Capítulo 16

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LENA

Ela está roubando minhas roupas. Pelos meus cálculos atuais, ela levou pelo menos quatro camisetas, meu moletom favorito e uma camisa social, até agora. E parece que ela decidiu que precisa de outro moletom para sua coleção. 

— Este vai servir? — Eu pergunto. 

— Sim. Perfeito. — Kara pega o moletom preto que estou segurando, e o veste. 

Eu sei que ela pegou o resto de suas coisas. Denis foi à casa de seu pai há dois dias e trouxe de volta as caixas que sua irmã embalou. 

— Alguma chance de eu conseguir isso de volta? — Eu digo e acaricio seu rosto com as costas da minha mão. 

Ela olha para mim, sorri e balança a cabeça. Minha linda ladra. Eu sorrio, pego seu queixo para inclinar sua cabeça e a beijo. 

— Sisi, Sisi, elas estão se beijando de novo! — Lis grita de algum lugar atrás de mim. — Roby pediu para me beijar hoje e eu disse tudo bem. Ele me beijou na bochecha. Vou dizer a ele para me beijar na boca amanhã. 

Minha cabeça se levanta. Dou meia-volta, caminho em direção à cozinha onde Lis está assistindo Sisi preparar o almoço e me agacho na frente da minha filha. 

— Não beije ninguém, Lis. Você é muito jovem para isso.

— Eu não sou. Vou me casar com Roby. — diz ela, toda séria, e Sisi cai na gargalhada. 

Jesus. Eu não esperava ter essa conversa por mais uma década.

— Por que você quer se casar com Roby? Ele é uma pessoa legal?

— Não, ele sempre briga com outros meninos.

— Então por que você quer se casar com ele, zayka?

— Ele tem dois cachorros e um periquito, mamãe!

— Você gostaria de ter um animal de estimação, Lili? Um peixinho dourado talvez? — Por favor, só não diga um periquito. 

— Eu quero um periquito, mamãe! Por favor, por favor, posso ter um periquito? Sisi, Kara, mamãe disse que eu posso ter um periquito! Podemos ir comprar um periquito agora? Mamãe, quando vamos comprar meu periquito?

Maravilhoso. Eu suspiro.

— Ok. Vamos comprar um periquito na semana que vem, Lis.

— Sim! — ela grita de alegria e começa a correr ao redor da mesa da sala de jantar. 

Há um leve toque no meu antebraço direito. Viro a cabeça e encontro Kara parada ali, me observando com uma expressão divertida no rosto. 

— Você acha que ela vai parar de falar em se casar com Roby quando ela pegar o periquito? — Eu pergunto. 

— Não. — Kara murmura e sorri. 

— É, eu também acho que não.

— Você é uma mãe maravilhosa, — ela gesticula. — Ela tem sorte de ter você.

Eu coloco minha palma em sua bochecha. Ela não tem ideia do quanto suas palavras significam para mim. 

— Lena. — diz Sisi da cozinha. — há uma reunião de pais marcada para amanhã à tarde na creche. Você quer que eu vá?

— Mamãe vai para a reunião! — Lis grita debaixo da mesa. — Mamãe, mamãe, você vai?

— Mamãe vai à reunião, zayka.

— A Kara pode vir? Kara, Kara, você vem com a mamãe?

Eu olho para Kara para encontrá-la me observando.

— Você não precisa ir.

— Eu adoraria. — ela gesticula, inclina a cabeça para o lado, então continua. — Você não gosta de ir para a creche?

Eu toco seu queixo. Não pensei que fosse tão fácil de me interpretar.

— Não.

— Por quê?

— Porque alguns amigos de Lis têm medo de mim.

Ela revira os olhos.

— As crianças podem ser estúpidas às vezes. — Meu cordeirinho. Na maioria dos dias, ela parece muito mais madura do que seus vinte e um anos, mas a verdade é que ela é muito inocente. Se não fosse, provavelmente veria o que aquelas crianças sentem inconscientemente, que deveriam se virar e correrem o mais rápido que puderem no momento em que me virem chegando.

A Marriage with the Máfia - Lena Intersexual Onde histórias criam vida. Descubra agora