Unlawful

Fuga pelo esgoto

- Gangue, todo mundo chega aí! - O jovem tatuado havia feito amigos na prisão, mas não era por um motivo bobo, e sim, pela sua fuga, ele havia juntado todos que tinham qualidades que ajudariam no plano, cada um deles foi observado com cuidado, o plano não incluía os tirar de lá, Lamar foi instruído a passar a perna em todos eles, e fugir sozinho. Já com todos ao seu redor, fardados com o macacão de prisioneiro, localizados em um cantinho da quadra em que todos ficavam.

- Escutem bem, eu tenho um plano pra sair daqui, todo mundo. Eu escolhi me aproximar de cada um de vocês por um motivo, seus talentos. Observei cada um dentro de dois meses que estive aqui, agora, estou começando a botar em prática todo o planejamento de fuga. Tenho parceiros lá fora que já me passaram as instruções, e resolvi acrescentar vocês dentro desse plano, é algo crucial. Por favor, passem a visão de vocês. - Todos estavam quietos, concentrados no que Lamar estava falando, quando um cara ri alto.

- Jovem Lamar, é quase impossível escapar daqui, é a pior prisão que você poderia ficar perto quando te pegaram. Os últimos que tentaram sair daqui causaram uma rebelião na ala das celas, todos morreram pisoteados, antes mesmo de começar de verdade a fuga. - Um velho de cabelos longos e pretos, ria do plano de Lamar, como se ele fosse um verdadeiro palhaço.

- Acha que somos tão burros assim? - Lamar olha o velho com uma expressão séria, cruzando os braços. - Vamos conseguir equipamentos com os trabalhos que os policiais nos dão. Vamos passar o plano quantas vezes for necessário, seja o A, o B, o C, ou o resto do alfabeto. Conseguiremos passar a perna nos policiais, e quando o tempo escurecer, antes de chover, iremos escapar sem ser vistos, e iremos ser pegos em carros de fuga, pra ir embora desse lugar. - O jovem falava confiante, cheio de marra, era algo que era difícil ver nos olhos de Lamar.

- Bom...Eu posso conseguir pás, e a gente poderia cavar um buraco até o esgoto e ir caminhando até a linha de trem. Mas acho esse plano o mais difícil que poderiamos escolher. - Um garoto tímido, de cabelos pretos e olhos jabuticaba, se expressava, com um pouco de receio.

- Sabe o que eu acho inteligente? Primeiramente criar uma distração, invadir a ala médica, sair pela janela até a área do helicóptero, e os seus amigos arrumarem um pra gente vazar daqui. - O outro velho resmungava, tirando um papel enrolado do bolso.

- Aqui, isso é uma planta de todo esse lugar, a área médica fica do lado de onde um helicóptero é posicionado, o outro helicóptero é posicionado em cima da sala do diretor geral, o que eu acho mais difícil a gente ter acesso. Podemos nos acidentar e ir pra ala médica, podemos dar o golpe em enfermeiras e políciais, pegamos as roupas deles, e quebramos o vidro com a chave de emergência, assim, atravessamos pra onde o helicóptero se encontra.

- Isso é loucura! - O velho de cabelos longos se posicionava, rindo novamente. - Vocês acham que estamos aonde? em um episódio de prison break? Acorda galera, sair daqui é difícil.

- Se você é um bunda mole, eu não posso fazer nada por você. Todos estão interessados em ir embora daqui, se você vai ficar se fazendo de durão enquanto é um medroso, eu não me importo, pode cair fora. - Lamar encarava o homem, que agora carregava uma expressão séria.

- Ah, e não se esquece que eu tenho amigos lá fora, e que eu passei cada informaçãozinha sobre você pra eles, e eles encontraram toda a sua vida, então se não quiser botar sua filha em risco, eu sugiro que fique de boca fechada. - O jovem se aproximara do cara em sua frente, ficando cara a cara, falando em sussurro perto de seu ouvido.

- Ta, eu vou ficar. Mas arrumem um plano melhor pra não acabarmos pra sempre aqui. - O velho resmungava olhando nos olhos do rapaz que estava em sua frente. Aquilo poderia custar a vida de cada um ali, entretanto, cada um tinha suas cartas na manga, não era atoa que eles estavam sendo escolhidos, e nem mesmo presos. Os presos foram recolhidos para dentro de suas celas, Lamar era colega de um garoto, que aparentava ter uns 19, mas que estava fora dos planos. O jovem pardo encontrava-se em sua cela, desenhando um mapa de fuga, quando o velho de cabelos grandes aparece nas grades da porta.

