fourteen

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- peu – falou levantando um pouco grogue. Notei várias cartelas de remédio em cima da mesinha de centro – vamos conversar – tentou andar mas quase caiu. Nem dei atenção só segui pro quarto – Pedro – separo as minhas roupas que estão no seu armário colocando de volta pra mala – vai aonde?

- lugar nenhum – ele tentou falar- vai tomar banho. Você tá cheirando bebida

-onde esteve o dia?

- por aí – continuei colocando as roupas na máquina

- eu fiquei preocupado

- tô vendo – olhei pro nosso cinzeiro caído no chão do quarto – não pisa aí. Vai sujar tudo

- você já contou pro seu amigo de nós?

- nós o que? Não existe nós

- errei tá. Errei e me arrependo

- pelo menos não tá negando né- fui sarcástico

- eu errei, mas eu te amo

- pelo amor de Deus João. VOCE FICOU COM ELE, VOCÊ CONVERSAVA COM EX ENQUANTO DORMIA COMIGO DO SEU LADO, LEVANTAVA DA CAMA PRA ATENDER ELE. MESMO ELE QUASE FUDENDO O ACÚSTICO, VOCE – apontei o dedo pro peito dele – AINDA CONTINUAR DEFENDENDO ELE – suspirei – eu tô cansado. Muito cansado de só eu me entregar, só eu abro mão de muita coisa por você.

- fica por favor – ele chegou mais perto – luta por mim, não desiste de mim

- Não dá mais – me soltei dele indo até a porta com a mala e minha mochila de trabalho

- por favor – me parou na porta do apartamento com lágrimas nos olhos

- eu não posso viver assim. Eu preciso viver, mesmo que a gente seja só amigos

- me beija, a última vez – aproximou seu rosto do meu

- eu estou com muita raiva sua – encostei minha testa na dele

- então me beija com raiva

Foi a deixa pra eu o beijar. Foi bom, foi apresado, mas tinha gosto de despedida. Porém isso não nos impediu de tirar a roupa e cair na cama ofegante

- fica comigo? – ficou em cima de mim, me prendendo com as suas pernas – não desiste de mim – não sabia o que responder então eu só o beijei. Meu Deus como eu vou sentir saudade disso, a maneira que ele puxa o meu cabelo enquanto me beija, o seu gemido rouco e gostoso de se ouvir, a forma que ele me toca, me faz ir do céu ao inferno em poucos minutos. Queria que esses minutos durassem a eternidade


De manhã 
Passei a mão do lado da cama e estava vazio, a cama que a poucas horas estava quente, agora está fria

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De manhã

Passei a mão do lado da cama e estava vazio, a cama que a poucas horas estava quente, agora está fria. Queria morrer, que essa cama me engolisse, queria me afogar nela

Reparei em uma carta na mesinha ao lado da cama. Abrir ela

Para Jão
Querida Maria. Me desculpa, mas eu não consigo me amar, do jeito que você me ama. Eu não posso mais voltar, eu preciso me encontrar e pra isso não posso levar você comigo. Me deixa ir
Baby, be my star

Do seu pra sempre
Lorenzo

Atrás da carta tava escrito “eu sei que você ama essas breguices”

Meu deus como eu quero morrer. Essa carta tem referência ao nosso trabalho de formatura, o filme Maria Candelária. Um ótimo filme, muito antigo mas um ótimo filme

Eu não estou respirando direito, tô perdendo o meu ar. Levantei rápido e peguei a minha antiga bombinha de asma. Assim que inalei a terceira senti o meu corpo pesado e encostei na parede deslizando nela.

Fiquei jogado no chão por meia hora até o Santiago vim me lamber pra checar como eu estou

- seu pai mandou vou ficar de olho em mim né – ele miou em resposta – vou levar como um sim – ele miou descansando a cabeça na minha barriga

Dois dias depois

Estou enrolando o Renan e o zebu com as músicas, afinal eu escrevi uma mas ainda não está completa. Estamos sentados no mequi almoçando, eu já levei esporro do Renan e dessa vez eu não vou conseguir enrolar eles

Estou enrolando pra comer a minha batata, olhando pro nada lembrando dos momentos que eu tive aqui com o Pedro.
Falando nele, o mesmo sumiu, mas o Renan disse que ele vai hoje lá pra casa.
- João Vitor Romania Balbino – Maria chamou minha atenção – acorda filho

- eu estou acordado

- mas parece que está chapado

- eu não fumei hoje

- tem certeza?

- não – os meninos riram mas a camy e a Malu negaram com a cabeça

- o Pedro falou que ele já está indo pra lá- Mari falou

- então vambora Jão – levantei meio arrastado e não querendo ir

- vai com quem?

- com o zebu. Ele não judia de mim na moto

- só não vou judia porquê estamos com pressa

Em casa

Meu Deus como eu estou nervoso – abre logo a porta Jão

- espera – falei tremendo, mas consegui abrir a porta mesmo que eu estava meio nervoso. Entramos e eu não tinha notado que a carta do Pedro ainda está em cima da mesa do lado da garrafa de bebida

Me sentei no sofá e ele sentou na poltrona na minha frente – que isso? – Renan me mostrou a carta – e a letra da música?

Dei um pulo do sofá, pegando a carta da mão dele – essa não é a letra – peguei a letra – essa é a letra – dei pra ele, pro zebu e pro Pedro

- profundo cara – zebu foi o primeiro a falar

- tem áudio dela já gravado? – Pedro perguntou me olhando nos olhos

- não – não tive tempo pra isso, eu estava ocupado demais sofrendo por você seu idiota

- a música é realmente muito boa

- ela parece uma história

- ela é uma história – falei encarando ele

-uma história com o final não muito feliz né – Pedro falou olhando nos meus olhos – enfim, cadê o teclado? – ele perguntou como se não tivesse liberdade pra andar pela casa

- no lugar de sempre - ele olhou pra mim, indicando que era pra mim pegar. Esse filho da puta, desgraçado

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