XXIV - Não me deixe (especial)

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Capitulo Narrado por Mattheus

Achei que tivesse me atrasado para almoço, mas quando chego no local onde combinamos, Érick não estava lá. Achei um pouco estranho, mas resolvo esperar mais um pouco antes de ligar para ele. De repente, escuto um barulho alto e gritos. Trabalho em um hospital, então corri em direção para o barulho, para ver o que era e se alguém havia sido ferido.

O local de origem daquele barulho, não era longe do restaurante, então fui correndo. Chegando ao local, me deparo com uma multidão em volta do que eu presumi ser um corpo, pois não estava com visão total.

Fui me aproximando, abrindo passagem entre a multidão para me prestar os primeiros socorros necessários. Assim que tenho visão do corpo, meu mundo desabou, o chão sobre meus pés cedeu. Lá estava ele, Érick, com a camisa branca, tingida de sangue. Ele estava consciente.

- Matt – sussurrou ao me ver e abriu um singelo sorriso, lágrimas caiam de seus olhos, encharcando seu rosto.

- Amor, não fale – me ajoelhei perto dele, conferi seu pulso, estava fraco, ele estava pálido. Não podia perde-lo, não agora que tinha acabado de encontra-lo.

O barulho da ambulância cortou meus pensamentos. Alguém ali já deveria ter ligado para a emergência e agradeci mil vezes a pessoa em pensamento. Ouço sirene de polícia também e um policial perguntando a alguém na multidão, o que havia acontecido.

Uma moça jovem, assustada, explicou ao policial o que aconteceu. Ela disse que um rapaz alto, desceu de uma moto sem placa e disparou um tiro contra Érick, a queima roupa. Disse também que não deu para ver quem era o sujeito, pois estava com capacete e uma touca por baixo. Depois disso pegou a carteira e o celular de Érick e saiu com a moto.

Os médicos da ambulância me pediram para se afastar um pouco, para socorrem. Eu apenas saio do caminho deles, mas fiquei ali com ele. Que ficava cada vez mais pálido e mais fraco. Ele estava perdendo muito sangue, podia ser grave.

- M...ath...eu...te...amo...fala para...minha família...que eu...os amo – ele disse com dificuldade, já fechando os olhos. Lágrimas começaram a cair em meu rosto.

- Érick, vai ficar tudo bem. Não dorme, fica aqui comigo, por favor, eu te amo.

Os socorristas o levaram para a ambulância ele ainda estava um pouco consciente, eu entrei junto, não iria abandonar ele nem um minuto. Érick começou a fechar o olhos novamente e virar a cabeça.

-Ele está tendo uma parada cardiorrespiratória – alertou um dos socorristas e começou a fazer a massagem em seu peito e o outro começou a bombear o ar.

***

Não me deixaram acompanhar sua cirurgia. Embora eu fosse residente, não podia acompanhar a cirurgia de alguém muito próximo a mim. Estava sentado na sala de espera, até que vejo a família inteira de Érick chegar, desesperados, sua mãe aos prantos, Guilherme e Michele assustados. Seu pai estava em viagem e ainda não havia retornado.

Assim que dona Pâmela me viu ali sentado, veio correndo em minha direção e perguntou sobre seu filho. Apenas repassei para ela, o que o Dr. André havia me informado.

- Érick tomou um tiro na barriga e foi assaltado, perdeu muito sangue e veio para o hospital fraco – vi sua cara de assustada com a informação e resolvi omitir a parte da ambulância – agora ele está em cirurgia.

- Obrigada meu filho – disse me abraçando e enxugando suas lagrimas.

Ficamos ali na sala de espera, aguardando o Dr. André nos dar alguma informação. Fui liberado do dia de trabalho, então pude ficar ali com eles. A cirurgia já estava ocorrendo a um tempo e não tínhamos mais nenhuma notícia. Finalmente Dr. André aparece na sala de espera para nos informar sobre algo.

- Dr. Como está meu filho?

- Ele está bem, está fora de risco – ele respondeu um pouco aliviado, mas sua cara estava indecifrável.

- Mas – perguntei ao Dr.

- Ele perdeu muito sangue, a cirurgia teve algumas complicações e no momento ele está em coma induzido.

Eu estava mais aliviado em saber que ele estava bem e fora de risco, mas só de pensar nele, deitado naquela cama de hospital, em sono profundo, me dava desespero. Pâmela abraçou seus filhos e chorou silenciosamente.

Me sentei na cadeira e abaixei minha cabeça, lagrimas teimosas, correram por meu rosto. Não suportaria perder Érick, logo agora, um dia depois de eu pedi-lo em namoro. Eu amava ele, mais do que amei qualquer outra pessoa. Me sinto completo perto dele, feliz e quero passar muitos anos ao lado dele, quem sabe envelhecer.

Sinto dona Pâmela sentar no banco ao meu lado e me puxar para um abraço. Ela estava sentindo a mesma coisa que eu e retribui seu abraço apertado. Michele voltou para o trabalho e levou Henrique para casa, deixando apenas eu e minha sogra.

- Pode ir para sua casa descansar – disse Paloma

- Não, estou bem dona Pâmela, se a senhora precisar ir para sua casa arrumar alguma coisa eu fico aqui.

-Imagina, quero ficar com meu filho.

- O sr. Érick já pode ir receber visitas – nos informou a Patricia, que fazia residência junto comigo.

A mãe dele entrou no quarto primeiro, ficou um tempo lá dentro e eu estava ansioso do lado de fora esperando ela. Pâmela saiu do quarto, com os olhos vermelho, de que havia acabado de chorar, mas sua feição estava melhor. Entrei na sala e o vi, deitado naquela cama, com fios ligados em corpo inteiro, uma cânula para respiração e aquele barulho que monitora seus batimentos.

Ele não estava tão pálido como antes, sua cor já estava voltando. Passei a mão seus cabelos e senti meus olhos arderem, devido a lagrimas que se acumularam nele. Deixei um beijo em sua testa.

- Eu amo você, volta logo para mim – sussurrei em seu ouvido.

Até a eternidade! (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora