• Capítulo 2 •

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- 11.06.2017 | 08h53 -

      Enquanto eu caminhava até a fila para fazer o pedido, alguém esbarra em mim fazendo com que meu celular caia no chão. Antes que eu pudesse dizer algo, a pessoa que havia tombado comigo se abaixa para pegar o celular e me entregá-lo.
      Era um rapaz alto e misterioso que estava usando uma máscara, o que era estranho devido ao calor. Talvez ele estivesse doente?
   
_Eu sinto muito mesmo, espero que não tenha danificado _diz o rapaz pondo o celular em minhas mãos um tanto envergonhado

_Ah, acredito que não fez por querer _ligo o celular para ter certeza de que está funcionando

_Não, não fiz _ele fala num tom calmo mas posso ouvir uma risada anasalada por trás da máscara_ Sua tela ficou trincada, mas não se preocupe, eu posso reparar o dano _fala o rapaz apontando para a rachadura na tela

_Ah não precisa, já é velho. Eu precisava trocar de celular mesmo _falo guardando o aparelho em meu bolso quando a atendente me chama e o rapaz me acompanha até o caixa

_Então deixa eu pagar seu pedido, como compensação _após alguns segundos pensando eu aceito sua oferta apenas assentindo com a cabeça _Então, o que gostaria? Um expresso? _

_Não gosto de coisas amargas, prefiro um mocaccino _justifiquei enquanto olhava para o cardápio procurando o bolo que minha irmã gostaria de comer

      Não venho nessa cafeteria desde que comecei meu estágio na área do jornalismo, espero que meu humor melhore um pouco mais com uma das minhas bebidas preferidas.
      Logo após o rapaz misterioso fazer os pedidos, nós nos sentamos frente a frente em uma mesa perto da janela que nos dava uma visão dos carros transitando de um lado para o outro.

_Por que não pediu nada pra você também? _

_Eu já estava de saída quando esbarrei em você, mas não queria sair sem te compensar por ter deixado seu aparelho nesse estado _observo o mesmo com ceticismo, percebendo que ele estava incomodado com algo

_É de fora, não é? _pergunto sem rodeios a fim de analisar sua reação

_Como chegou a essa conclusão? _

_Eu te fiz uma pergunta primeiro _pergunto com certo autoritarismo

       Apesar de esperar que o rapaz reagisse de forma negativa e se sentisse intimidado ou ofendido como a maioria, foi muito pelo contrário.
      Eu pude sentir um sorriso se formar por trás de sua máscara já que seus olhos azuis se fecharam um pouco.

_Sim, estou viajando a negócios _

_Além do seu sotaque, você parece perdido no ambiente e talvez tenha problema em lidar com pessoas por conta do seu nervosismo. Foi assim que cheguei a conclusão que você não era daqui _

_Fez uma analogia interessante, você é bem observadora _

_Obrigada, muitos dizem isso _falo sem ânimo algum pra um diálogo mais entusiasmado

      Recebo uma notificação do meu pai indicando que ele já estava pelas redondezas e que apareceria logo. E nada da minha irmã voltar do banheiro.

_Aquela garota desceu pelo ralo? _resmungo aborrecida

_Disse algo? _

_Ah não, é que minha irmã está demorando _justo quando termino de falar eu vejo outra notificação no meu celular, mas dessa vez era da minha irmã

~Bate-papo aberto~

*Ana On-line*

Ana: Já fez os pedidos?

Cadê você? Já faz mais
de meia hora que você
foi ao banheiro

Ana: Então... É que
aconteceu um
imprevisto

O que foi que você fez?
Hein?

Ana: Sabe aquele negócio
de secar as mãos?

Ana como você conseguiu
quebrar aquilo??

Ana: Eu não tive culpa, eu escorreguei e não tinha nada
pra me segurar

Pelo amor de Deus Ana.
Deixa que eu vou
aí te ajudar

Ana: Não precisa,
eu dei um jeito.
Só preciso achar meu anel
prata agora.
Eu perdi quando tirei pra
lavar as mãos.
Daqui a pouco eu volto

*Ana off-line*

~Bate-papo fechado~

_Essa Ana... _levo uma de minhas mãos até minha testa incrédula com a situação


     Quando desligo o celular eu noto que o rapaz mascarado me olhava bastante, como se me conhecesse de algum modo.

_O que foi? _

_Você não é a repórter que apareceu na televisão? No caso, uma das vítimas... _fico surpresa com a sua pergunta

      Não me lembro dos repórteres terem aparecido no local do incidente já que eu estava desmaiada, mas a Ana comentou que ela viu sobre isso nos jornais antes de sairmos do hospital.

_Não acha que é indelicado perguntar isso? _questiono enquanto desviava o olhar para meu mocaccino sentindo um mal estar repentino

_Não foi minha intenção. Eu só te achei familiar. Mas é você, não é? _em silêncio eu apenas confirmo com a cabeça

_Sinto muito pelo seu amigo, toda a situação deve ter sido difícil _

      Após suas falas, eu sinto o ar ser puxado de meus pulmões ao lembrar do ocorrido, em poucos segundos minha cabeça começa a passar um filme do incidente como se eu estivesse vivendo por todo aquele pesadelo de novo.

_E-eu preciso ir ao banheiro _antes que ele pudesse se levantar para me ajudar eu saio às pressas

       Chegando lá eu nem se quer reparo nas pessoas, apenas me apoio na pia do lugar e tento respirar fundo.
       Ao sentir as paredes se fechando ao meu redor, percebi que minhas tentativas de respirar eram em vão quando não senti ar algum preenchendo meus pulmões.

      Minha cabeça estava rodando e eu podia sentir um enjoou vindo. Abro a torneira pra lavar minha mãos que se encontravam cheias de sangue.

_Não quer sair! O que eu faço?! _sinto as lágrimas caírem e se misturarem com a água da pia enquanto lavo as mãos severamente

_Luana!! O que aconteceu?! _como se estivesse sendo puxada para a realidade novamente, eu olho para o lado assustada e vejo minha irmã com uma feição preocupada me chamando

_Tem sangue nas minhas mãos Ana e eu não consigo tirar! Minha roupa está suja... _com a voz embargada, eu me encontrava em desespero e angústia

_Não tem sangue nenhum Luana, vai ficar tudo bem. Você está aqui comigo _ela me abraça forte alisando meus cabelos enquanto nós nos sentamos num canto do banheiro para evitar mais tumulto

_Gente por favor, se afastem, ela precisa respirar _diz Ana ao ver as moças que estavam nas cabines se aproximando

       Algumas mulheres que passaram por nós estavam sussurrando alguma coisa que não consegui indentificar, outras ofereceram ajuda mas minha irmã havia feito um gesto dispensando a ajuda e agradecendo logo depois.
       Os minutos pareciam uma eternidade, os mínimos barulhos pareciam me incomodar, era perturbador me sentir fragilizada dessa forma.
       Aquela noite não só levou meu amigo como também uma parte de mim, e depois daquilo meus dias nunca mais foram os mesmos.

•Em Busca da Verdade• {Duskwood}Onde histórias criam vida. Descubra agora