CP IV

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__  o Camilo o que? _ mil coisas passando pela cabeça de Fernanda, estava a ponto de um colapso nervoso, lutando pra não ter um ataque de pânico, como ela não percebeu?, como foi tão insensível.

__ sim Fernanda!, eu sei tudo que ela fez, e sabe por que eu não fiz nada?, eu sei que não se paga ódio com ódio, porém é olho por olho dente por dente, e como não a ajudei, não iria lhe atrapalhar _ Aníbal disse friamente fazendo Fernanda ter um misto de sentimentos, antes que ela pudesse surta Priscila volta correndo e assustada e todos correm pro hospital.

__ puta que pariu Aníbal, você vai nos mata! _ Fernanda diz assustada enquanto segura o corpo de barbara com força.

__ se eu demora a única pessoa que vai morrer vai se ela _ ele continuava dirigindo, Aníbal não era um homem de muitos sentimentos, mas não seria cúmplice disso, ele nunca aceitou isso, e sempre se culpou por não fazer nada, e bom também era um pouco culpado.

Chegando no hospital levaram Barbara logo, e felizmente só tinha ferimentos superficiais no rosto, e receberia alta de manhã.

__ o que mais sabe sobre a Bárbara? _ Fernanda o pergunta tremendo ainda mais.

__ não muita coisa, só sei que ela matou nossa mãe, e de todas as atrocidades que fizeram com ela na nossa casa _ falou como se fosse a coisa mais normal do mundo.

__ Aníbal, era nossa mãe, como você fala assim da pessoa que te deu a vida? _ Fernanda diz séria com um tom de indignação.

__ infelizmente, ela poderia ter morrido bem antes, ela a maltratava todos os dias, batia nela, queimava suas mãos, ela era um mostro, tratava todo mundo mal, menos você e o boiolinha do Santiago _ Aníbal bufou

__  meu deus, como eu não vi essas coisas? _ Fernanda se sentiu um idiota.

__ você era burra,  era não é!, só percebe o que te convém, só vivia atrás do filho da empregada, "aí mas eu era criança", tinha 10 anos e parecia ter 6, enquanto a gente vivia sofrendo você tava lá vivendo um romance infantil, a Fernanda vai se fuder _ falou a última frase devagar, virando o rosto pra Priscila que vinha com dois copos de água, ela tava conversando com os médicos,

Fernanda ficou calada, ela sabia que ele tinha razão

__ por que dessas caras? _ Pricila indaga curiosa

__ eu só tava passando na cara da princesinha que ela é burra. _ Aníbal mal termina de falar e leva um esporro.

__ não fala assim da sua irmã. _ Pricila o repreende

__ não pri, ele tem razão, eu sou uma idiota, infantil e principalmente burra _ Fernanda fala deixando lágrimas finalmente molharem seu rosto.

__ e mimada, faltou mimada. _ a última coisa que Aníbal faria era consolar sua irmã.

__ ANÍBAL! _ Priscila aumenta o tom, a gente tá em um hospital por favor, não sei o motivo da briga, nem tô entendendo o que tá acontecendo aqui, mas a irmã de vocês tá lá dentro, e ainda tem o Camilo, o que faremos com o Camilo?

__ já chega dessa vez ele vai pra cadeia. _ Aníbal fala farto da situação.

__ e o papai? _ Fernanda finalmente quebra seu silêncio.

__ foda-se o papai _ Aníbal passa a mão no rosto

Um tempo se passa, eram 3 da manhã, Aníbal dormia no ombro de Priscila, ninguém saiu de lá, Fernanda ignorando as 22 chamadas perdidas de seu pai, desde que ele percebeu a ausência dos 4, ela não conseguia dormir, ela chorava quase congelando com o ar frio do ar-condicionado, quando uma enfermeira se aproximou.

__ olá, _ sorriu levantando o rosto de Fernanda a assustando um pouco.

__ calma. _ ela disse serena __ a senhorita Bárbara acordou, tá um pouco inquieta e não para de chamar... Fernanda!, isso esse era o nome, _ Fernanda sentiu seu corpo gelar, mas agora era por dentro.

