Entre cisnes e sombras.

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Aemond tinha uma amiga de infância chamada Lydhea. Juntos, costumavam dar voltas no jardim do castelo pela manhã. Apesar de suas famílias serem inimigas, a amizade deles sempre foi forte.

Em uma noite fatídica, Lydhea foi encontrada morta em seu castelo em chamas. Aemond ficou atônito com a notícia do falecimento da amiga, perdido em memórias da última manhã que passaram juntos.

— Sabe, Aemond... Acho que somos como cisnes — disse Lydhea, com um sorriso.

— O que você quer dizer com isso? — perguntou ele, confuso.

— Você entenderá com o tempo — respondeu ela, rindo suavemente.

Enquanto Aemond se perdia em lembranças, sua irmã, Helaena, entrou no quarto.

— Sinto muito pela sua perda — disse, aproximando-se da cama e sentando-se ao seu lado.

— O que você faz aqui? — perguntou ele, um pouco ríspido.

— Queria te entregar essa carta que encontrei no meu quarto. É da Lydhea — Helaena tirou uma folha de papel dobrada de um dos bolsos.

— Uma carta? — Aemond olhou para ela, confuso.

— Sim, ela escreveu para você na noite passada. Um corvo me trouxe esta manhã — Helaena sorriu, estendendo a carta.

Ele pegou a carta rapidamente, abrindo-a com cuidado e começando a ler.

"Lembra daquele dia em que estávamos caminhando pelo jardim do castelo? Que eu disse que parecíamos cisnes... É porque os cisnes têm apenas um parceiro por toda a vida..."

— Tem certeza de que foi ela quem escreveu isso? — perguntou Aemond, ainda confuso.

— Sim, por quê? — Helaena também parecia confusa.

— A carta não tem fim, está pela metade — falou ele, aborrecido.

— O quê? Como assim, pela metade...? — ela o encarou, perplexa.

Ele mostrou a carta, e Helaena começou a ler, observando-o.

— Essa é uma frase de um livro. Era o preferido dela — disse, rindo baixo.

— Qual seria o final dessa frase? — Aemond perguntou.

Helaena o encarou, sorrindo levemente.

— E quando esse parceiro morre, eles voam o mais alto que podem e caem para a morte — continuou, ainda sorrindo.

— E o que isso tem a ver comigo e com ela? — Aemond arqueou a sobrancelha.

Helaena fez uma careta, percebendo que ele não havia entendido.

— Aemond, ela gostava de você. Ficou muito triste quando... — hesitou, buscando as palavras.

— Quando...? — ele a encarou, impaciente.

A garota suspirou, decidindo prosseguir.

— Prometa que não contará a ninguém. Eu ouvi nossa mãe conversando com Lydhea ontem. Não ouvi tudo, mas nossa mãe falava sobre ela não poder se casar com você — contou, suspirando.

— Como assim, casamento? — Aemond arqueou uma sobrancelha.

— Não sei, como disse, não escutei bem a conversa — Helaena resmungou.

— Então... será que a morte dela tem algo a ver com nossa mãe? — perguntou Aemond, a olhando.

— Não sei — Helaena fez um bico, insegura.

Nesse momento, Aegon entrou no quarto, visivelmente irritado ao ver os dois ali.

— Vocês ainda não estão prontos?! — exclamou, exasperado.

Os dois se assustaram com a entrada repentina.

— Arrumados para quê? — Helaena perguntou, confusa.

— Hoje tem aquele banquete com toda a família — Aegon resmungou.

— Ah, nossa mãe vai brigar comigo se eu não me arrumar logo — Helaena levantou-se rapidamente, ajeitando o vestido.

— Espero vocês lá embaixo em dez minutos — Aegon disse, saindo do quarto.

— Amanhã conversamos mais, preciso me arrumar — Helaena saiu apressada.

Aemond suspirou, levantou-se e jogou a carta na lareira.

Enquanto Aegon caminhava pelos corredores, sua mãe apareceu ali, de repente.

— Onde estão seus irmãos? — perguntou Alicent, enquanto caminhava pelos corredores.

— Estão em seus quartos. Acabei de chamá-los para descer — respondeu Aegon.

— E por que você não está pronto ainda? — a mulher disse, irritada, puxando a orelha do garoto.

— Ai, isso dói! — resmungou Aegon.

— Vá logo se arrumar — soltou a orelha dele.

— Estou indo — murmurou, seguindo para seu quarto.

— Onde estão nossos filhos? — questionou Viserys.

— Estão se arrumando. Logo descerão — respondeu Alicent, sentando-se ao lado de Viserys na mesa de jantar.

— Olá, papai — disse Rhaenyra, aproximando-se com um sorriso.

— Olá, minha querida filha — sorriu Viserys, abraçando-a.

— Olá, irmão — disse Daemon, sentando-se ao lado de Rhaenyra.

— Olá, Daemon — respondeu Viserys.

Aegon e seus irmãos desceram as escadas, juntando-se à mesa.

— Por que demoraram tanto? — questionou Alicent, olhando para os filhos.

— Desculpe, mãe, acabamos demorando um pouco... — Aegon respondeu.

— Deixe-os, Alicent. Como vocês cresceram, meninos! — Viserys disse, admirando os netos.

— É verdade, estão crescendo rápido — Rhaenyra comentou, rindo.

— E quem é essa pequena? — Viserys sorriu, olhando para a garota, que estava ao lado de seus netos.

Blood in the snowOnde histórias criam vida. Descubra agora