sete dias, noah.

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Naquela manhã, Noah acordou com um pressentimento sombrio, como se o destino estivesse à espreita. Como cientista forense experiente, ele estava acostumado a lidar com mistérios e situações tensas, mas nada poderia tê-lo preparado para o encontro naquela cafeteria, onde Alyssa e May o aguardavam como juízes implacáveis.

Noah chegou cedo, escolhendo estrategicamente uma mesa no canto mais escuro da cafeteria. O local estava quase vazio, com apenas alguns clientes perdidos em seus próprios pensamentos. Quando Alyssa e May entraram, Noah sentiu o olhar penetrante deles antes mesmo de se aproximarem. Alyssa, com seu cabelo vermelho como fogo e um sorriso que escondia mais do que revelava, sentou-se de frente para ele. May, ao seu lado, mantinha uma postura calculista e observadora.

— Você chegou cedo, Noah. — disse Alyssa, sua voz carregada de uma doçura falsa.

— Não queria perder tempo. — respondeu Noah, tentando ocultar a inquietação que sentia.

O silêncio que se seguiu foi opressivo. Noah podia sentir a intensidade do olhar de May sobre ele, como se estivesse sendo avaliado em cada detalhe. Alyssa finalmente quebrou o silêncio com uma pergunta direta.

— Então, Noah, como pretende resolver isso? — perguntou ela, o subtexto ameaçador ecoando em suas palavras.

Noah ergueu o queixo, determinado a não se deixar intimidar.

— Quero saber o que vocês querem de verdade. — sua voz saiu firme, embora seu coração estivesse acelerado.

May se inclinou para frente, seus olhos frios e implacáveis.

— O que queremos é simples: dinheiro. Muito dinheiro. O suficiente para compensar o risco que assumimos por sua causa.

Noah engoliu em seco, sentindo o peso das palavras deles sobre seus ombros.

— E se eu disser que não tenho como pagar isso agora?

Alyssa soltou uma risada breve e cortante.

— Ah, Noah, você sempre foi tão previsível. Sabemos que você tem recursos. Sua empresa está crescendo, não é?

Noah sabia que não podia mais esconder a verdade deles. Tentou apelar para o bom senso dos antigos aliados.

— Se eu retirar dinheiro da empresa agora, posso arruinar tudo. E isso não será bom para ninguém.

Alyssa se inclinou ainda mais para frente, seus olhos faiscando com uma mistura de raiva e triunfo.

— Talvez você devesse ter pensado nisso antes de nos envolver em seus esquemas sujos. Agora, é hora de você pagar o preço.

Noah sentiu um nó se formar em seu estômago. Estava encurralado, sem saída à vista.

— Eu posso encontrar uma maneira de conseguir o dinheiro, mas preciso de tempo. Se vocês me derem algumas semanas...

May interrompeu com sua voz afiada.

— Semanas? Não temos esse tempo, Noah. Queremos o dinheiro agora. E se você falhar, divulgaremos tudo. Suas gravações, suas fotos. Será o fim de sua carreira e de sua vida pessoal.

O desespero começava a se instalar em Noah. Ele precisava ganhar tempo, de alguma forma.

— Está bem, eu vou conseguir o dinheiro. Mas preciso de pelo menos uma semana.

Alyssa e May trocaram olhares significativos, como se tivessem uma comunicação silenciosa entre eles.

— Sete dias, Noah. É tudo o que você tem. — disse Alyssa, sua voz agora firme e inabalável.

Eles se levantaram e saíram, deixando Noah sozinho com seus pensamentos e o peso das consequências de suas decisões passadas. Ele sabia que precisava agir rápido, mas cada plano que surgia parecia destinado ao fracasso antes mesmo de começar.

De volta ao trabalho, Noah tentou se concentrar, mas sua mente estava em turbilhão. Cada toque de telefone, cada e-mail recebido, aumentava sua ansiedade. Ele sabia que precisava encontrar uma solução rápida, mas a pressão continuava a crescer.

Naquele dia, seis da tarde, quando Noah finalmente voltou para casa, Sina estava esperando por ele com uma expressão que misturava alívio e preocupação. Assim que ele entrou pela porta, ela não conseguiu conter a onda de emoções que a dominava.

— Onde você estava? — perguntou Sina, sua voz carregada de frustração contida. — Você saiu sem me avisar, Noah. Eu fiquei preocupada.

Noah suspirou, sabendo que tinha causado mais preocupação do que pretendia.

— Eu precisava resolver algumas coisas. Não queria te preocupar mais do que já estava. — sua voz era suave, tentando acalmar a situação.

Sina não parecia convencida. Ela cruzou os braços, seu olhar buscando uma explicação mais satisfatória.

— Não é só isso, Noah. Você sabe que não pode simplesmente sair sem me dizer nada. Nós somos uma família.

Noah sentiu um aperto no peito. Ele sabia que Sina tinha razão, mas também sentia a pressão esmagadora das circunstâncias que o levaram a agir daquela forma.

— Eu sei, Sina. Eu só... eu não sabia como te envolver nisso tudo. Era algo que eu precisava resolver sozinho.

Antes que Sina pudesse responder, a voz suave de Liz, a filha mais nova, interrompeu a conversa. Ela estava parada na entrada da sala, seus grandes olhos castanhos cheios de curiosidade e preocupação.

— O que está acontecendo? — perguntou Liz, sua vozinha carregada de inocência, mas também percebendo a tensão no ar.

Noah e Sina trocaram um olhar rápido, compartilhando um momento silencioso de comunicação. Noah se ajoelhou diante de Liz, tentando encontrar as palavras certas para explicar.

— Papai teve que resolver um problema difícil hoje, Liz. Mas eu prometo que tudo vai ficar bem.

Liz franziu o cenho, como se ainda não entendesse completamente, mas confiava nas palavras de seu pai.

— Você promete?

Noah sorriu, tentando transmitir tranquilidade.

— Eu prometo, querida. Vamos superar isso juntos, como uma família.

Sina se aproximou, colocando uma mão reconfortante no ombro de Noah. Ela sabia que havia uma batalha difícil pela frente, mas também sabia que, enquanto estivessem unidos, poderiam enfrentar qualquer desafio que o destino trouxesse.

— Vamos jantar. Liz, por que você não nos ajuda a preparar algo especial hoje? — sugeriu Sina, mudando o foco para algo mais leve.

Noah deu um beijo na testa da pequena Liz que seguiu saltitando até a cozinha. O moreno se levantou pensando no que iria fazer nos próximos dias para poder cumprir seu dever.

another chance [noah&sina]Onde histórias criam vida. Descubra agora