P.o.v. Pedro
Até então eu tinha achando Jão bastante divertido com todas as suas piadinha bissexuais, só naquele momento que me toquei que podia estar dando em cima de mim.
Às vezes é o jeito dele de chegar em alguém, apesar de ser meio esquisito.
Apesar de ser uma constatação bem estranha, o fato era que o cara bonito e lega que eu conheci na festa não era hétero e possivelmente ficaria comigo, não tenho porque deixar uma oportunidade dessas passar.
Logo, decido entrar no jogo dele, afinal, ele não é o único bissexual orgulhoso aqui.
Pedro: — To vendo que você tem muito orgulho de ser bi, hein?
Jão: — É necessário, ainda mais em uma cidade como essa, é importante a gente não se esconder.
Pedro: — Realmente, — Me aproximo. — Sabe, eu concordo bastante com seus pontos.
Jão: — Ah, é?
Pedro: — Inclusive, já que você já beijou uma mulher hoje, não ta querendo beijar um homem pra validar sua carteirinha bi? — Brinco, ele ri e umidifica os lábios, tenho certeza que já entendeu a onde eu quero chegar.
Jão: — É importe né? Senão a central da sexualidade vai cancelar minha assinatura... — Anda rindo, ele toca meu queixo, aproximando o rosto ainda mais do meu. — Está interessado em me ajudar?
Pedro: — Tenho que manter a minha invicta também, logo, acho uma troca justa... — Sussurro.
Ele ri contra meus lábios mais uma vez antes de finalmente uni-los aos seus.
É um beijo bem mais doce e suave do que eu esperaria da situação, mas ainda assim, soa extremamente adequado, o encaixe é tão perfeito que o beijo intensifica o ritmo aos poucos e é incrível.
Quando nos afastamos, Jão solta outro riso suave e genuíno contra minha boca, eu repito o gesto, tem algo de muito certo acontecendo aqui, não sei explicar.
Antes que qualquer um de nos diga alguma coisa, voltamos a nos beijar, até que somos interrompidos pelo celular do Jão vibrando.
Jão: — É o Zebu. — Ele diz, — Deve estar querendo ir embora já.
Pedro: — Então... devemos procurar por eles? — Digo, mas não me esforço pra esconder minha decepção.
Jão desliga a tela do aparelho e me olha.
Jão: — Acho que eles podem esperar um pouquinho.
Voltamos a nos beijar.
P.o.v. Jão
Zebu: — Finalmente! — Zebu brada logo que nos encontramos. — Se perderam for?
Jão: — Se reclamar mais uma vez vai ficar a pé. — Ameaço de brincadeira.
Zebu: — Sim, senhor, — Ele faz sinal de zíper sobre os lábios e todos rimos.
Jão: — Vê como ele é obediente, Marília?— Brinco.
Marília: — Tô vendo. — Ela ri.
Pedro: — Tá tudo certo, Mari? — Pedro pergunta, não vou mentir que achei muito fofo ele ser cuidadoso desse jeito.
Marília: — Sim, Pepe, tudo certo. — Ela sorri e ele sorri em seguida.
Fomos andando os quatro até o meu carro.
Zebu: — Eu vou na frente, como o combinado. — Zebu diz, mas eu protesto.
Jão: — Pode ir atrás, — Digo. — Dessa vez vou te dar essa trégua. — Dou um riso, — Mas estou de olho em vocês, hein?
Pedro: — Eu também estou. — Pedro ri.
Zebu: — Te adoro, Jão!
Entramos no carro e como a casa da Marilia era a mais perto, fomos deixá-la primeiro, e o Pedro que inicialmente ia dormir lá.
Marília: — É aqui. — Ela diz e eu paro o carro. — Obrigado, Jão. — Agradece e em seguida olha para o Zebu. — Quer ficar?
Zebu: — Eu ficaria, mas tá meio tarde para o Pedro andar por aí sozinho.
Pedro: — Sem problemas, Zebu, eu me viro.
Jão: — Fica, Zebu. — Reforço. — Eu deixo o Pedro em casa.
Marília: — Tudo bem pra você, Pepê?
Pedro: — Tudo certo, sim, Mari.
Zebu: — Jão, você é demais. — Ele agradece sorrindo e todos os despedimos.
Mais uma vez sozinhos, e eu o Pedro conversamos mais um pouco.
Pedro: — É... — Ele suspira. — Eles estão muito apaixonados.
Jão: — Você viu? — Rio.
Quando nos aproximamos da casa do Pedro, sinto um leve aperto no peito, não sei se o que tivemos essa noite significou alguma além de diversão pra ele, eu queira vê-lo de novo, mas não queria soar emocionado.
Ainda assim, decido tenta, não tenho tanto assim a perder.
Jão: — Pedro? — Chamo logo que encosto o carro.
Pedro: — Sim, Jão?
Jão: — É... não sei se algo significou pra você nessa noite, mas... eu gostei de você, e pensei que... talvez a gente pudesse se ver outras vezes, se você quiser, é claro... — Digo quase gaguejando, patético.
Pedro sorri e em seguida leva as mãos ao meu cabelo, acarinhando devagar.
Pedro: — Eu também gostei de você Jão. — Diz, meu peito dispara. — E por mim a gente pode, sim, continuar se vendo.
Antes de nos despedirmos, trocamos mais uns beijos.