Rodolffo tinha regressado há poucos meses definitivamente a Cascais. O seu colega juiz de Évora tinha regressado ao trabalho e ele retornou.
Novo ano, nova edição do famoso baile de máscaras dos Bombeiros.
Depois do primeiro baile dos dois em que trocaram o primeiro beijo, nunca mais participaram.
- Amor, vamos este ano de novo?
- E as crianças?
- Eu peço à Marta se ela vem ficar com elas. Vamos só um pouco. Voltamos cedo.
- Está bem. Se a Marta vier, tudo bem.
- Eu não quero que tu vejas a minha máscara. Vais ter que adivinhar quem eu sou.
- Não gosto disso. Se eu vir algum engraçadinho dar em cima de ti, eu saio no soco.
- Não vou deixar ninguém dar em cima de mim.
Tudo foi combinado. Desta vez Juliette não comprou a máscara. Preferiu alugar.
Chegou o dia. Pediu para Rodolffo se arrumar e ir primeiro. Ela iria depois.
Rodolffo não gostou muito da sugestão.A máscara dele
Só depois dele sair é que ela começou a vestir- se. Depois de terminar, chamou um táxi e foi.
Máscara dela
A máscara não era tão arrojada como a primeira, mas não dava para identificar quem a usava.
Entrou no baile e tal como da primeira vez lá estava ele no bar. Desta vez não foi lá. Deambolou pelo salão como que à procura de alguém. Rodolffo terminou a bebida e foi-se aproximando discretamente de cada mascarado. Quando chegou perto dela fez uma vénia. Esta era a sua mascarada, disso tinha certeza.Juliette virou costas, mas ele foi atrás. Ela pediu uma cerveja no bar e ele também.
- Está a gostar do baile?
- Uhm uhm. Bom.
- Concede-me está dança?
Ela aceitou e ele segurou-a pela cintura.
Terminou esta dança, dançaram mais duas vezes e num intervalo entre danças ela desapareceu.Rodolffo procurou no salão e não a vendo saiu a perguntar.
- Alguém viu uma mascarada com a cara toda branca?
- Passou agora mesmo aqui. - disse um jovem de um grupo que estava no exterior.
- Viram para onde foi?
- Em direcção à praia.
Rodolffo seguiu até à praia e logo a avistou descalça à beira mar.
Tirou os sapatos e a máscara facial e foi ter com ela.- Desta vez não tens fuga possível.
- Como é que soubeste tão fácil que era eu? Julguei que ia arrasar de novo.
- Cometeste um pequenino erro. Pequenino, mas que fez toda a diferença.
- Qual?
- O perfume. Eu sinto o teu cheiro a léguas.
- Assim não vale. Bolas para o perfume.
- Mas foi engraçado e desta vez alguém te viu vir para aqui. Estive sempre de olho em ti, não sei como consegues esquivar-te. Agora, vamos voltar para casa que eu quero tirar esta roupa do corpo. Trouxeste o teu carro?
- Não. Vim de táxi para regressar contigo.
Regressaram a casa. A Marta dormia no quarto das gémeas numa cama articulada e estava tudo sossegado.
Rodolffo e Juliette foram para a casa de banho retirar todas aquelas pinturas e tomar um banho. Demoraram umas boas duas horas aproveitando para uma ronda de sexo no chuveiro.
Já na cama, Juliette estava aninhada no peito dele.
- Há três anos imaginaste que poderias estar assim, Rodolffo?
- Quando te beijei a primeira vez, sim. Depois de desapareceres, não.
- Logo ao primeiro beijo?
- Sim. Por isso te procurei desesperadamente naquela noite e ninguém me soube dizer para onde foste.
- Mas o destino encarregou-se de nos juntar.
- Em boa hora o fez. Eu agradeço todos os dias a família que tenho. Não escolheria outra de jeito nenhum.
Juliette olhou para ele e trocaram um longo beijo.
FIM