Cheiro de lavanda e flores mortas.

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Me desculpem a demora pra lançar esse 😭 Confesso que é meu capítulo favorito até agora, está cheio de interação dos Jikooks e de tensão também. Sem contar que está enorme, então vocês tão bem alimentados, hein!

Por favor, comentem nos parágrafos e votem, ajudem sua pobre autora que não tem nada mais que amor no coração para oferecer :(

Boa leitura!

Jungkook

— De novo você, Tico? — Me sentei na cama, já que sequer preguei os olhos. Às vezes funciona assim, mesmo me medicando, a depressão não me deixa dormir.

Passava das seis, o céu começava a se abrir em tons suaves de lilás e rosa, como se estivesse sussurrando à noite para se retirar. Me sentei à beira da janela, observando o espetáculo silencioso que apenas os olhos atentos podem testemunhar. O escuro profundo da madrugada cedendo espaço ao azul tímido que se anunciava no horizonte, enquanto o Sol, lento e paciente, começava a emergir. Uma faixa dourada começou a tocar o mar distante, como se pintasse a linha entre a noite e o dia. Aquela luz, tão bonita e calma, contrastava com a tormenta que eu carregava dentro de mim.

Tudo estava bem, mas não estava. Eu me acomodei na minha própria tristeza e isso é insuportavelmente ruim.

Às vezes me pergunto como é possível que o dia se levante, tão constante, enquanto a minha alma parece afundar.  Eu queria poder me elevar junto com o Sol, mas há dias em que me sinto preso, incapaz de encontrar cor no que me rodeia.

As cores continuavam a se transformar: agora o rosa fundia-se em laranja, e o azul, antes tímido, assumia o protagonismo, enquanto o brilho do Sol rasgava o horizonte. A vida despertava lá fora, mas dentro de mim, o peso permanecia. Era como assistir a uma pintura ganhar vida, sem nunca poder participar de sua criação. Eu estava ali, vivendo, mas ao mesmo tempo, distante.

Mesmo com a beleza da manhã, era difícil não sentir que a minha própria vida estava presa em um eterno entardecer, onde a luz é sempre um pouco mais fraca, e a escuridão, sempre à espreita.

— Sabe, Tico, me pergunto quando eu serei livre… — alterno minha visão, entre o laranja pêssego do céu e o verde esmeralda do Tico, que me encarava com a língua para fora. — Livre de mim mesmo, entende?

Sorrio, mas sei que não há graça, não há motivos para eu sorrir. Na verdade há, mas não agora, não nesse momento.

Limpo a lágrima teimosa que tenta cair. Não posso chorar, não agora. Não quando tudo parece estar indo bem, ou pelo menos deveria estar. Chorar seria como admitir que não estou conseguindo lidar com as coisas, e eu não tenho esse direito. Outros passaram por situações piores e seguiram em frente, então, por que eu deveria ceder?

Eu me pego pensando nisso sempre. Como se chorar fosse um sinal de fraqueza, uma fraqueza que eu não posso mostrar. Me sinto pressionado a manter tudo no lugar, porque essa é a fase em que tudo parece estar dando certo. Pelo menos, é o que eu deveria sentir.

Afasto os pensamentos intrusivos, tentando me manter minimamente lúcido. Decido me levantar de uma vez, não tem muito o que fazer hoje, por sorte. Como o bar é sempre aberto no período noturno, eu tenho sempre o dia livre, a não ser quando preciso arrumar algo ou resolver coisas chatas de adultos. Mas de resto, estou livre.

O meu dia está livre, minha alma não.

Saio da cama e me ponho de pé, o dia ainda estava escuro, mas eu não precisava de energia elétrica para enxergar o quarto, algo que me aliviou já que eu detesto luzes artificiais.

CIFRAS DE TOM - JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora