Leiam as notas finais antes de iniciarem o capítulo:)Jungkook
O cheiro salgado do mar me envolveu assim que a porta do ônibus foi aberta, deixando a brisa fresca da manhã bater contra meu rosto. Depois de anos de ausência, eu estava de volta a Newquay, a pequena cidade costeira que deixei para trás em busca dos meus sonhos, que nem eram tão grandes assim. O som das ondas quebrando suavemente contra as rochas e o grito distante das gaivotas eram como uma sinfonia natural, despertando memórias adormecidas de um tempo mais simples.
Se não fosse a merda do motivo de eu ter voltado.
Não sei se existe um Deus, eu nunca parei pra analisar e ter certeza de que acreditava em um. Até porque, meus pais nunca me impuseram nada, eu sempre pude escolher, e sou grato por isso. Não vou negar, sempre fui um bom filho, mimadinho às vezes, mas ainda sim, bom.
Um bom filho, um bom homem e um bom ser humano. Aos olhos de todos eu era assim, aos olhos da minha mãe, eu sempre seria assim. E, bom, eu fui e ainda sou.
Até descobrirem que eu era gay.
Pronto, só porque eu me assumi, automaticamente eu virei um homem afeminado, que fala fino e usa roupas femininas. Não que isso seja um problema, mas, qual é? Século vinte, pessoal, nem todo mundo é igual.
Quando eu verdadeiramente assumi gostar de homens para mim mesmo, para minha família, amigos, pessoas do meu ciclo pessoal. Percebi que, de fato, nascemos para morrer sozinhos.
Descobri, de maneira dolorosa, que a aceitação de quem realmente somos muitas vezes nos coloca em um caminho solitário. Quando informei sobre minha sexualidade, percebi que muitos daqueles que eu achava que estariam ao meu lado, de fato, não estavam preparados para aceitar essa parte de mim.
Meus avós são um grande exemplo disso.
As expectativas que a sociedade, a família e os amigos tinham sobre quem eu deveria ser desmoronaram de repente. Nascemos para morrer sozinhos porque, no fim das contas, nossa essência, nossos desejos mais profundos e verdadeiros, são compreendidos apenas por nós mesmos.
Mesmo que tenhamos pessoas ao nosso redor, cada um tem sua própria jornada e suas próprias batalhas internas. A solidão não é apenas uma questão de estar fisicamente só, mas de reconhecer que a nossa verdade interior é única e, por vezes, incompreensível para os outros. E foi nesse processo de aceitação que percebi que estar sozinho não é necessariamente algo ruim.
É uma oportunidade de sermos fiéis a nós mesmos, de nos amar e nos respeitar, independentemente do que os outros possam pensar ou esperar. No final das contas, o mais importante é que sejamos verdadeiros com quem realmente somos, mesmo que isso signifique caminhar sozinhos em determinados momentos da vida.
Todavia, mesmo depois de todo esse discurso de auto aceitação, eu não estive cem por cento sozinho. Eu não precisei lutar somente ao meu lado.
Eu tinha meus pais. Mas agora, eu só tenho meu pai, mais ninguém.
— Filho! — Kim Namjoon, meu velho de quarenta e cinco anos grita, com seu sorriso de covinhas enquanto segura uma prancha de surf. — Quanto tempo, garotão!
— Oi, pai... — Sorrio, abraçando seu corpo, me sentindo pequeno em seu embalo. Ele me aquece, mesmo sendo um pouquinho maior do que eu. — Eu senti tanto a sua falta.
— Achei que você fosse morar na capital pra sempre. — Ele me abraça de lado, bagunçando meus cabelos que já estavam bagunçados devido ao vento forte. — Não imaginava que fosse voltar tão cedo.
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CIFRAS DE TOM - JIKOOK
Fanfiction⚠️ NÃO É SAD FIC! ⚠️ Jikook | Retro!au | Romance Após a trágica morte de sua mãe, Jeon Jungkook, um renomado fotógrafo, retorna à sua pacata cidade natal em Newquay, Cornualha, nos anos 1977. Decidido a recomeçar, ele reabre um bar abandonado à beir...