| CONTO | L |
Giselle Amaro é uma adolescente brilhante. E mesmo sendo tão prendada e com uma vida aparentemente perfeita, seu mundo começa a ruir quando um perfil anônimo na internet surge espalhando boatos a seu respeito.
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Foi difícil para Gigi convencer os pais de que precisava ir na casa da amiga em plena sexta-feira à noite para finalizar um trabalho importante, mas uma coisa que ela havia aprendido nos últimos anos em suas aulas de debate foi arranjar bons argumentos para conseguir o que queria. Nem sempre dava certo, mas era fácil dominar os pais quando ela mencionava qualquer coisa relacionado ao aumento de suas notas ou boas oportunidades acadêmicas para eles se gabarem.
Gigi fez algumas ondas nos cabelos escorridos, pondo uma tiara branca cheia de pedrinhas que harmonizava com o colete e saia verdes combinando. Terminou de calçar os sapatos, abrindo na conversa com Ben quando chegou uma notificação em seu celular.
— Você está bem arrumada para quem vai fazer um simples trabalho — comentou a mãe de Giselle ao aparecer na porta do quarto da filha de repente, os braços cruzados, levemente desconfiada. — Tem certeza de que não vai a um encontro?
— Encontro? — Gigi sentiu o rosto queimar, torcendo o nariz àquela reação involuntária. — Bobagem.
— De qualquer forma, se ficar muito tarde para voltar, durma na casa da Bibi, ok?
— Certo...
— E venha cedo pela manhã para a sua aula de francês. Consegui o contato da melhor professora particular da região para te ensinar.
— Mãe, eu não...
— Não tem mais, meu bem. — Ela gesticulou, respirando fundo, fitando a filha por alguns instantes antes de completar: — Ter domínio sobre várias línguas é um diferencial para um bom profissional. E você tem que pensar além do cenário nacional para advogar, entende?
— Certo, mãe. — Gigi suspirou, mordendo os lábios.
— Avise quando chegar, ok?
Giselle assentiu, ainda cabisbaixa, quando a mãe se retirou do cômodo.
Advogada? Ela não conseguia recordar desde quando havia concordado com aquilo, afinal, até pouco tempo atrás se lembrava como a mãe ficou orgulhosa pela filha ser elogiada por um dos amigos quando viu os croquis de moda que Gigi criara. Ficou tão feliz com aquilo que Giselle teve uma explosão de inspiração, rabiscando entre um cálculo e outro vestidos dignos do Red Carpet.
Balançou a cabeça, deixando aqueles pensamentos assustadores sobre o seu futuro que nem era tão seu assim de lado, focando no que realmente importava naquele momento. Respirou fundo, despedindo-se da mãe, mandando outra mensagem para Benjamin assim que chegou à portaria.
Varreu o lugar à procura do garoto, murchando um pouco os ombros ao avistá-lo tão mal vestido até mesmo para uma festa.
Ele sorriu, aproximando-se. E também engolindo em seco, meio sem jeito por não conseguir ignorar o quanto sua parceira de vingança estava bonita naquela noite. Benjamin não queria admitir que aquela aproximação súbita de Gigi trouxe à tona sentimentos que antes ele fingia não sentir e guardou o mais profundo que pôde em sua alma, mas era inevitável fingir que aqueles dias não estavam mexendo com o seu coração.