__ quem de vocês é a Fernanda? _ ela perguntou com uma voz doce e Fernanda não pensou duas vezes antes de quase gritar.

__ eu, ela não percebeu o quanto seus olhos brilharam e o como sorriu boba.

__ vem ela tá te esperando _ a levou até o quarto onde Bárbara se debatia na cama.

__ Calma Linda _ Fernanda corre na sua direção segurando firme sua mão, e ela finalmente fica Calma.

__ Fer.... _ fala fraco

__ eu tô aqui _ faz cafuné no cabelo de Barbara que respirava ainda com muita Dificuldade.

Um tempo depois Bárbara dormiu de novo e logo depois Fernanda também, dormiu sentada na cadeira ao lado da cama, sua mão entrelaçada na de Barbara.

As 8 da manhã e finalmente Barbara acorda sendo uma das primeiras a Acordar, não dá pra explicar o tamanho do susto que ela levou vendo Fernanda do seu lado com sua mão na dela, ela puxou com tanta força que Fernanda quase caiu pra trás.

__ que porra tá acontecendo? _ retomou sua consciência e de brinde sua personalidade.

__ bom dia pra você também. _ Fernanda sorri cansada _ como você tá?

__ eu tô bem, estaria melhor se não tivesse do seu lado _ arqueia uma de suas sobrancelhas.

__ Barbara por que não me contou? _ e finalmente caiu a ficha de Barbara Fernanda já sabia.

__ você se importaria se soubesse?, não brinca comigo Fernanda, não quero migalhas de afeto depois de tantos anos,  não quero que você tenha dó de mim, não preciso da sua piedade, nem nada que você possa me oferecer, você e o vagabundo do Eduardo podem se fuder _ ela falou tão rápido que Fernanda quase não assimilou as palavras.

__ calma, eu sei que fui horrível com você, eu sou horrível, e me sinto culpada, você também me machucou poxa, devia ter pedido ajuda, me contado, confiado em mim, sei lá ter pedido ajuda, ter contado sua história._ Barbara fechou o semblante e disparou a falar.

__ bom minha mãe e meu pai me rejeitaram desde muito pequena, minha mãe me batia todos os dias, e meu pai?, eu tinha que me esconder dele todas as vezes que chegava bêbado, com 5 anos me botaram na rua,lá eu conheci o Artêmio, ele me prometeu uma família e a única coisa que fez foi abusar de mim tanto fisicamente quanto emocionalmente,me colocou em uma vingança que eu não fazia parte, me treinou pra ser tudo menos uma criança, com 12 anos me botou naquele estacionamento, era a segunda parte do plano, quando eu cheguei na sua casa eu fui tudo menos uma filha!, no começo eu pensei em pedir ajuda, mas quando sua família começou a me trata como um animal, eu era saco de pancadas da sua mãe, um brinquedinho pro seu irmão, e um lixo pro resto da família, seu pai?, ele nunca fez nada pra me ajudar, nunca, ele via, ele sabia de tudo, eu simplesmente continuei eu era uma criança, eu era manipulável e sensível, eu morria de inveja quando via vocês brincando livremente, e quando eu tinha que ser sua empregada, quando você pegava todas as minhas bonecas que o Gonçalo me dava porque ele não era meu pai, pode parecer besteira, mas porra eu era uma criança, e eu me odiava por não conseguir te odiar e ter inveja do Eduardo, porque ele você tratava bem, ele você gostava de brincar,  mesmo ele sendo pobre, você gostava de todo mundo menos de mim, e eu, eu te... _ Barbara percebeu o que ia falar enquanto Fernanda ainda processava as palavras enquanto o "e eu, eu te..." Rodava várias vezes na cabeça dele.

__ você o que ? _ Fernanda pergunta por impulso, ela nem se preocupa com as lágrimas descendo pelo rosto.

__ EU TE ODEIO _ gritou com todas as suas forças.

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"Adivinhem que voltou
A Mary voltou
Conte a um amigo
Adivinhem que voltou"

Hasta luego 🇲🇽❤️

Amar você, O Pior dos meus problemas.Onde histórias criam vida. Descubra agora