1 - A primeira vista.

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O som do sino da igreja ecoou por todo o salão, todos que estavam sentados nos bancos se levantaram e fizeram uma pequena reverência ao caixão que era carregado pelos guardas.

Aeloria Bracken, a matriarca da imponente família Bracken, havia partido e com ela veio o que muitos esperavam há muito tempo, a trégua entre as famílias Bracken e Blackwood. Já que antes de partir, Aeloria pediu que em seu funeral estivesse as duas famílias, já que em sua visão essa guerra já estava na hora de acabar.

Aeron estava ao lado de sua mãe, quando as imensas portas de carvalho escuro abriram, de um lado estavam os Blackwood, todos bem vestidos com trajes pretos e pequenos broches de prata com o brasão da família. Thalysia Blackwood, mãe de Davos, veio até onde Aeron estava, ela carregava um sorriso fraco e logo abraçou Aeron e sua mãe.

- Que os Deuses confortem seu coração, Elyndra - Thalysia disse afagando o braço da mãe de Aeron.

O som do piano começou a ecoar por toda a igreja, sinalizando que a família Bracken iria entrar. Thalysia foi caminhando até onde estava sua família e logo foi abraçada por seu marido.

Elyndra foi a que deu início a caminhada, andando firmemente até onde se encontrava o caixão de sua mãe, ela carregava rosas vermelhas em seus braços, mesmo com os olhos brilhando pelas lágrimas a mulher se recusou a chorar ali, esperaria para finalmente poder expressar sua dor quando chegasse em sua casa.

A família Bracken parou a uma boa distância do caixão, o som do piano parecia se intensificar a cada segundo.

Os olhos de Aeron foram para a família Blackwood, no qual todos estavam sérios. Seu estômago se revirou de ânsia, ao ver Davos.

Davos Blackwood, era a personificação da perversidade, seu olhar causava medo até mesmo para os membros do conselho Verde, suas vestes eram escuras o que deixava em destaque sua pele pálida e seu cabelo bagunçado, seus longos dedos eram adornados por anéis de prata e em seu casaco tinha o brasão da família Blackwood porém havia outro brasão, um brasão que a família Bracken repugnava.

Por descuido, o jovem Bracken olhou tempo demais para Davos, por isso teve o desprazer de finalmente encarar olho a olho. Davos estava sério, porém logo ele sorriu, aquele sorriso demoníaco que fazia Aeron temer por sua vida.

Todos se viraram para frente, e então logo atrás do caixão, surgiu o imenso brasão dos Hightower, uma torre escalonada de branco e coroada como fogo em um fundo cinza fumaça.

- Nós iluminamos o caminho! - um dos conselheiros gritou e assim todos os demais da família Bracken também gritaram.

Aeron fitou o brasão e então a compreensão veio a sua mente, sua avó não queria a paz entre as famílias, ela queria a humilhação. Olhando de soslaio, ele viu Davos sorrindo enquanto olhava o brasão e brincava com seus anéis.

A cerimônia ocorreu pacificamente, flores foram depositadas ao caixão e então ao anoitecer ele foi enterrado.

Aeron tomou um rumo diferente de sua família, que naquele momento seguia até o salão secundário da igreja, onde havia uma gigantesca mesa posta com um grandioso banquete.

Ele andou calmamente até o jardim, indo diretamente ao canteiro das rosas e admirando as belas rosas, com cuidado ele pegou uma e a admirou.

- Pensei que um Blackwood preferisse as sombras das próprias árvores. - Aeron diz, assim que senti um perfume diferente, ele nem precisou se virar para saber que era Davos - O que você quer?

- Ah, nada demais. - Davos deu de ombros se aproximando lentamente de onde estava Aeron - Sua família foi bem audaciosa quando fez aquela tosca homenagem a casa do usurpador, digo até que soou bem perigosa.

- Minha avó tem linhagem com os Hightower - Aeron diz enquanto olha ao redor, vendo que estavam completamente sozinhos.

