CONTO // LGBT // CONCLUÍDO
Andrei Pasternak é um jovem que ingressou no exército russo há menos de um ano. Com seus dezoito anos de idade, ele já acumula uma pilha de corpos em seus ombros, uma pilha que tende a aumentar cada vez mais.
Fazer amigo...
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Agora meu coração se sente como em dezembro Quando alguém diz o seu nome Porque eu não consigo falar com você.
Memories - Maroon 5
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— O que você ganhou dessa vez? — Pergunto ao Mark que abre um pacote de Catherine — Alguma coisa imoral para aquecer suas noites frias?
— Você é um idiota Pasternak. Minha Catherine não mandaria nada desse tipo para mim… — Ele responde num tom de indignação enquanto retira da embalagem de papel pardo uma caixa com seus chocolates preferidos e uma carta escrita a mão que ele guarda para ler depois.
A proximidade com o natal mudava o clima de tudo, não somente pela neve que cobria o chão lá fora, mas também pois até mesmo o soldado mais ranzinza parecia apreciar o que o feriado trazia. Tudo parecia mais animado, os rostos de muitos dos homens marcados pela batalha exibiam um leve sorriso, era estranho, a guerra não é lugar para felicidade, não dá para pendurar uma sineta na ponta de cada arma e fingir que tudo é lindo. Me pergunto, como qualquer um aqui podia sorrir assim quando todos carregavam o peso da morte em seus ombros.
Mark, é claro, não era uma exceção a regra. Seus olhos pareciam brilhar cada vez mais conforme o mês de dezembro chegava, com seus infinitos pacotes, lembranças de pessoas amadas que aguardavam o retorno dos soldados em segurança, idiotice se quer saber. Os pacotes pareciam se duplicar a cada dia, a essa altura, todos no acampamento pareciam ter recebido algo. Todos menos eu.
Em quase três anos no campo de batalha, nem ao menos uma vez recebi um presente, nem mesmo um cartão me contando que ainda estava vivo, na verdade, talvez não estivesse, talvez Nikkolai esteja enterrado em algum lugar a sete palmos abaixo da terra, talvez nos reencontremos algum dia no inferno.
— Você deveria arrumar uma namorada… talvez assim você tirasse essa cara de enterro do rosto — Mark diz, estendendo para mim a caixa de chocolates que ele recebeu, eu recuso, nunca fui fã de doces e pensar em comer algo que ele recebeu de sua namoradinha só me faz odiar ainda mais a experiência.
