𝙁𝘼𝙈𝙀 ✮ - 𝒫𝒶𝒷𝓁𝑜 𝒢𝒶𝓋𝒾

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"Os amigos nos fazem nos sentir em casa. Eu gostaria de estar com eles todo o tempo, porque juntos, lágrimas se tornam risadas e problemas se tornam superações."
— Iza Calcar

Celeste Gonzalez

03 de junho, 2024
Barcelona - Espanha 📍

    O estúdio estava iluminado com luzes fortes, e meu coração batia mais rápido do que eu gostaria de admitir. Victoria's Secret. Eu ainda não acreditava que estava aqui, prestes a fazer o meu primeiro trabalho na Espanha.

    Ao meu lado, Julie, uma garota de sorriso fácil e olhos cheios de determinação, trocava algumas palavras com a maquiadora. Ela parecia tão à vontade, como se tivesse feito isso a vida inteira. Senti um leve aperto no peito, uma mistura de nervosismo e empolgação.

    — Você está bem? — Julie perguntou, se aproximando.

    — Estou, só tentando me acostumar com um país novo. — Respondi com um sorriso fraco.

    — Me contaram que você vem dos Estados Unidos. Vai ser tranquilo. Só lembre-se de respirar e ser você mesma. — Ela piscou, como se já soubesse que, apesar da minha insegurança, eu iria me sair bem. Um conforto estranho tomou conta de mim ao perceber que talvez eu não estivesse tão sozinha nesse mundo novo e impessoal.

    As horas passaram voando, e antes que eu percebesse, o dia estava terminando. As trocas de roupa, os cliques constantes da câmera e a pressão para parecer impecável eram exaustivos, mas também gratificantes. Julie foi um alívio no meio desse caos, me ajudando e me fazendo rir quando eu mais precisava. Acho que encontrei alguém em quem posso confiar... uma amiga, quem sabe.

    Mas à medida que o sol começava a se pôr e eu me despedia do set, o peso de um dia cansativo começou a se acumular. Pedi um carro pelo aplicativo, pois ainda estou sem carro, e não quero incomodar Pedri. 

    Assim que o carro chegou, entrei e cumprimentei o motorista, que tinha um olhar amigável.

    A volta para casa parecia trazer uma lembrança antiga, como se meu passado estivesse me puxando de volta. O brilho das ruas de Barcelona se misturava com flashes de imagens que eu queria esquecer.

    O rosto daquele homem que namorei, que me fez acreditar em suas promessas vazias, surgiu na minha mente. Lembro-me da maneira como ele sorria, como se estivesse no controle de tudo... até que, um dia, ele simplesmente desapareceu. Não sei como, mas consegui sair daquele buraco, apesar de ainda sentir seus ecos dentro de mim.

*flashback*

    A chuva batia suave contra as janelas do apartamento, criando um ritmo lento que contrastava com a inquietação que eu sentia por dentro. Eu estava deitada no sofá de couro preto, enrolada em uma manta, observando o movimento dele pela sala. George — ou "El Toro," como era conhecido por quase todos — estava no celular, murmurando algo sobre um "carregamento" e "cuidado com a polícia". Eu fingia não ouvir, fingia que não sabia o que ele fazia nas ruas de Nova York quando não estava comigo. Ele era o tipo de homem que ninguém ousava questionar.

    Ele era mais velho que eu, e talvez fosse isso que me fascinava tanto no começo. Sua confiança, sua frieza em lidar com situações que me assustariam... No início, eu me sentia protegida por ele, mas com o tempo, essa proteção começou a se parecer mais com uma prisão.

    — Celeste, você vai ficar aí o dia todo? — A voz dele era firme, como sempre. Ele olhava para mim com aqueles olhos que pareciam sempre calcular algo, como se eu fosse apenas mais uma variável na equação da vida dele.