Jungkook
Os dias têm passado rápido, as horas voam e às vezes tenho a impressão de que o tempo não tem pena de mim. Sabe, depois da minha bela crise depressiva e ansiosa em que eu chorei como uma criança no colo do meu pai, percebi que fiz bem em chorar.
Tudo bem chorar no colo de seus pais de vez em quando, ou no colo de um deles.
Eu amo o colo do meu pai, mas queria o da minha mãe.
Me sinto melhor agora, não bem, mas melhor. E isso já é um passo, um avanço.
Posso dizer que algo andou também, cá estou eu no meu futuro barzinho de Jazz e bossa nova, enquanto meu pai se mata pra pintar as paredes de vermelho claro.
Com um pequeno ser atormentando sua sanidade.
— Filho, você não pode tentar se enfiar no balde de tinta! — Resmunga bravo, enquanto seu corpo estava todo descoberto e preenchido com tinta vermelha e verde.
— Mas eu não fiz isso! — Brinco, girando a camisa que eu removi do corpo em minhas mãos.
— Eu não tô falando com você, garoto! — Ri, abandonando o pincel em cima da bancada. — Olha só, Tico, o papai vai ter que te prender no banheiro se continuar assim! — Se abaixa, conversando com o lagarto que apenas lhe mostrou a língua.
— Por que achou que seria uma boa ideia trazer o dinossauro anão pra cá? A gente tá trabalhando, Senhor Maconha! — Reclamo, bebendo um gole de água.
— Senhor maconha? Que apelido é esse, Jungkook?! — Muda de assunto, rindo em escárnio.
— É a sua personificação, velho! E para de mudar de assunto, fazendo o favor. — Puxo meus cabelos para trás, prendendo com um elástico, deixando apenas a franja comprida quase cobrir meus olhos.
— Velho é teu espírito, seu abusado! Eu tô muito bem pra ter a idade que eu tenho, tá?! — Se irrita, mas não deixa de rir. — E o Tico é meu ajudante, ele também precisa escolher o lugar que eu vou pendurar seu quadro.
— Já falei que você não vai colocar esse bicho feio aqui, pai! — Gargalho, às vezes é difícil manter minha pose séria na frente desse homem. — O bar é meu ou dele?
— É seu, mas o senso de estética é meu! — Rebate, quase me agredindo — Além do mais, eu tenho muita participação nesse boteco aqui, viu?!
— Boteco? Que absurdo, seu horroroso! — Coloco a mão no peito, me sentindo extremamente ofendido. Meu pai é a pessoa que mais me ofende, pra ser honesto.
— Boteco sim! E vai ser muito bem frequentado, por sinal — ele responde, cruzando os braços e me lançando um olhar desafiador.
— Ai, meu Deus, pai, você não entende nada de sofisticação — reviro os olhos, brincando, enquanto volto a organizar algumas garrafas no balcão que já estava pronto. — Se depender de você, vou acabar decorando o bar com as peças de cerâmica que você gasta dinheiro como se fosse água.
— E qual o problema? Minhas peças são obras de arte! — Ele gesticula exageradamente, fingindo ofensa.
— São arte, claro... para colocar no jardim, talvez. Mas aqui dentro, nem pensar! — digo, me inclinando sobre o balcão com um sorriso provocador.
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CIFRAS DE TOM - JIKOOK
Fanfiction⚠️ NÃO É SAD FIC! ⚠️ Após a trágica morte de sua mãe, Jeon Jungkook, um renomado fotógrafo, retorna à sua pacata cidade natal em Newquay, Cornualha, nos anos 1977. Decidido a recomeçar, ele reabre um bar abandonado à beira-mar, transformando-o no el...