sol ou chuva.

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15 anos. Aqueles olhos castanhos e doces, um sorriso caloroso e uma gargalhada gostosa. uma sobrancelha sexy arqueada junto do canto da boca ligeiramente levantado para cima quase que formando um sorriso ao me encarar profundamente como se visse todo o meu ser. uma proximidade perigosa e destrutiva. doces mentiras. falsas promessas. sorrisos falsos. segredos. inúmeras personalidades formadas. palavras bonitas. olhares calorosos, ora, olhares frios e cortantes quase que mortais.
Você era uma mistura de tudo isso. Era difícil de distinguir o que era verdade e mentira sobre você.
amigos, por ora. gargalhadas e passeios de bicicleta. as suas palavras dirigidas a mim naquela manhã: 'vou colocar um arco-íris na sua vida'. dois sorrisos estampados com essas encantadoras palavras e uma garota esperançosa e ingênua.
ele a fazia bem, mas também lhe fazia mal. chuva e sol. qual seria o dia quente e ensolarado? E qual seria o dia chuvoso e frio? não sabia. ele era imprevisível. ela sentia um frio na barriga sempre que o via. achava naquela época que isso era bom, até que, anos mais tarde, descobriu que isso não era bom. céu e inferno entravam em conflito quando se tratava dele. ela sempre estava sendo jogado de lá pra cá, ficava sempre entre dias ruins e bons. era assim quando se tratava dele. todo dia falava com ele, ansiava a presença dele, ansiava seu sorriso, as gargalhadas compartilhadas, ansiava os fins de semana para andarem de bicicleta juntos, ansiava as conversas na calçada, ansiava o seu olhar dirigido a ela, ansiava sua atenção, ansiava ver aquelas covinhas se formando ao esboço de um sorriso. tudo parecia doce. ela ignorava o que era ruim. ela só via bondade nas pessoas - especialmente nele -. ele era tudo para ela. e esse era um dos problemas. ele fazia ela chorar de dor, mas a fazia rir também. ele a animava. ele a desanimava. ele era o motivo dela ir à escola. o tempo com ele era precioso pra ela. ele era precioso pra ela.
depois de um tempo, já havia passado pelos 16, 17, e chegaram nos 18 anos juntos. ela confessou primeiro. ele disse que já sabia. ele dizia que também gostava dela. ela ignorou todos esses três anos as coisas que a machucavam. ignorava a pessoa que ele era e o quanto parecia mais egocêntrico, egoísta, mentiroso e narcisista a cada dia que se passava. mas o lado bom dele parecia maior - mas não era -. estava cega demais de fato.
"tem que ter sempre uma opção B" - ele dissera em um dia ensolarado -. "se eu te deixar aqui e ir atrás daquela menina ela vai me querer na hora'' - ele dissera outro dia enquanto uma garota aleatória passava na rua. vinha e ia. aparecia e sumia por meses. ela soube então pela mãe dele que ele estava com a opção B agora. sentiu o estômago revirar, as promessas dançarem ao redor de sua cabeça, as palavras doces, os sorrisos, sonhos, dores, e momentos compartilhados juntos. já não sabia se em algum momento tudo fora verdadeiro. não acreditava em mais nada vindo dele. não sabia se acreditava que chegara a ser verdadeiro, ou se era falso tudo o que acontecera ou ouvira vindo dele naqueles anos em que passaram tempo juntos. e aquele mês que ele afirmara gostar dela? estava com alguém fazia três meses. a outra não sabia nada disso. ele sempre fora um bom manipulador e um bom mentiroso. espalhou por aí que ela havia se iludido, que sempre a vira como amiga. mas ela ouvira as palavras vindo diretamente dele naquele outro dia: eu gosto de você. não estava louca. mas agora, nada mais importava. chorou dois dias. superou em menos de uma semana. sempre quisera fazer várias perguntas, pois queria respostas. mas não conseguiria acreditar em uma palavra dele, então, seria totalmente uma perca de tempo. sorriu ao ver que foi bom isso ter acontecido. pode até ter tido o coração partido naquele momento, mas foi a melhor coisa que lhe já aconteceu. ela encontrara logo depois um amor verdadeiro, sem máscaras, sem mentiras, sem tempestade, sem farsas, sem frio na barriga, sem céu e inferno, sem choro ou dor, apenas um amor de verdade e tranquilidade naqueles braços que a segurara naquele dia que o conhecera. estava livre dele, agora amava alguém. ela merecia isso. merecia algo bom. não queria o anterior de volta após aquela facada no peito. a única verdade que ele disse quando aquele caos acontecera, foi 'você merece alguém melhor'. de fato mereceria. e encontrara alguém melhor. ela agora estava feliz, mas ele não parecia muito satisfeito com a felicidade e amor que ele via que ela havia encontrado nos braços de alguém. independente, ele ainda estava com a tal da "opção B" - como ele chamara um dia -,  e ela não se importava se ele estava bem ou não. se estava feliz ou não. nem queria saber sobre como estavam as coisas na vida dele. ela só se importava com a própria felicidade e com o amor verdadeiro que encontrara. acredito que ele meio que merecia um pouco dos créditos, não é? agora ela estava feliz, e com alguém que amava. livramento. essa é a palavra e foi a melhor coisa ter experimentado dela.

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