DRABBLES | AN ANTHOLOGY OF STORIES | BTS

BEFORE WE GO | JIKOOK

Esta drabble pertence à laaymin
Informações da leitura: vampiro x lobo, smut explícito

BEFORE WE GO

Embora Jimin fosse transformado há séculos e soubesse quase que plenamente controlar seus impulsos, tudo que era visceral demais, primitivo demais, vazava de seus poros como uma maldição antiga.

Não deveria ser ele o passional da história, mas, quando se tratava de Jungkook, todo o controle que possuía se desintegrava.

O arrependimento pesou em seus ombros quando olhou ao redor, as presas aparentes, as mãos e as roupas manchadas de sangue, os olhos vermelhos como brasas vivas. Detestava a sensação da culpa o corroendo por dentro. Ele sabia que nenhuma daquelas almas caídas tinha culpa, nem mesmo ele, que havia agido como uma fera selvagem, e nem mesmo Jungkook, por respeitar as leis da própria espécie.

Jimin procurou pelo lago mais próximo ao vilarejo e mergulhou nas águas escuras, tentando lavar cada vestígio escarlate que contava uma história proibida até para os mais corajosos. Foi terrível.

Sozinho e descontrolado, Jimin se sentiu como no dia de sua transformação, quando não possuía domínio ou conhecimento sobre a monstruosidade que se tornara. A água fria o envolvia, trazendo uma sensação de vazio que reverberava dentro de seu peito eternamente adormecido, mas os sentimentos ainda estavam lá, pulsando cruelmente.

Malditos sentimentos.

Estar morto e ainda assim, sentir tanto, parecia uma injustiça amarga, tão injusto quanto roubar a vida daquelas pessoas que sonhavam com o amanhã. Nenhuma delas pediu por aquilo, a maioria desejava envelhecer ao lado dos que amavam, ter filhos, encontrar a felicidade na simplicidade da vida.

Mas por amor, ou talvez pela dor que ele lhe causava, Jimin havia selado seus destinos na eternidade. Um ato egoísta que refletia sua própria existência congelada no tempo.

Se Jungkook soubesse do que fez, o odiaria, talvez?

Mas ele não saberia, estava mais ocupado protagonizando sua cerimônia de casamento com uma ômega.

Quando se conheceram, um ano atrás, Jimin ainda colecionava centenas de preconceitos em relação aos lobos. O cheiro que emanavam era irritante, sempre torcia o nariz quando se aproximava de um. O calor que irradiava dos corpos lupinos, a falta de refinamento em seus modos, o tom de voz sempre áspero, a forma despreocupada como andavam seminus ou se transformaram à vista de todos, sem nenhum pudor.

Jimin os chamava de cachorros loucos.

E foi com esses pensamentos repetidos por séculos que conheceu Jungkook.

Jungkook era o suprassumo dos fenótipos lupinos: músculos perfeitamente esculpidos, olhos amendoados e profundos, uma energia incontrolável que fazia seu corpo suar levemente, realçando o brilho natural de sua pele. Um alfa, de linhagem pura, o mais novo deles e, consequentemente, responsável por guiar e dar exemplo à sua espécie.

Assim como seus irmãos e seu pai, Jungkook deveria encontrar um ou uma ômega para se juntar em não muito tempo. Mas Jimin não se lembrou desse detalhe quando deixou o aroma quente daquele lobo penetrar em suas narinas pela primeira vez.

Deveria odiá-lo, ou pelo menos, se sentir desconfortável na presença dele. Mas foi o completo oposto. Jungkook era o único que o fazia quase sentir-se vivo outra vez.

Jimin poderia dizer que era como se o sangue voltasse a circular por suas veias, como se seu coração, há muito tempo silenciado, batesse novamente, cada vez que o via.