18H30 - Mercado

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18H30
Mercado

— UHUUL! — Bokuto gritou no meio do corredor, olhando para o celular.

Kuroo o lançou um olhar reprovador e, se afastando com o carrinho, pensou “será que ainda dá pra fingir que eu não conheço ele?” quando as pessoas ao redor começaram a encarar.

Suas esperanças foram por água abaixo no momento em que Bokuto pulou em cima dele, dando-lhe um abraço.

— Eu já te disse o quanto eu te amo, cara? — Bokuto deu um beijo forte na bochecha dele.

— Ah, que nojeira! — Kuroo tentava se desgrudar do outro. — A gente tá suado — ele fingiu uma ânsia de vômito pela segunda vez naquela tarde.

— Você lembra que a gente tava revezando no mesmo aparelho, né? — afastou-se dele. — Então você já encostou no meu suor antes.

Mais uma ânsia de vômito. Kuroo estava começando a sentir que logo não precisaria mais fingir.

— Muda de assunto, por favor.

— Advinha quem tem um encontro marcado pra daqui algumas horas? — Bokuto fez uma pose imponente colocando as mãos nos quadris e estufando o peito.

— Nossa, o Akaashi é rápido mesmo — voltou a empurrar o carrinho pelo corredor e a analisar as prateleiras.

— É… — concordou sem nem prestar atenção no que Kuroo tinha dito, estava focado em ver quão longe era o apartamento de Akaashi. — Combinamos de tomar vinho na casa dele. Ele disse que vai me mostrar a coleção de Turma da Mônica Jovem dele.

— Isso é uma gíria nova pra sexo? — estava com duas marcas diferentes de macarrão nas mãos, tentando escolher qual levar.

— Não — Bokuto bloqueou o celular e o colocou no bolso —, são os gibis mesmo, você sabe que eu sou fã.

— Ah tá, é verdade, lembro do Kenma falando que o Akaashi também é viciado em quadrinho. Vem cá, qual você acha que eu levo?

Bokuto se aproximou e não conseguiu ver nenhuma diferença entre os dois pacotes, a não ser as cores.

— Eu sei lá. Os dois são carboidrato, leva o mais barato.

— Caralho, você é muito mão de vaca — ele devolveu o mais barato para a prateleira.

— Eu sou pobre, porra, você queria o quê? — fez um gesto indignado com as mãos. — Vem, me ajuda a escolher um vinho. Ele disse pra levar um branco.

— Ele disse se queria seco ou suave? — perguntou Kuroo enquanto se dirigiam para o corredor de bebidas.

— Qual a diferença?

— Porra, nunca tomou um vinho na vida?

— Já tomei, mas não fiquei reparando nessas coisas, caralho — no corredor certo, ele se agachou para ver as prateleiras perto do chão.

— A diferença é que o suave tem mais açúcar que o seco.

— Vai ser o suave então.

— Esse aqui eu lembro de ter experimentado e gostado — Kuroo mostrou-lhe a garrafa em sua mão.

— Quanto é?

— Trinta e oito.

— Porra! — arregalou os olhos. — Não tem nenhum em promoção, não?

— Tem esse de doze, mas é um dos mais porca…

— Vai ser esse — pegou e colocou no carrinho deles.

— Mano, você vai mesmo me fazer passar essa vergonha?

— Não tem nada a ver com você — franziu o cenho.

— Imagina — disse sarcástico —, só toda vez que o Akaashi beber esse vinho barato vai pensar “nossa, como o Kuroo tem um amigo pão duro”.

— Pau duro também — ele riu.

Kuroo fechou a cara e empurrou o carrinho do supermercado na direção dele.

— Ai! — ele esfregou a lombar, onde o carrinho tinha batido, depois se agachou, apoiando-se no carrinho, as pernas também doíam.

— Para de drama, vamos.

— Drama o caralho — esforçou-se para ficar de pé novamente. — Vou te dar um chute pra você ver se é drama.

— Mimimi… — Kuroo arremedou, revirando os olhos. — Vamos logo pro caixa.

— Calma — ele mancou alguns passos —, tenho que pegar alguma coisa pra comer também.

— Leva algum queijo ou salame — sugeriu.

— Quanto tá um Doritos? — pararam no corredor de salgadinhos em pacote. — Quinze reais?!

Kuroo só colocou as mãos no rosto e reprimiu um grito.

— Gente, mas o que tá acontecendo com o preço das coisas hoje em dia? — comentou depois de ver o preço dos outros produtos.

— Então se enrola no plástico filme e se envia numa bandeja, ué. Tá aí um ótimo petisco e de graça.

— Tá me chamando de dado?

— Ei! Esse é um local público, tem crianças por aqui — uma mulher chamou a atenção deles. Ela segurava o filho no colo e fazia o máximo para tentar cobrir os ouvidos dele.

— Perdão — pediu Kuroo.

— Foi mal, senhora.

Ela se afastou balançando a cabeça em reprovação. Eles voltaram a andar, ainda procurando algo no orçamento de Bokuto.

— Você me chamou de “ótimo petisco”? — cochichou perto do ouvido dele com um sorriso malicioso.

Kuroo o afastou com o dedo do meio levantado.

O pior encontro do mundo - BokuAkaOnde histórias criam vida. Descubra agora