O pior encontro do mundo - BokuAka

17H00 - Academia

17H00
Academia

— Ajuda! — gritou Bokuto quando viu que não conseguiria colocar o peso na máquina novamente.

— Eu falei que cento e cinquenta era exagero — disse Kuroo, soltando os halteres e indo ajudá-lo.

— Mas se eu não aumentar o peso, o músculo não cresce — protestou Bokuto, levantando-se para tirar algumas anilhas da barra.

— Mas ontem você tava levantando noventa! — seu tom era incrédulo, sentia que Bokuto não entendia a gravidade daquilo. — Não pode aumentar sessenta quilos de uma vez!

— Eu queria me desafiar — ele terminou de ajustar os pesos e se deitou no aparelho novamente.

— Vai acabar se machucando desse jeito, aí eu vou ter que te levar no hospital, aí sua mãe vai brigar comigo por ter deixado você fazer algo assim quando, na verdade, eu não deixei coisa nenhuma! Promete que não vai fazer isso mais.

— A gente precisa de emoção às vezes…

— Promete! — cortou-o, seu tom sério fazendo Bokuto arregalar os olhos.

— Tá bom, então. Eu prometo. De dez em dez quilos por vez.

Satisfeito com a promessa e as condições, Kuroo voltou a levantar seus halteres.

— Falando em emoção — Kuroo puxou o assunto —, como andam seus encontros?

— Ah, você sabe — sentou-se ao terminar uma série de levantamentos —, sempre uma roleta russa, posso ter uma foda incrível ou um contrabando de órgãos. Adoro aplicativos de namoro!

— Tá foda desse jeito? — Kuroo guardou os halteres nos seus lugares e alongou os braços antes de ambos partirem para outro aparelho.

— Mês passado tive que ser terapeuta de uma menina no meio de um bar. Depois, um cara jurou que a gente se conhecia de vidas passadas e eu era a alma gêmea dele.

— Uau — Kuroo arregalou os olhos.

Bokuto travou a alavanca do leg press e se levantou, trocando de lugar com o amigo.

— Aí, no próximo, quando cheguei no apê do garoto, já senti um cheiro meio suspeito. Nada contra quem fuma, mas o cara parecia que queria conversar diretamente com Jesus.

Kuroo soltou um riso e travou a alavanca do aparelho.

— Tô começando a ficar bastante desanimado com essa de procurar pessoas em aplicativos. Eu só queria namorar alguém logo, é pedir demais?

— Já pensou em perguntar pros seus amigos se conhecem alguém que também tá procurando um relacionamento? — Kuroo sugeriu.

— Eu te perguntei, mas você disse que não conhecia ninguém.

— Outros amigos.

— Você vai querer que eu te jogue um peso desses ou vai pagar meu próximo mês de terapia?

— Tá bom, desculpa — ele levantou as mãos em rendição e abriu um sorriso de lado.

— Mas, aí — Bokuto cruzou os braços —, não conhece ninguém mesmo?

— Agora só consigo pensar que não quero ser esmagado por duzentos e cinquenta quilos, mas vou ver o que consigo fazer por você.

— Não acha que tá na hora de colocar mais cinquenta aí?

— Eu tenho meu próprio ritmo.

Bokuto fingiu uma tosse e deixou escapar a palavra “fraco” por entre os dedos.

— Vai se fuder — disse Kuroo entre dentes e lhe mostrou o dedo do meio.

A resposta de Bokuto foi dar um sorriso de lado enquanto tomava um gole de seu shake e também mostrar o dedo para ele.

— Que gororoba é essa que você tá bebendo agora?

— É um shake pra ajudar na digestão. Vi a receita no Instagram e resolvi testar. Banana, gengibre, água de coco, quinoa e whey. Quer um pouco?

— Nem a pau — ele travou as alavancas do aparelho e trocou de lugar com Bokuto. — A cor disso parece que já foi digerido — fingiu uma ânsia de vômito.

— Sua mãe nunca te ensinou que é feio ficar desdenhando de comida?

— Chamar isso de comida é um insulto.

Bokuto só balançou a cabeça, preferindo não ligar para o que ele dizia.

— E você fica testando tudo que vê na internet, isso ainda vai dá bosta um dia.

— Nossa, não sabia que eu tinha chamado minha mãe pra vir malhar comigo — zombou. — Agora faz sentido porque você tá pegando tão pouco peso.

— Juízo na sua cabeça nunca é demais — respondeu Kuroo. — E vamos logo, daqui a pouco vão chegar os caras que ficam gritando enquanto levantam peso.