| CONTO | L |
Giselle Amaro é uma adolescente brilhante. E mesmo sendo tão prendada e com uma vida aparentemente perfeita, seu mundo começa a ruir quando um perfil anônimo na internet surge espalhando boatos a seu respeito.
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Gigi não conseguia decifrar tantos olhares tortos e risadinhas direcionados a ela naquela manhã. Passou todos os primeiros horários sentindo que havia algo de muito errado com o seu uniforme ou cabelo, mas quando perguntou se suas amigas sabiam o motivo de tudo aquilo e elas lhes contaram as novidades, Giselle quase surtou.
Seus passos pelos corredores eram apressados, transparecendo ansiedade e raiva pela nova bomba que ameaçava sua reputação. E o pior de tudo era que ela não podia culpar o desocupado por trás do perfil de fofocas daquela vez. Quem dera fosse...
O culpado dessa vez era Benjamin Wang.
O garoto que ela não suportava e que ironicamente a estava ajudando com aquela missão resolveu agir sozinho, sem compartilhar o plano que estava tramando. Eu vou matar esse idiota, declarou assim que o avistou deitado em um banco do pátio lendo despreocupadamente um mangá.
Ela parou ao seu lado, cruzando os braços. Pigarreou, atraindo a atenção dele no mesmo instante. Ben revirou os olhos, fechando a revista em quadrinhos e cruzando as mãos sobre o peito.
— Diga.
— O que você tem na cabeça?
— Da última vez que fui ao médico, ele me disse que tinha um cérebro bem grande aqui, para a sua surpresa.
— Argh! — Ela sacou o celular, abrindo no perfil da rede social dele e mostrando sua última publicação. — Me explica isso, garoto.
Benjamin espremeu um pouco os olhos para ajustar a visão à claridade do celular, observando o que havia de errado com a foto que ele publicara dele e Gigi crianças abraçados e com pinturas faciais coloridas em alguma festinha do condomínio onde moravam. Na legenda, o garoto confirmava com todas as letras o namoro — falso, importante frisar — que tinha com Giselle, com direito a declaração amorosa fajuta e todos os emojis românticos existentes.
Gigi tremia de ódio ao manter o braço estendido na direção dele. E quando ele levantou os olhos escuros cheios de divertimento e esboçou um sorriso de lado, ela não conseguiu se conter.
A garota arrancou um dos chinelos do pé dele e começou a acertá-lo, xingando-o sem se importar com a opinião alheia, apenas se permitindo extravasar as frustrações em alguma coisa. Naquele caso, dando chineladas em Ben, ainda que não conseguisse usar toda a sua força porque foi impedida pelo professor de biologia que passava ali.
— Me larga! Eu vou matar esse imbecil! — Gigi gritou, tendo ainda mais vontade de continuar descontando sua raiva em Benjamin quando o próprio se levantou do banco, gargalhando enquanto passava as mãos pelas marcas que a garota deixara. — Seu... Seu idiota!
— Giselle, se controle. — O professor ordenou, saindo de perto dela e se ponto entre os dois alunos. O homem que facilmente era o sonho de consumo de toda pessoa apaixonada naquela escola cruzou os braços, alternando o olhar entre ambos. — Os dois podem me explicar o que está acontecendo aqui?
