XI

27 3 6
                                    

A lua crescente mal iluminava o terreno baldio enquanto Rubens e Luanne avançavam com passos cuidadosos. O vento frio assobiava entre as árvores, criando uma sinfonia sinistra que fazia o coração de ambos acelerar.

A mata parecia respirar, ondulando como um organismo vivo que se preparava para algo sinistro. O que havia acontecido ali há apenas algumas horas ainda pairava sobre eles como um pesadelo.

Rubens, com os olhos ainda marejados de medo, sussurrou para Luanne:

- Você sentiu aquilo? Aquela..sensação. Era real, não era? Não foi só a minha mente.

Luanne, sua amiga de longa data, tentava manter a calma, mas seus olhos estavam arregalados e a voz tremia.

- El.l..a é real.

- Aquele sorriso... era como se estivesse esperando algo de mim, alguma certa premonição.

- Eu não sei, Rubens. - respondeu Luanne, passando a mão nervosamente pelo rosto pálido. - Mas se a gente não tomar cuidado, aquela coisa pode nos seguir. É como se estivesse nos caçando. E para ela você é a presa maior.

Quando chegaram à entrada da casa de Rubens, a visão das malas espalhadas pelo chão os fez congelar. A mãe de Rubens estava de pé, parada na porta, seus olhos alaranjados refletindo a luz fraca da rua. Ao vê-los, ela virou-se abruptamente e fechou a porta com um baque seco.

- Mãe! - Rubens veio em passos longos e chegando bateu na porta com força. - Mãe, abra! Precisamos falar! É perigoso aqui!

Nenhuma resposta veio. Rubens socou a porta novamente, depois a chutou, seu desespero crescendo.

- Mãe, por favor! Há algo aqui! A coisa que vimos... pode vir atrás de você. É sério!

A casa permaneceu em silêncio, como se não houvesse ninguém lá dentro. Rubens olhou para Luanne, que estava ao seu lado, a expressão preocupada.

- Será que sequer escutou algo que disse? - Rubens desiste com os braços apoiados na porta. Em um último girar da maçaneta.

- Não há mais o que fazer. Ela não vai nos ouvir. Vamos procurar um hotel.

Luanne assentiu, e juntos começaram a caminhar pela rua estranha e deserta. As casas alinhadas pareciam iguais, e o ambiente se tornava cada vez mais opressor à medida que a noite avançava.

Finalmente, encontraram um hotel à beira de uma rua estreita e mal iluminada. O letreiro piscava intermitentemente, lançando uma luz fraca e amarelada sobre o local.

O recepcionista, um homem com uma aparência cansada e olheiras profundas, os entregou as chaves e os acompanhou até o quarto. O hotel era pequeno e os móveis antiquados, mas era o melhor que podiam encontrar àquela hora.

Enquanto Rubens e Luanne se acomodavam, tentavam pensar em uma estratégia para lidar com a garota fantasma. Sentados na pequena mesa do quarto, a luz fraca de uma lâmpada na cabeceira lançava sombras inquietantes nas paredes.

- Precisamos entender o que essa garota quer - disse Rubens, olhando para Luanne. - Deve haver algo que a mantenha ligada a este lugar. Talvez se a gente descobrir isso, poderemos afastá-la.

- Mas como? - Luanne perguntou, sua voz quase um sussurro. - O que a manteria tão ligada a este lugar?

- Pode ser um objeto, uma memória... Ou talvez uma injustiça não resolvida - sugeriu Rubens. - Vamos começar pesquisando a história local, talvez haja alguma pista.

O tempo passou lentamente, e quando finalmente foram para a cama, Rubens tentou adormecer, mas uma sensação inquietante não o abandonava. Em meio à escuridão, ele começou a ouvir sussurros fracos, como se alguém estivesse falando bem perto de seu ouvido.

O Caso de Rosalinne OrssowOnde histórias criam vida. Descubra agora