hungry¹

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Eu tenho fome, sempre tive.
Um vazio que nunca se preenche,
um desejo que não se acalma,
uma necessidade que me consome.

As mãos buscam, os olhos caçam,
cada pedaço, cada migalha.
O sabor, o alívio momentâneo,
uma trégua breve, ilusória.

A mente grita, o corpo responde,
em um ciclo que não se rompe.
A culpa sussurra, o prazer efêmero,
um conflito que nunca se resolve.

Eu como para esquecer,
como para lembrar,
como para preencher
o que nunca esteve lá.

Entre bocados e suspiros,
perco-me em pensamentos,
em um mar de sentimentos
que a comida tenta calar.

A fome é mais que física,
é um buraco na alma,
uma sombra persistente,
uma tempestade calma.

Ela chega sem aviso,
uma visita indesejada,
e eu cedo, sem resistência,
à sua presença pesada.

Como se os pratos pudessem
trazer paz à mente inquieta,
mas cada mordida, cada gole,
só aumenta a sensação incompleta.

O prazer é imediato,
mas a culpa logo vem,
uma companheira constante,
no banquete do além.

O ciclo é interminável,
uma dança sem fim,
onde a comida é consolo
e também meu motim.

Há dias em que me pergunto
se algum dia irei parar,
se encontrarei outro modo
de essa fome saciar.

Mas até lá sigo assim,
navegando entre desejos,
em um mar de compulsão,
repleto de ensejos.

E nas noites mais escuras,
quando a solidão é fria,
a comida é meu refúgio,
minha falsa companhia.

Mas sei que dentro de mim,
há algo mais profundo,
uma fome por algo
que não se encontra no mundo.

Procuro em cada prato,
em cada receita e sabor,
uma resposta para a fome,
uma cura para a dor.

Mas talvez a solução
não esteja em mais um bocado,
e sim em encontrar a paz
em um coração saciado.

Até lá, sigo a jornada,
em busca de entendimento,
para que um dia, quem sabe,
eu encontre o meu alimento.

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