🍒 | capítulo nove.

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— Até amanhã!! Bom descanso! — Acenando para seus colegas de serviço, Felicia deixava o estabelecimento ao lado de Minho. Estava silenciosa a maior parte do dia, pensativa. — Tivemos um movimento considerável hoje, você não acha?

Minho dizia enquanto ajitava seu cachecol. A noite estava bem fria, o inverno chegava lentamente com toda sua intensidade. Em poucos dias viria a primeira neve e ele já sentia que seria um período difícil.

— Hm, você pode me adiantar o assunto? — Felicia o tomou ríspida, estava irritada após tentar diversas vezes ao longo dia, falar sobre aquela tal reunião e ser ignorada.

O mais velho se esforçou para não deixar que a vontade de sorrir e dizer que não passava de uma mentira para lhe surpreender fosse maior que seus princípios. Ele respirou fundo, tomando o mesmo tom de seriedade que a garota e apenas negou a vendo revirar os olhos em reprovação.

— Veja... — Tirando de sua bolsa, ele entregou o desenho feito por Hyunjin. A primeira instância Felicia não entendeu até olhar e reconhecer o nome na assinatura, assim, logo seu semblante ia suavizando, e ela não sabia identificar se a bochecha vermelha do mais velho era pelo frio ou se era por timidez. Talvez ambos. — Ele me deixou isso antes de sair do café, elogiou meus olhos.

Minho era um jovem adulto que se privava de mostrar demais o que sentia sobre tudo ao seu redor. Costumava ser um pouco mais sério e de poucos sorrisos mas para aqueles que o conheciam além dos limites daquela cafeteria, sabiam muito bem que sua realidade era um pouco mais palpável. Minho era sensível e observador, gostava de estar só mas odiava a sensação de ser só, tinha grande admiração por arte e usufruía de suas habilidades ao lado das pessoas que conheceu com o tempo. Mas principalmente, compartilhou maior parte do seu eu verdadeiro com Felicia e o ex-namorado.

Minho nunca foi de se deixar conquistar muito fácil. Talvez Felicia tenha sido uma excessão.

— Uau... ele desenha tão bem, não é? Que delicado. Você o agradeceu? — Questionou assim que o devolveu a arte e o viu admirar com um pequeno sorriso antes de guardar. — Sim, eu agradeci. Olha, não é porque ainda não me acostumei com esse play... com seus amigos que vou ser arrogante a esse ponto né?!

— Eu sei que não... — Felicia deu de ombros escondendo suas mãos no bolso do casaco e observou o céu nublado antes de prosseguir. — Você e Chris não tornaram a se ver?

Minho havia mudado sua expressão logo ao ouvir aquele nome.

— Não, decidimos assim, então vai ser assim. — Sem pausas para pensar ele afirmou. — Claro que não dá pra evitar as vezes, nós ainda vamos nos esbarrar até que ele se mude de vez, mas...

— Você ainda gosta dele não é?

— Eu posso lidar com isso, eu não sou uma criança. Já aprendi o bastante. Christopher foi só uma parte da minha história, não é como se eu fosse fingir que não teve importância, mas também agora não vai ser o principal. Ele escolheu me deixar e eu escolhi seguir minha vida.

— Espero que você um dia se sinta melhor para se apaixonar novamente. — Disse distraída.

Minho olhou para a bailarina tentando compreender mas apenas ignorou a fala quando percebeu que já estavam chegando no lugar onde havia reunido seus amigos para surpreende-la.

Uma antiga fábrica abandonada em uma rua sem saída, não costumava ser movimentado por ali tempos atrás mas era um bom lugar. Um espaço ilegal até então e foi invadido pelos artistas de rua, mas depois de algumas arrecadações, conseguiram entrar em contato com o antigo proprietário e comprar o espaço em um bom valor para transformar num pequeno estúdio. Eles costumavam chamar de Galeria, reuniam seus amigos ativistas atuantes da arte, em principal na dança, para levar o sonho de Minho a frente. Ter sua própria crew. E logo abriram pequenas oficinas por valores acessíveis e assim mantinham aquele lugar.

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