Here come's the sun, durururum

360 37 86
                                    

Jungkook

Estava deitado em nuvens confortáveis, cercado por um céu de um azul suave, misturado com um amarelo pastel, parecido com o Fusca antigo da mamãe.

A brisa fresca do céu bonito acariciava meu rosto enquanto eu ouvia músicas suaves ao fundo, uma melodia tranquilizadora que parecia vir de todos os lados. Era Tom Jobim, com sua voz gostosa e inebriante. As nuvens eram macias como algodão, abraçando-me com um calor aconchegante. Fechei os olhos e me entreguei àquela sensação de paz.

Ahh, paz…

Subitamente, comecei a sentir algo tocando meu rosto. Era um toque delicado, como se mãos pequeninas e meio ásperas passassem suavemente pela minha pele. Sorri, sentindo uma ternura que há muito não experimentava. O carinho continuava, e logo se transformou em pequenos beijinhos, toques úmidos e delicados que roçavam a minha pele. Era como se estivesse sendo cuidado com um amor profundo e antigo, como o de minha mãe.

No entanto, algo começou a me despertar dessa serenidade, comecei a sentir algo na virilha, apertando minha bexiga como louco. Abri os olhos lentamente, ainda sentindo os toques em meu rosto. Mas ao focar a visão, a ilusão começou a desmoronar. As nuvens se dissiparam, e a música suave se calou. Dei de cara com uma figura escamosa, bem próxima a mim.

Quase fiz todo o xixi que guardo, nas calças.

— Ah, porra, pelo amor de Deus, Tico! — Gritei, me embolando nas cobertas e sentando-me rapidamente na cama, afastando o dinossauro anão com cuidado.

Poxa vida, eu quase taquei a testa no chão, que absurdo! Tudo culpa desse réptil maldito.

Meu coração disparou ao perceber que as carícias não vinham de mãos humanas, mas das patas escamosas do Tico, que estava ali, empoleirado na cabeceira da cama. E aqueles "beijinhos suaves" que eu tanto apreciara? Nada mais eram do que a língua de bandeirinha dele, lambendo meu rosto com curiosidade.

Ai, que nojo.

Eu ri, ainda confuso e ansioso, tentando recuperar o fôlego.

— Acho que você deve sentir falta do meu pai, hein, dinossauro? — falei, pegando a iguana e a levando de volta ao seu terrário. — Mas, por favor, da próxima vez, deixe meus sonhos em paz, certo? Acho que você deveria morar no quarto dele, e não aqui.

O dragão de Komodo me mostrou a língua, como era de praxe. Acho que ele não gosta muito de mim.

Com um suspiro resignado e um sorriso cansado, voltei para a cama, tentando apagar a estranha sensação que ainda pairava sobre mim. "Ah, vida de britânico com iguana... quem diria que seria tão emocionante," murmurei antes de fechar os olhos e tentar, mais uma vez, retomar meu sono interrompido.

Mas aí, esqueci do aperto insuportável em minha bexiga.

Como já estava de manhã e eu perdi o sono, decidi levantar de uma vez. Tenho muito o que fazer hoje.

Como um ser humano normal e minimamente limpo, comecei a manhã escovando os dentes, tomando um banho revigorante e ajeitando meu cabelo, que, por sinal, estava quase chegando aos ombros. Mas tudo bem, é moda.

Olhei no espelho e vi meu reflexo, inspirado pela moda de 1977, clichê, eu sei, mas é inevitável. Meu cabelo, ligeiramente ondulado, caía solto em uma franja que quase encostava nos meus olhos. As laterais eram mais compridas, quase tocando os ombros, e eu precisava retocar o tom.

CIFRAS DE TOM - JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora