7. Incerteza.

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A tarde estava tingida de um cinza suave, as nuvens sobre o campo de treino pareciam espelhar as incertezas no coração de Carol. Apesar de ter encontrado forças para conversar com Pri, agora a angústia das consequências a consumia. As palavras que trocou com ela ecoavam incessantemente em sua mente. Pri tinha sido compreensiva, como sempre, mas Carol não conseguia se livrar do sentimento de que, de alguma forma, as coisas entre elas nunca mais seriam as mesmas.

A caminhada de volta para o alojamento foi silenciosa. As duas não se olharam diretamente desde a conversa, e o ar entre elas parecia mais pesado, como se carregasse o peso das palavras não ditas. Carol tentava ler o que Pri sentia através dos gestos sutis — a maneira como ela mexia no cabelo, como mantinha os olhos fixos no chão —, mas tudo parecia um enigma insolúvel.

Quando finalmente chegaram ao alojamento, Pri murmurou um "boa noite" apressado e se retirou para o quarto, deixando Carol sozinha na sala. Carol observou a porta do quarto de Pri se fechar lentamente, o som do clique parecia final e irrevogável. Ela sentiu um aperto no peito, uma sensação de perda que não conseguia explicar. Por mais que Pri tivesse dito que estava tudo bem, que elas poderiam ser o que quisessem ser, Carol não conseguia se livrar do medo de que tinha cruzado uma linha da qual não poderia mais voltar.

Ela afundou no sofá, abraçando uma almofada como se fosse seu único refúgio. As sombras da noite começavam a invadir o ambiente, e a solidão parecia se materializar ao seu redor. Sua mente estava em um turbilhão, lembranças da conversa na praia, das palavras de Roberta e Rosa, das noites em que adormecia ao lado de Pri sentindo-se completamente em paz. Agora, essa paz parecia distante, quase inalcançável.

Carol fechou os olhos, tentando segurar as lágrimas que ameaçavam cair. Ela tinha feito a coisa certa ao ser honesta com Pri, não tinha? Mas então, por que sentia que algo estava se rompendo dentro dela? O peso de suas dúvidas era quase insuportável. Ela precisava de respostas, mas, mais do que isso, precisava de certeza. E isso era algo que ela não tinha.

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Na manhã seguinte, o sol estava escondido atrás de nuvens espessas, e o clima parecia espelhar a melancolia de Carol. Ela se levantou devagar, como se o peso do mundo estivesse em seus ombros, e se preparou para mais um dia de treino. Ao descer para o refeitório, encontrou Roberta e Rosa novamente, mas desta vez, a atmosfera era diferente.

"Bom dia," Carol cumprimentou, a voz rouca pelo choro reprimido da noite anterior.

"Bom dia, Carol," respondeu Roberta, com um olhar atento que parecia ler a alma de Carol. "Como você está se sentindo?"

Carol hesitou, mas sabia que não adiantava esconder. "Confusa," respondeu finalmente, sentando-se ao lado delas.

Rosa, que sempre foi a mais sensível do grupo, estendeu a mão e segurou a de Carol. "Quer conversar sobre isso?"

Carol olhou para as duas amigas, sentindo um nó na garganta. "Eu falei com a Pri ontem," começou, tentando manter a voz firme. "Falei sobre o que estou sentindo, sobre o que aconteceu na praia... e ela foi compreensiva, mas... sinto que algo mudou. Algo que não sei se consigo consertar."

Roberta franziu o cenho, preocupada. "O que você quer dizer com isso?"

"Eu não sei explicar," Carol disse, sua voz falhando. "É como se... algo se rompesse entre nós. Não nos falamos direito desde então. Parece que ela está me evitando, ou talvez eu esteja evitando ela. Só sei que as coisas não estão como antes, e isso me mata por dentro."

Rosa apertou a mão de Carol com mais força. "Às vezes, a mudança é necessária, mesmo que doa. Mas se vocês duas têm uma amizade tão forte, vão encontrar um caminho através disso, juntas."

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⏰ Última atualização: Aug 17 ⏰

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