- Podemos ver que a índole vem de gerações passadas - Davos sorriu, pegando um cigarro em seu bolso - Aposto que o conselho Verde adorou fazer aquela homenagem, principalmente aquele que ditou o lema da casa, qual era o nome dele mesmo?

- Theon, ele é apenas um velho babão - Aeron riu ao se lembrar da sua mãe xingando Theon de todas as línguas possíveis quando o mesmo insinuou que poderia se casar com sua filha - Ele é um dos seguidores mais fiéis de Aegon II, mesmo depois de tantos anos, ele acredita e leva a frente a crença que o trono era direito de Aegon e que Rhaenyra que era a verdadeira ursupadora.

- Interessante - Davos falou enquanto parecia perdido em pensamentos.

O silêncio que se instalou entre eles era desagradável por parte de Aeron, que segurava com força a rosa em suas mãos, seus olhos vagaram por todo o jardim e pararam em Davos, que olhava para ele, sem expressar nenhum sentimento.

Em um movimento súbito, Davos levantou sua mão e em um movimento lento, colocou alguns fios loiros do cabelo de Aeron atrás de sua orelha, Bracken sentia seu coração bater descontroladamente em seu peito.

- É uma pena que uma família que esteja em ruínas tenha pessoas com o coração puro- Davos disse e então saiu dali em passos largos, deixando Aeron confuso.

Aeron passou um bom tempo ali sentado na grama, sentindo a brisa fria bater em seu rosto. Até que o garoto escutou um grito alto vindo da igreja.

Ele se levantou e correu para dentro, afoito e curioso, ele adentrou ao salão principal. Seus olhos se arregalaram ao ver o corpo de Theon deitado em frente ao altar, o sangue dele estava espalhado por todo o lugar.

Aeron escutou o burburinho ao seu redor, só então se deu conta que todos estavam ali, olhando curiosos para o corpo.

- Ele foi envenenado. - Um dos guardas disse enquanto analisava o corpo - E depois multilado por uma faca.

A esposa de Theon chorava e se debatia, tentando se aproximar do corpo do marido, porém os guardas a seguravam e depois de breves ordens de Elyndra, eles a levaram para outro lugar.

- Morreu como um súdito fiel de Aegon II. - alguém disse logo atrás de Aeron.

Aeron se assustou ao sentir o toque gentil de sua mãe em seu cabelo, ela sorriu enquanto acariciava o cabelo de Aeron.

- Vamos embora, querido?

- Não vamos esperar os outros?

- Eles que cuidem dessa bagunça - Elyndra disse suspirando - Não me importo com esses idiotas, quero que todos se explodam.

Ambos começaram a caminhar para fora do salão, por instinto Aeron se virou e viu ao longe Davos. O mesmo estava em uma espécie de camarote da igreja, apoiado no parapeito brincando com seus anéis, suas mãos estavam completamente sujas de sangue porém ele parecia não ligar. O mesmo colocou e tirou o cigarro de sua boca, assoprando a fumaça e logo depois sorrindo enquanto via a cena logo abaixo de si.

Era cômico para Davos.

Depois de um longo tempo embaixo do chuveiro, Aeron saiu se sentindo um pouco relaxado. Ele vestiu seu pijama e se deitou, observando a penumbra do quarto até que suaves batidas fizeram ele se sentar em sua cama.

Era sua mãe.

- Posso dormir com você? - ela tinha os olhos vermelhos e estava com seu pijama amarrotado.

Sem dizer nada, Aeron empurrou suas cobertas e deixou com que a mulher se acomodasse ao seu lado, com cuidado ele abraçou Elyndra e fez um leve carinho em seu cabelo.

Ele se lembrava de quando era criança, quando caía ou brigava com seu irmão, era sua mãe a quem ele recorria. Passava horas agarrado a ela, como um bebê coala. E ela, segurava ele fortemente em seu colo, cantando uma canção de ninar e dizendo que amava seu pequeno Bracken.

- Eu te amo, mamãe - ele sussurrou deixando um beijo leve nos cabelos da mulher.

Sem correção.





i wanna be yours // Aeron and Davos Onde histórias criam vida. Descubra agora