Um traidor entre nós

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Na sala, deitados no sofá, Ugo Bianchi estava entrelaçado com Isabella, dando-lhe todo o prazer que ela merecia, as velas espalhando uma luz suave e íntima ao redor deles. Era um momento raro de paz, um breve respiro em meio às tensões incessantes da vida de um capo. A respiração de Ugo misturava-se com a dela, cada toque deixava Ugo mais faminto.

O telefone, cruel em sua urgência, irrompeu no silêncio da sala. Ugo praguejou baixinho, mas não pôde ignorar o chamado que poderia alterar o curso dos eventos. Ele se afastou abruptamente de sua esposa, seu olhar sério enquanto atendia a ligação.

— Sim? — Sua voz era um sussurro frio, mas urgente.

Do outro lado, uma voz áspera trouxe notícias sombrias. Ugo ouviu em silêncio, sua mente calculando as implicações das informações. Era uma ameaça direta à sua autoridade e à estabilidade da família Bianchi.

— Prepare o local. Estarei ai em alguns minutos. — Ele disse antes de desligar, sua mandíbula tensa de determinação.

Ugo Bianchi desceu com passos lentos e calculados até os confins sombrios de uma propriedade que a máfia possuía um pouco mais afastada da vila. A atmosfera úmida e fria do local se assemelhava com a intensa serenidade que envolvia Ugo. Seu olhar era uma promessa de tormenta iminente enquanto ele se aproximava do soldado russo capturado, cuja respiração ofegante era a única trilha sonora para o que estava por vir.

O soldado, amarrado a uma cadeira, lançou um olhar de desafio a Ugo, sua expressão uma mistura de raiva e desespero.

—Vocês não vão conseguir nada de mim, seu maldito. — Disse o russo, cuspindo sangue ao mesmo tempo em que falava.

Ugo não respondeu, apenas acenou para seus homens. Eles se aproximaram, sombras em movimento, prontos para executar a vontade de seu chefe sem hesitação. Cada golpe era uma nota de música sombria, os gritos do soldado russo era uma sinfonia de dor projetada para quebrar o espírito do soldado. Não sobraria nada rígido nele.

Os primeiros golpes foram calculados, precisos, destinados a testar os limites da resistência do prisioneiro, que eram fracos. Mas Ugo nunca estava satisfeito com meros sinais de fraqueza. Ele queria a verdade, cada fragmento dela, extraído à força se necessário. Ugo era uma besta indomada, ele gostava de ver o sangue jorrando de seus inimigos.

À medida que a noite avançava, a tortura se intensificou. A cada resposta incompleta, a dor se multiplicava. Os gritos ecoavam pelas paredes emboloradas da sala abandonada, o soldado já era uma massa de sangue e fluidos corporais.

— Quem está fornecendo informações? — Ugo perguntou, sua voz baixa e perigosa. Segurava uma arma de choque encostada na barriga do soldado.

O soldado, agora tremendo e encharcado de suor e sangue, soltou uma risada desesperada.

— Vocês são todos iguais... pensam que podem me quebrar... — Neste momento Ugo deu o primeiro choque.

Os homens de Ugo continuaram impiedosamente, cada golpe uma sentença de dor e terror. A resistência do soldado começou a ceder, sua mente enfraquecida pelo tormento físico e mental, os choques o faziam urrar como se sua vida dependesse daquilo.

— Carrero Villarine... ele que os traiu... — O soldado finalmente soltou, sua voz um sussurro rouco de derrota.

Ugo segurou seu olhar, seus olhos brilhavam com uma intensidade que enviava arrepios pela espinha de qualquer homem. Carrero Villarine não era um nome conhecido para Ugo, mas o impacto das palavras do soldado era claro. Uma traição dentro das fileiras era uma mancha que não podia ser ignorada.

Faltando pouco para o amanhecer, o soldado russo, quebrado e quase sem vida, foi jogado no território russo para levar uma mensagem silenciosa aos seus superiores: a máfia italiana era um leviatã implacável, devorando inimigos com uma ferocidade que ultrapassava os limites da imaginação. A besta era implacável. 

A madrugada pesava como um véu sobre San Giovanni quando Ugo Bianchi deixou para trás os vestígios da tortura e retornou à casa de seu pai. Ainda vestido com o peso da noite, seu pai havia convocado a todos do alto escalão da mafia italiana para um conselho de emergência. Na sala de reuniões, eles se reuniram em um círculo sombrio, os rostos obscurecidos pelas sombras enquanto aguardavam a palavra de seu líder.

Ao centro, Ugo permanecia como uma estátua de autoridade, seu olhar cortante varrendo cada rosto presente.

— Descobrimos um traidor entre nós, começou, sua voz baixa e carregada de um perigo contido. Um soldado russo capturado mencionou um homem chamado Carrero Villarine como o fornecedor de informações aos nossos inimigos.

Uma mistura de choque e desconfiança. Carrero Villarine era um fantasma para eles, um nome sem rosto que agora lançava uma sombra de suspeita sobre a coesão de sua família. Mas era alguém de dentro e precisaria ser descoberto o quanto antes.

— Além disso, continuou Ugo, os russos têm planos claros para expandir seu controle sobre nossos territórios. Eles subestimaram nossa força, mas não nossa vontade de retalhar qualquer ameaça à nossa soberania. — Disse Ugo transparecendo ódio em sua voz.

Os olhares se encontraram em um entendimento silencioso. A ameaça externa dos russos unia-os em um propósito comum: defender o que era deles com sangue e fogo, sem piedade para traidores ou invasores.

— Devemos agir com rapidez e precisão. — Declarou Ugo, seu tom final e autoritário. — Reúnam nossos recursos, nossas melhores armas e vamos caçar e matar o traidor e toda a sua prole, não sobrará sangue dele nesta terra. 

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⏰ Última atualização: Jul 09 ⏰

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Rendida - Forjada em Sangue (Laços da Máfia)Onde histórias criam vida. Descubra agora