𝙥𝙧𝙤𝙡𝙤𝙜𝙤

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Celeste Gonzalez

19 de maio, 2024
Nova York - EUA 📍

Uma pausa no tempo, um alívio para minha mente, uma fuga da realidade. É o que eu sinto ao aplicar essa agulha em minha veia.

O mundo a minha frente se move e para de cabeça para baixo, da exata forma que acontece toda vez.

Não sei quantas bebidas já tomei, ou quantos alucinógenos já ingeri, mas sei que nesse momento, não há porque me preocupar com minha carreira ou com o que as pessoas irão dizer de mim, e não existe algo superior a essa sensação.

Eu tento fugir, tento escapar, porém todos os caminhos sempre me levam ao mesmo lugar, e não há nada que eu possa fazer para impedir isso. O sentimento de sempre falhar me persegue, e não importa quantas pessoas me aplaudam ou me invejem, eu nunca serei boa o suficiente para me sentir bem, para me sentir competente ou capaz.

De acordo com a minha experiência com a heroína, era para eu estar no meu pico de felicidade, porém não é isso que eu sinto.

Minha visão fica turva, meu coração parece parar, meus joelhos enfraquecem e minha cabeça dói.

Poderia eu lidar com tantas sensações ao mesmo tempo? A resposta é não.

Sinto o impacto das minhas costas com o chão, ouço a bebida, que antes estava em minha mão, se derramar no piso de porcelana.

Escuto a voz de Liza, porém minha língua está dormente demais para eu respondê-la.

Quero me mexer, quero levantar e estar bem, mas eu não consigo, percebo que hoje, acabei exagerando.

Perco minha consciência aos poucos. Antes de desacordar, por um instante, do fundo de meu subconsciente, desejo nunca mais abrir meus olhos.

...

Abro meus olhos lentamente, tenho a visão de minha mãe e meu pai sentados em uma poltrona ao lado da maca onde estou.

Não consigo me recordar do que aconteceu, apenas leves lembranças vem a minha mente.

— Mãe? Pai? — Os chamo e eles olham para mim vindo em minha direção.

— Filha, que bom que você acordou. — Os olhos de minha mãe estão marejados.

— O que aconteceu? Por que me sinto tão fraca? — Olho para a quantidade de fios e tubos conectados a mim.

— Você não se lembra, filha? — Meu pai pergunta e nego com a cabeça.

— Você teve uma overdose, Celeste. Liza nos ligou, ela estava desesperada. — Minha mãe explica e consigo me recordar de alguns momentos naquela noite.

— Me desculpem, eu perdi o controle. — Fito o chão envergonhada.

— Perdeu o controle? Celeste você sabe como as drogas podem acabar com a vida. Você é só uma adolescente, mas imagina daqui uns anos você perdendo sua família, casa, trabalho, tudo por ser uma viciada. — Meu pai está claramente irritado, pois diz com um tom de voz que nunca usou comigo.

𝙁𝘼𝙈𝙀 ✮ - 𝒫𝒶𝒷𝓁𝑜 𝒢𝒶𝓋𝒾Onde histórias criam vida. Descubra agora