O sabor proibido

Capítulo 8 - Um tempo

Sun entrou no carro que estava estacionado no espaço privado do restaurante "Sabor do Oriente". Sua respiração estava ofegante, e seus olhos ardiam de tentar manter, em vão, a raiva contida. Ela apertou o volante com tanta força que seus dedos ficaram brancos, e em um acesso de frustração, começou a bater repetidamente no volante, cada golpe ecoando a buzina do carro.

- Droga! Droga! - gritou, sentindo a raiva crescer como uma tempestade dentro dela. Não era dessa forma que queria que as coisas acontecessem. Sim, ela queria beijar a Ongsa, mas não queria que acontece daquela forma e terminado desse jeito, ela estava agindo pacientemente, mas quando viu que os sentimentos da Ognsa aparentava ser o mesmo que o dela, obviamente a beijou de volta com toda paixão que havia contido nesses últimos meses, mas ela estava enganada, não tinha sentimento, não pela parte da sua sócia. Ela deu um soco no painel do carro e em seguida se curvou para frente, segurando a cabeça com as duas mãos, enquanto lágrimas traiçoeiras começavam a escapar.

Ela deu um grito abafado, pressionando a testa contra o volante. O grito parecia uma mistura de raiva, dor e impotência. Sun bateu os pés no chão do carro, como uma criança em um momento de desespero, mas logo ergueu a cabeça, respirando fundo, tentando se acalmar.

"Isso... isso nunca vai acontecer novamente." - murmurou para si mesma as palavras ditas pela Ongsa, os olhos fixos no nada à sua frente, como se tentando convencer seu próprio coração para acreditar e se contentar apenas com a parceria do trabalho. Aliás, ela deveria continuar trabalhando com eles lá?

As palavras de Ongsa não paravam de ecoar em sua mente: "Eu sou casada, eu sou hetero, se continuar desse jeito, irei desfazer a parceria." Sun engoliu em seco, sabendo que desde o momento em que soube que Ongsa era casada, deveria ter recuado. Deveria ter aceitado que era um território proibido, inalcançável. Mas era tarde demais para arrependimentos agora. O que ela sentia por Ongsa havia crescido além de qualquer lógica ou razão, o que a fazia se sentir humilhada, derrotada, ela nunca tinha perdido, sempre teve o que quis, mas dessa vez, a pessoa que ela mais queria no mundo tinha a rejeitado. Será que o beijo fez a Ongsa perceber que realmente não gostava de mulheres?

- Que estúpida! EU SOU UMA ESTÚPIDA! - gritou, agora socando o volante de novo, lágrimas caindo livremente por seu rosto. As gotas escorriam pelo queixo e caíam em suas mãos tremendo de raiva. Sentia-se exposta, vulnerável, como se tivesse sido quebrada em mil pedaços. Após alguns minutos tentando recuperar o controle, Sun passou as mãos pelo rosto, enxugando as lágrimas e dando um suspiro pesado. Olhou pelo retrovisor, observando seu reflexo com olhos inchados e vermelhos, e se sentiu patética. Ela rapidamente pegou uma toalha de papel que mantinha no carro e limpou o rosto, agradecendo mentalmente pela película escura que cobria as janelas.

Determinada a seguir em frente, deu partida no carro. Mas mal tinha avançado alguns metros quando um som de batida na janela direita, lugar do motorista, a fez parar de repente. O coração dela disparou ao ver que era Ton, parado ali, batendo no vidro. Sun apertou os olhos por um instante, lutando contra a vontade de gritar de novo. Parecia que o destino estava pregando uma peça com ela? Por que o Ton estava ali aquela hora? Logo aquela hora. Seu sangue, que estava um pouco mais calmo, voltou a ferver novamente. Mas, tentou respirar fundo, controlando a expressão, e abaixou o vidro devagar. O olhar de Ton encontrou o dela, uma mistura de curiosidade e uma certa superioridade que a fez se sentir ainda mais acuada.

- Sun? Onde você está indo? Achei que hoje iria ficar para resolver as questões das movimentações do dinheiro. Ongsa comentou que você estava muito empenhada nisso - disse Ton, com um sorriso que tentou disfarçar, mas que parecia carregado de suspeitas maliciosas, notou a Sun. A empresária famosa cerrou os dentes, sentindo sua raiva fervendo de novo, mas agora ela direcionava essa raiva para Ton, como uma flecha prestes a ser lançada.