DRABBLES | AN ANTHOLOGY OF STORIES | BTS

HAIL TO THE KING | NAMKOOK

Esta drabble pertence à: Gabbieah
TW: morte | angst

DAEHAN, COREIA DO SUL

Afastado do caos urbano, Daehan era uma espécie de reino contemporâneo, embora os costumes e tradições tentassem ser mantidos por aqueles que assumiam o trono.

E falando em trono, Namjoon era o primeiro na linha de sucessão. Um homem jovem, por volta dos trinta anos, com o sonho de ocupar o lugar do pai algum dia.

Não por capricho, e sim porque Namjoon não concordava com os métodos do progenitor. Donghyun era um rei impiedoso, nefasto, derramava sangue para resolver qualquer problema que o atravessasse. Infelizmente – ou não – o homem morreu por um câncer. Ele fez de tudo para lutar contra, mas a doença se mostrou tão agressiva quanto ele, destruindo-o de dentro para fora a cada dia.

Os cidadãos até tentaram disfarçar e mostrar um respeito ao luto dos familiares do falecido rei, mas no terceiro dia após Namjoon tomar posse, as festas começaram, durando por quase uma semana inteira. E ainda que se sentisse um pouco mal com isso, Namjoon foi capaz de apreciar as boas-vindas.

Ele era um lorde. A favor da paz, dos diálogos, da benevolência, misericórdia e caridade. Sempre perambulando pelos arredores com um sorriso largo na face, cumprimentando senhoras e crianças, mesmo que possuísse mais de cinco seguranças mal-encarados em sua escolta.

Namjoon amava colecionar livros de romance, mas também os de aventura, e aos finais de tarde, sentava-se no jardim do palácio para gastar horas lendo, até que alguma obrigação lhe interrompesse.

E assim foi nos primeiros meses de reinado. Tranquilo, com algumas responsabilidades a mais, no entanto, nada que ele já não estivesse devidamente preparado.

Contudo, sabendo da péssima fama de seu pai, Namjoon tinha uma certa ideia de que, em algum momento, contas seriam cobradas por atitudes anteriores, e ele quem deveria ser o pagante. Talvez almas revoltadas clamando por justiça, reinos vizinhos se dando ao luxo de convidá-lo para confrontos – como faziam os primórdios – ou simplesmente alguém com fogo nos olhos, sedento por vingança.

Donghyun fez centenas de inimigos ao decorrer da longa vida, a maioria, grandiosos como ele, mas aparentemente, o maior perigo não estava naqueles que poderiam guerrear de igual para igual, com as mesmas armas, o mesmo exército.

Anos antes, havia um devedor. Um homem, um pai, um ser humano falho, viciado em jogos de azar, mas extremamente devoto à própria família. Donghyun cedeu um empréstimo a ele, com um prazo de pagamento injusto para um comerciante autônomo, mas o plebeu aceitou, uma vez que, era a única maneira de evitar que os filhos e a esposa não tivessem o que comer.

Como já previsto, o prazo não fora cumprido, e então, o homem, desesperado, se ajoelhou diante do antigo rei, implorando por clemência, pedindo com humildade mais alguns meses, enquanto chorava copiosamente sobre os pés frios de calçados luxuosos.

E sim, seu prazo foi estendido. Estendido pela eternidade, quando um único disparo acertou sua cabeça, na frente do filho mais velho, que aguardava um pouco mais afastado, no jardim.

Naquele dia, em seu quarto, Namjoon ouviu o barulho seco do tiro, mas Seokjin, o irmão que não tinha qualquer interesse no trono, o impediu de ir até lá, dizendo que ele não deveria interferir nos assuntos do pai.

Lá fora, também se ouvia os gritos do garoto, abafados pelas mãos ásperas dos guardas, enquanto sofria pelo corpo sem vida do próprio pai, que horas depois, foi jogado em uma mata qualquer, sem direito a sepultamento e mais nada digno.