00 | Prólogo

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A vida era boa. Na medida do possível.

Amara Johnson tinha, aparentemente, a vida perfeita.

A família perfeita. Com pais maravilhosos que a apoiaram em todas as suas decisões; uma irmã mais velha que apesar de distante, sempre estava lá quando ela precisava e um irmão gêmeo por quem ela daria a vida.

O emprego perfeito. Sendo uma advogada em uma firma de direito em Nova York, a sócia sênior mais nova na história da Smith Ross.

Os amigos perfeitos. Amigos que estiveram com ela por inúmeras fases e nunca a abandonaram. Eram poucos, mas eram de qualidade.

Ela tinha tudo, isso é, até não ter mais.

Tudo começou em uma sexta feira à noite, ela tinha acabado de sair do serviço e estava dirigindo de volta para casa.

A rua estava tranquila, mas isso era normal naquele horário. O que não era normal era a quantidade de mensagens que não paravam de fazer o celular de Amara apitar.

O barulho era irritante e então, não aguentando mais, ela tirou os olhos da estrada e se inclinou para o banco do lado para pegar o celular e colocar no silencioso.

Foram aqueles cinco segundos de distração que a impediram de ver que um ônibus estava andando na contramão.

E quando ela viu, já era tarde. Tudo que ela podia fazer era tentar, sem sucesso, amenizar o impacto.

A última coisa que ela viu foram os faróis do ônibus e então, tudo ficou escuro.

Ela sabia, com certeza, que aquele momento já não estava mais acontecendo na terra: como mais ela poderia explicar a falta de barulhos, a falta de claridade, a falta de tudo, na verdade.

Ela podia chegar a uma conclusão. Ela havia morrido e por alguma razão, essa seria a vida após a morte dela. Que alegria.

Ela estava morta.

E não morta de cansaço, como era o comum para ela.

Mas morta morta. Morta mesmo.

No entanto, morrer foi uma experiência diferente do que ela imaginava.

Foi rápido, como piscar. Tão fácil quanto adormecer.

Em um minuto, ela estava voltando para casa e no outro, escuridão. Foi anticlimático, na verdade.

Não havia nada para ver. Nada para ouvir. Nada para fazer.

Tudo o que restava era um limbo infinito.

Até que não era.

Agora vocês não podem dizer que eu nunca fui boazinha

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Agora vocês não podem dizer que eu nunca fui boazinha...tomem o agradinho de vocês!

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