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"Toc Toc"

No dia seguinte eu estava deitada em minha cama me perguntando como iria voltar para a escola naquela segunda - feira.

Até que comecei a ler, me enfiei embaixo dos meus livros e fiquei pensando no que eu poderia fazer para entrar em um deles e simplesmente abandonar minha vida atual.

Salvar um reino, lutar na guerra, quem sabe até entrar dentro de um guarda roupa estranho e habitar em Nárnia. Quem eu quero enganar ? Sinto falta do Miguel, sinto falta dos meus amigos e estou extremamente chateada e sobrecarregada.

Passei o meu domingo deitada na minha cama, não tomei café, não almocei, a cama parecia confortável. Mais do que parecia ser normalmente para falar a verdade.

Eu estava deitada quando meu pai bateu na porta do quarto e entrou. Senti quando se sentou do meu lado na cama e fez um pequeno gesto de carinho em meus cabelos.

- Você vai passar o dia aqui ? - Perguntou meu pai preocupado, então abri meus olhos.

Lence - Sinceramente, acho que sim. - Respondi sem muito ânimo.

- Sabe, desde dos seus 10 anos que eu me preocupo com você.

Lence - Por que exatamente?

- Por que você deixou de ser minha menininha muito rápido. Quando menos esperei você olhou para mim e disse: "Pai! Eu posso fazer isso sozinha."

Lence - Sabe por que sempre falei isso?

- Por que ?

Lence - Por que vocês estavam sempre ocupados com qualquer outra coisa, seja trabalho, casa, parentes.

- Você se distanciou Lence.

Lence - Vocês me distanciaram, eu afundei em livros, em fotografias, em música, e em tudo que podia me distrair para me lembrar que vocês não estavam aqui.

- Sinto muito, mas fico feliz que não se afundou em drogas e bebidas.

Lence - Ainda não tive a oportunidade. - Ele me tacou uma almofada na cara.

- Você é uma atrevida! - Não pude deixar de rir. - Quero te mostrar uma coisa, levanta dessa cama que o colchão já está ficando com sua marca !

Levantei da cama junto com meu pai, minha camisa do metálica toda rasgada e meu short legging preto combinavam perfeitamente com as meias do Rick and Morty que eu estava usando.

Descemos até a garagem e meu pai abriu um antigo armário que ficava perto das ferramentas do carro. Havia uma pilha com três caixas, cada uma com uma cor diferente.

Nós sentamos no chão da garagem e ficamos conversando enquanto ele abria as caixas, e para minha surpresa havia palhetas, fotos de formatura, e fotos antigas do meu pai.

Ele tinha um cabelo longo, não tinha barba, e usava jaquetas de couro e pilotava uma Harley. Usava um cinto de tachinhas e vários acessórios incríveis da época punk dos anos 80.

Lence - Por que você não se veste mais assim? Caramba que demais!

- Por que eu estou velho, mais velho do que gostaria de admitir.

Lence - Sente falta ? Disso tudo ?

- Claro, a juventude só se vivi uma vez, erre, acerte, magoei, peça desculpas, Se permita sentir todas as emoções.

Lence - Não sou uma decepção para vocês ? ... Vocês sempre quiseram que eu fosse a filha prodígio.

- Lence, eu te amo minha filha. Eu nunca quis que fosse perfeita, apenas que fosse você. Percebi suas mudanças nessa escola nova, mas não deixe de ser você. Você não é um problema, e nunca vai ser. Eu me vejo em você, principalmente nessa juba que você chama de cabelo. - Ele bagunçou meu cabelo e me abraçou em um gesto de carinho.

Meu problema || Miguel Cazarez Mora. Onde histórias criam vida. Descubra agora