- Lamar, chega ali! - O velho jogava sua cabeça em direção a sua cela, o jovem logo se levantava segurando o pequeno papel de fuga, que colocara dentro de seus bolsos, o amassando. Já todos reunidos em uma única cela, eles discutiam sobre um bom plano, tinha que ser cuidadosos, pra não acabar nos ouvidos de terceiros, e também pra não falharem.

- Posso estar enganado, mas se conseguirmos soltar o vaso do lugar e aprofundarmos o buraco, dá no esgoto, que se eu não me engano, podemos ir pra uma linha de trem. - O garoto tímido deu sua vez de falar, o resto se encontrava concentrados, imaginando cada passo dos planos citados.

- Eu não repito mais meu plano, vocês pensam em algo e eu participo. - O outro velho se deu a vez de falar.

- Iremos começar a execução do seu plano, Dexter. Se algo der errado antes de irmos, mudaremos o caminho. - Lamar olhava fixamente para o garoto de cabelos pretos e olhos jabuticaba, que logo ficou nervoso.

Os dias na prisão se arrastavam lentamente, enquanto Lamar e sua gangue aguardavam pacientemente a oportunidade de fugir. Finalmente, uma brecha surgiu quando Lamar percebeu que o turno da noite dos guardas era menos vigilante.

Lamar reuniu sua equipe na cela, sussurrando em voz baixa para evitar ser ouvido pelos outros presos. - Consegui arranjar um jeito de conseguir as ferramenta sem chamar atenção, trutas. Mas temos que ser rápidos.

Os olhos da gangue brilharam com a esperança da liberdade enquanto Lamar explicava seu plano.

Dexter, o garoto branco como a neve, ergueu uma sobrancelha. - Eu posso dar um jeito nisso. Consigo arranjar um trabalho aqui na prisão que possa me dar acesso ao armazém, sem chamar a atenção dos guardas.

Lamar olhou para Dexter, surpreso. "Você consegue rápido?"

Dexter sorriu de lado. "Digamos que eu fiz amizades com algumas pessoas meio erradas. Posso conseguir rápido o trabalho."

Com a promessa de Dexter, a gangue se encheu de entusiasmo. Eles só podiam depositar a confiança deles no garoto, ali, era tudo ou nada.

Na noite seguinte, Dexter cumpriu sua promessa, trazendo as pás escondidas habilmente em seu uniforme de prisioneiro. Ele entregou as ferramentas para Lamar com um sorriso de satisfação.

- Consegui as pás - anunciou Dexter, seu tom cheio de confiança.

Lamar assentiu, agradecendo silenciosamente ao colega.
- Boa. Agora vamos começar o plano de verdade.

Os dias se passaram enquanto eles trabalhavam cuidadosamente, cada raspada e batida sendo realizada com cuidado para não alertar ninguém. Durante o dia, eles se revezavam para evitar levantar suspeitas entre os outros presos.

Enquanto Lamar trabalhava para remover o vaso sanitário do lugar, o companheiro de cela observava com curiosidade ele sempre virado para o vaso.

- Porque ta sempre mexendo no sanitário? - perguntou ele, com curiosidade no olhar.

Lamar sorriu, tentando manter a calma. - Apenas um pequeno projeto de melhorias no banheiro. Você sabe como é, precisamos de algo para nos manter ocupados aqui dentro.

O companheiro de cela parecia desconfiado, mas não questionou mais, voltando sua atenção para seus próprios afazeres. Ele parecia inocente, uma aparência de que foi preso pela coisa mais boba que pudesse ter cometido.

Conforme os dias se passavam, o buraco ia se aprofundando, cada vez mais perto da liberdade. Quando acabara o horário do almoço e Lamar e os outros iriam ver o andamento do plano, o companheiro de cela de Lamar estava de frente pro sanitário, que agora se encontrava do lado, com ele encarando o buraco surpreso.

- Vocês estão pensando em fugir? - O rapaz falou alto, logo sendo empurrado contra a parede pelo velho de cabelos longos, que estava com sua mão na boca do homem, a fim de fazê-lo ficar quieto.

Lamar que só observava surpreso e apreensivo, decide dar uma ordem. - Tapem o buraco, rápido! - E assim fizeram, colocaram o vaso no lugar e prenderam ele de volta no chão, antes que os guardas chegassem para verificar a confusão. Eles estavam nervosos, suando frio, pensando no que fazer agora que facilmente o aviso de uma possível fuga de um grupo de prisioneiros poderia acontecer.

- Vamos ter mudanças de plano? - Dexter perguntava, com medo do que iria vir, enquanto o jovem tatuado estava com suas mãos cobrindo o rosto de preocupação, sentando em sua cama.

- Tenho que fazer uma ligação. - Lamar se levantou rápido de sua cama e saiu para fora.