Sob o Olhar Frio Do Capo-Beta

Capítulo Dois

Evelyn Gashi

"Os monstros não são criados, são revelados. "

Flashback | Anos atrás

Nasci na Albânia e fui criada no berço de ouro da máfia albanesa. Viver nesse mundo me fazia odiar tudo ao meu redor, pois tinha consciência de todas as atrocidades que eles cometiam e me enjoava, e por diversas vezes vi eles cometendo atrocidades contra várias meninas e não podia fazer ou falada. Se pudesse fugir dessa vida, já o teria feito, só o que me segurava ali era a minha mãe e o meu irmãozinho que estava para nascer e ninguém mais. Eu não me importava com meu pai, Patrique, que, era um dos piores monstros que nem sequer deveria ter tido filhos.

Desde o momento em que o desgraçado colocou os olhos em minha mãe, no auge dos seus dezoito anos, e a trouxe para esse país com a promessa de que aqui poderiam viver o amor dos dois em paz, sem interferência dos meus avós, ela veio para essa merda de máfia para ser tratada como saco de pancada. Mamãe morava nos Estados Unidos e seus parentes também eram de lá, mas eu nunca pude conhecer o local por ser prisioneira dessa maldita organização de inferno.

Francine e Patrique se apaixonaram, pelo menos foi assim no começo, isso foi o que ela achava. Naquela ocasião ele se apresentou a família como um empresário estrangeiro, da Albânia, que pretendia abrir uma filial da sua empresa nos Estados Unidos.

Ela se apaixonou por ele, mas seus pais não aceitaram o namoro e após descobrir estar grávida de mim ele acabou a convencer a fugir com ele para Albânia para cidade Tirana onde poderia viver seu amor em paz. Mas assim que desembarcaram no país, não demorou a cair sua máscara e mostrar como ele de fato era, um monstro. Obrigando-a casar, sentenciando a sua permanência nessa merda de organização.

Conforme crescia, tudo desandou, ele foi ficando cada vez mais violento. E ficou ainda pior, depois que minha mãe se rebelou, porque meu pai queria que eu me casasse com o filho do líder da máfia, Frederick Pelivani.

Mamãe não aceitou, claro, e então suas brigas se tornaram constantes, ele batia nela até quase matá-la, cheguei inclusive a presenciar algumas dessas surras. Nessas horas, eu só queria acabar com esse homem, esse monstro nojento, ela acreditou em um conto de fadas, achou que ele era um bom homem que arquitetou todo o plano para ficarem juntos porque seu pai era contra o seu relacionamento.

A verdade é que tudo não passou de uma ilusão, pois nossas vidas eram o verdadeiro inferno na terra, desejava tirá-la desse lugar, mas não sabíamos como fazer. Com o tempo mamãe perdeu o medo de fugir, e após saber que ele havia me prometido ao filho do seu chefe, mesmo contra a sua vontade. Ela então decidiu, mesmo com um barrigão, pois faltavam poucas semanas para ter o meu irmãozinho, que iríamos sair juntas daquele lugar.

Ela convenceu Patrique a ficar perto do hospital, alegando que assim facilitaria na hora do parto e não perderia a criança. Tudo foi planejado para que eu estivesse junto, e não permanecesse sozinha na fortaleza do chefe dele. Alegando que precisava de mim e da minha ajuda para cuidar do bebê.

Foi uma jogada de mestre, não sei como ela conseguiu convencê-lo, porque ele era sagaz, sempre pensando de forma calculada. Nunca deixava que saíssem sozinhas, nem que fosse até a esquina sozinha, nem mesmo com alguém de sua confiança. E por um bom tempo esse era um motivo de briga entre eles. Talvez, por estar sempre nos deixando enclausurada por tempo demais, foi que ela conseguiu uma brecha para que fossemos levadas para um apartamento próximo ao hospital.

Nesse momento, estou aqui rezando para que o amigo dela chegasse logo, para nos levar antes que ele volte e tente me levar, para o fodido do chefe. Desde a mudança, desde que completei doze anos, queria que fosse para a sua fortaleza, alegando que estaria protegida até casamento já que agora era noiva do sucesso dele. Ficar embaixo do seu teto, sob o seu domínio, sinto calafrios em pensar, mas apostaria todas as minhas fichas que o seu intuito é me violentar, só esperaria consolidar casamento, e depois me entregaria de bandeja para o seu filho. E isso é algo que comumente eles fazem.