Terceiro livro da saga A Ordem da Rosa, nessa parte iremos acompanhar Lia em mais uma parte de sua jornada. Tendo que agora lidar com intrigas antigas do passado e uma guerra se deflagrando em várias partes do mundo.
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Uma semana, somente uma semana antes de...
- Lia? - Escuto alguém chamar meu nome me tirando dos meus pensamentos.
Olho em direção ao dono da voz e vejo Ron me encarando confuso, depois que tomamos a decisão de nos separarmos, voltamos todos em silêncio para o palácio. Nos despedimos e fomos cada um para seu quarto, eu tentei dormir, mas o sono não queria me fazer companhia, e toda vez que eu fechava os meus olhos eu via o rosto de todos naquela biblioteca, eu via todos os sentimentos de medo, ansiedade e preocupação que passava pelo rosto de cada um.
Eu não conseguia ficar mais deitada naquela cama, naquele quarto que parecia quente demais, por isso, resolvi andar, vê se o ar fresco da noite acalmava meus pensamentos, não percebi para onde eu estava andando, até me deparar com Ron me chamando com um rosto confuso.
Estávamos em uma das muralhas do castelo, que dava para uma área mais rural da cidade, algumas partes da cidade em que se via algo parecido com um campo de plantação, não como era em nosso vilarejo, mais algo similar, com alguns alimentos que conseguiam sobreviver ao clima de Matmata.
- Não consegue dormir? - Ron me olha recostado na mureta da muralha.
- Não - Me aproximo e para o seu lado observando a paisagem à nossa frente, ele se vira para observar a vista.
Ficamos em silêncio, um do lado do outro observando o campo de plantação e aproveitando a brisa fresca da noite que batia em nossos rostos. Uma cena familiar, segura, que faz minha memória voltar num tempo em que eu era feliz, e não tinha o peso do mundo em meus ombros.
Me permito aproveitar dessa sensação familiar por mais algum tempo, Ron parece fazer o mesmo, sei que temos muito para conversar, vejo em seu rosto a marca do tempo que passou e em seu olhar, o peso da vida que teve.
- Essa vista lembra os campos de nossa casa, de uma forma diferente, menos verde e mais árido, mas tem certa familiaridade com a vista que tínhamos da montanha. - Ron diz olhando para frente.
- Tenho saudades de casa, não voltei para lá desde que parti.
- Não mudou muito, consegui visitar meu pai depois de um tempo no exército, nossa vila continua quase a mesma, Claudete assumiu a cabana e tem mais duas ajudantes - Ele olha para mim agora - Os moradores fizeram uma estátua em homenagem a sua mãe, e sua casa continua preservada, meu pai e Claudete estão cuidando dela.
Olho para ele e saber disso mexe com algo dentro de mim, uma lágrima escapa de meus olhos.
- Por que isso tinha que acontecer com a gente? Eu estou tão cansada... - Ron estende sua mão e delicadamente limpa a lágrima do meu rosto.
- A vida nem sempre é o que imaginamos, ela às vezes machuca, nos coloca obstáculos que às vezes pensamos não ter forças para atravessar - Ele me olha sério, mas então vejo seu olhar se suavizar - Mas ela também pode nos surpreender, e nesse momento, eu sou muito grato por ela ter me trazido você de volta para mim.
