juiz tenho um mês e olha lá!
- Juiz é? Aqui em Cascais?
- Sim. E tu queres trabalhar em que àrea?
Lasquei-me. Não posso dizer que estou na mesma àrea dele. Não o quero a bisbilhotar a minha vida por enquanto.
- Sou administrativa. Trabalhava numa firma de advocacia.
- Então estás familiarizada com leis?
- Sim. Sei praticamente tudo sobre leis. Modéstia à parte eu sou bem estudiosa.
- Porque não decidiste por um curso superior?
- Fiz administração.
Juliette mente com todas as letras. O meu faro diz-me que ela esconde alguma coisa, mas nem me vou dar ao trabalho de descobrir. Neste momento o meu desejo era encontrar a mascarada, mas até que gostei de passar o dia com ela. Quem sabe não possamos fazer companhia um ao outro.