Capítulo 6 - Trhee o'clock

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Já eram quase três horas da manhã. Sun e Ongsa já estavam cansadas de tanto olhar números e diversos outros documentos importantes, mas não tiveram nenhum resultado.

- Ongsa, desde quando você abriu o restaurante... o dinheiro simplesmente está desaparecendo. - Sun para um pouco de falar, mexe em seus cabelos e olha diretamente para a mulher sentada ao seu lado. Seu olhar refletia tristeza e raiva misturadas, como se a verdade estivesse óbvia, mas com medo de magoar Ongsa. - A pessoa que retira o dinheiro precisa ter acesso aos dados bancários da empresa. Quem sabe alguém descobriu a senha? Vamos investigar mais. - Dizendo isso, Sun sabia que não estava sendo honesta, ela sabia que só poderia ser o Tom, mas não queria magoar a Ongsa de novo... ela não podia.

- Acho que está ficando tarde, eu preciso realmente ir embora. Não tivemos progresso nenhum hoje, podemos marcar outra reunião lá no restaurante mesmo e aí não preciso te incomodar em sua casa. - Ongsa diz após ouvir a Sun tentar disfarçar sua desconfiança pelo seu marido, mas sem sucesso. Então ela levanta da mesa organizando os papéis na sua frente e deixando-os empilhados.

- Ei, espera! - Sun diz rapidamente - Por que você vai embora? Eu disse alguma coisa? Eu pedi perdão...eu sei que fui precipitada em minhas palavras. Vamos buscar outros suspeitos, vamos pensar juntas, mas... - Lágrimas começam a rolar nos olhos da Sun - não precisa ir embora. Não me deixe aqui sozinha essa noite. Dorme aqui.

- Sun? Por que você quer tanto que eu durma aqui essa noite? Por que você tem ciúmes do Ton? Por que você quis tanto ser sócia do meu restaurante? Por que você falou sobre gostar de mim no banheiro em um jantar de negócios? O que você quer de mim?

- Não é meio óbvio, Ongsa? Ou deve estar bem óbvio, mas você quer fingir que não enxerga. - Sun diz com uma voz de tristeza, além de dor de ser apaixonada por Ongsa e simplesmente não poder fazer nada. - Eu gosto de você. E vi que uma parte de você é aquele restaurante. No primeiro dia que fui lá, eu vi seus olhos brilhando de orgulho de finalmente realizar seu sonho, você trabalha com uma leveza, mesmo que em um trabalho cansativo. Quando te vi pela primeira vez, parece clichê, sei lá, - ela dá uma pausa e se aproxima de Ongsa. Ongsa pode sentir a respiração da Sun em seu rosto, ela via uma Sun envergonhada e em uma vulnerabilidade jamais mostrada durante esses períodos de trabalho. Ela observava Sun com um olhar penetrante. A dona do restaurante sentia o peso das palavras de Sun, mas também algo mais profundo, algo que não conseguia mais ignorar. Ongsa deu um passo à frente, aproximando-se ainda mais. - mas eu me apaixonei por você. Então, como empresária, eu sabia que poderia fazer crescer o restaurante e te ver feliz, eu não ligo para o dinheiro que estou ganhando, eu só quero ver seus rosto feliz em ver que seu sonho está crescendo.

- O que eu quero dizer é... - Sun continua - quando eu vi que tinha algo errado com o dinheiro, eu fiquei preocupada e só pensei em uma pessoa, uma pessoa que eu detesto, me desculpa por ser sincera. - ela respira fundo, limpa algumas das lágrimas que descem pelo seu rosto. - Eu não tenho inveja de você, eu tenho inveja dele ter você. E sem pensar, julguei um cara que está com você desde a adolescência, que é importante para você sem fatos e sem provas. E eu sei que gostar de você não é uma desculpa para fazer isso, eu sinto muito. Você é casada, eu fui desrespeitosa e...

Sun é interrompida por um susto e tremor ao sentir Ongsa agarrá-la pela cintura, puxando-a para um beijo intenso e apaixonado. O choque do contato fez com que Sun recuasse um pouco, mas rapidamente ela se entregou ao momento, correspondendo ao beijo com igual intensidade. As mãos de Ongsa subiram pelas costas de Sun, e com um movimento firme, ela a colocou sentada na mesa. Documentos, que antes estavam empilhados cuidadosamente, foram derrubados no chão, espalhando-se por toda parte. Mas nada disso importava naquele momento. Sun estava completamente envolvida pela paixão e pelo desejo que sempre tentou conquistar. Quando finalmente se separaram, ambas estavam ofegantes. Sun olhou para Ongsa com olhos arregalados, ainda processando o que havia acabado de acontecer.

- Ongsa, eu...- começou Sun, mas foi interrompida por um dedo suave nos lábios.

- Você está se explicando demais. Eu sei, eu sempre soube, eu gosto de você também, Sun. - Um silêncio paira no ar. Ongsa olha para Sun e Sun olha para Ongsa. Elas se encaram por 1 minuto, mas para ambas parecia que o tempo não se movia.

[...]

- Sun? Sun? Acorda. Já são quase três da manhã, você acabou dormindo por cima dos documentos. - Sun olha para Ongsa, acordando sem entender nada. - Não encontrei nada que pudesse ajudar, vi que estava cansada e olhei sozinha. Vamos terminar outro dia? Preciso ir para casa.

- Mas...? O que? Eu estava dormindo? - Sun fica confusa cada vez mais.

- Sim, aliás, não sabia que falava dormindo. Você falou meu nome umas quatro vezes. - Ongsa ri e a Sun fica totalmente corada. - Preciso ir, nos vemos mais tarde no trabalho.

- Calma, você pode dormir aqui, está muito tarde. - Sun levanta seguindo a Ongsa que já estava indo em direção a saída. - O QUE ESTÁ ACONTECENDO? ela grita internamente.

- Não posso, preciso chegar cedo no restaurante amanhã para procurar algo que possa nos ajudar. - Ongsa suspira e fala de maneira desanimada.. - E tem o Ton, né? Preciso conversar com ele.

- Tudo bem, Ongsa. Não vou insistir, mas quando chegar, me avisa por mensagem. - Sun desiste de pedir. Ela ainda precisava entender o que acabou de acontecer. As duas se despedem e Sun volta para casa quando vê o carro da Ongsa partir.

Assim que Sun entrou, ela sentou no sofá passando as mãos pelo rosto e tentando acalmar a respiração. O sonho havia sido tão vívido, tão real. Ela podia quase sentir os documentos espalhados pela cozinha, ouvir o som deles caindo ao chão. Sun se levantou lentamente, ainda atordoada e caminhou até a cozinha.

Lá, tudo estava em ordem, exatamente como ela havia deixado inicialmente quando estava em reunião com a Ongsa. Não havia sinais de um beijo apaixonado na mesa da sua cozinha. Apenas o silêncio usual da casa. Sun suspirou, sentindo uma mistura de alívio e decepção. "Ongsa," murmurou ela para si mesma, o nome saindo com uma doçura amarga por não ser real. Ela sabia que os sentimentos que tinha por Ongsa não podiam mais ser ignorados, mesmo que fossem apenas um sonho. Precisava encontrar uma maneira de lidar com isso, de enfrentar seus sentimentos sem medo.

O sabor proibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora