1 - Bebês quietos têm algo a dizer

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Para as lembranças transformadas em uma canção angustiante de uma caixinha de música antiga, que muitas vezes, insisto em ouvir repetidamente, quando deveria fechar o objeto, para que a melodia dolorosa seja encerrada.
E assim, talvez, eu possa recomeçar.

...

...

...

Era cedo, quando Momo sentiu uma movimentação ao seu lado, na cama. Levantou, e viu a pequena Dahyun ali, acordada, tentando descer.

- Hyun, o que você quer, bebê? Conta pra mamãe. - A Hirai disse, ainda um pouco sonolenta, tentando fazer sua alma voltar ao seu corpo.

Dahyun não era um neném falante. A japonesa costumava ouvir sua voz poucas vezes no dia, por isso sempre incentivava a menina a falar.

- Hmm... - A pequena Kim resmungou, levando seus olhinhos hesitantes até sua mamãe. A mulher percebeu certo receio neles, então fez o seu melhor para despertar rapidamente.

- A mamãe tá bem aqui pra te ajudar, tudo bem? - Sorriu, se aproximando da bebê. Dahyun se encolheu com o ato, baixando sua cabeça e fechando seus olhinhos em um reflexo, assim que a japonesa mencionou levar a mão para acariciar seus rostinho.

Isso cortava o coração da mais velha. Odiava que sua bebê tivesse passado por coisas tão ruins.

Dahyun foi vítima de um lar violento em sua infância. E, durante sua adolescência, após ser entregue para a adoção por seus próprios pais, que decidiram se mudar para outro país, foi encaminhada para diversos orfanatos com as mesmas queixas: Comportamentos inadequados. Ou desculpas como "não conseguimos lidar com uma criança tão... tão Dahyun."

Foram necessários um pouco mais de 18 anos até que alguém finalmente a aceitasse.

A verdade é que ninguém estava disposto a entender a menina. Ninguém parecia empático o suficiente para isso.

Então, tendo em vista o histórico de abandono, rejeição e violência, Momo sempre tratou a pequena com o máximo de cuidado, paciência e respeito.

Mas muitas vezes se perguntava se era o suficiente.

Se perguntava se ela seria o suficiente para Dahyun.

Sempre se consolava com o fato de que a pequena precisava de seu próprio tempo, e de que já houveram avanços desde o primeiro dia da bebê consigo. No início, a menina tinha um pouco de medo de sua aproximação, mas chorava ao ficar distante. Precisava estar sempre perto o suficiente. Dahyun queria aceitar o calor dos braços da mulher, mas a ansiedade em antecipar uma dor que nunca viria, era maior.

- A fraldinha tá cheia, não é, meu amor? - Perguntou, levando a chupeta da pequena até ela. - Vamos cuidar disso?

Dahyun apenas encarou Momo brevemente, antes de assentir e abrir sua boca para ter a sua chupeta.

Então, com muito cuidado e carinho, a fralda da bebê foi retirada e a pequena foi higienizada antes de ser levada para um banho morno, em uma manhã um pouco fria.

- Ah! Onde tá o meu bebezinho? - Momo brincava, já que a pequena Kim estava coberta por espuma do banho até os ombros, e cobria os olhinhos com as mãos. Acreditava estar completamente invisível. - Onde tá o meu tofuzinho? O neném da mamãe? Onde tá, hm?

Dahyun continuou com as mãos sobre seus olhinhos, segurando uma risadinha e agitando seus pézinhos e a água da banheira junto. Estava adorando a brincadeira.

- Meu bebê é muito bom em se esconder. Mas onde será que ele tá, hm? Onde tá o tesourinho da mamãe? - A Hirai questionou. Seu tom de voz fazia a pequena segurar a risada, pensando em como sua mamãe era bobinha por não lhe ver ali.

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