3 | Estranha

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W A N D A   M A X I M O F F


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Uma vez li uma frase em um livro que dizia que esquecer um amigo é algo triste, e que se um dia esquecê-lo é porque nos tornamos como as pessoas grandes que não se interessam por mais nada.

Essa frase é de um dos meus livros favoritos, que nunca fez sentido pra mim, pois era loucura imaginar que as pessoas poderiam esquecer-se dos seus amigos. Eu nunca pude comprová-la, até o momento que percebi que fui literalmente esquecida por um amigo de infância.

Quando eu percebi que ao começar a estudar na Sant'Cloud Natasha não se lembrava mais de mim.

Tudo bem que tínhamos apenas nove anos quando eu precisei mudar de cidade e acabamos nos afastando, tudo bem também que quando retornei já tinha catorze e me tornei uma garota totalmente diferente do projeto de princesa com cabelos ondulados e enormes que eu tinha, além dos vestidos rosa que sempre usava aos nove anos.

Mas imaginei que a amizade infantil que criamos na época teria sido memorável a ponto dele se lembrar pelo fato de termos dado um selinho embaixo da mesa escondidos dos professores, ou por eu ter sido sua maior companhia durante o ano todo.

Mas Natasha tornou-se alguém grande que não se interessava por mais nada.

Isso nos leva a mais uma frase "É loucura odiar todas as rosas porque uma te espetou". Eu queria ter comprovado a veracidade dessa frase também, mas para mim era mais fácil odiar todas as rosas, ainda mais se essas rosas tivessem as mesmas características. E eu nem odiava Natasha mesmo tendo ficado chateada por ter sido esquecida. Eu comecei a odiá-la quando me envolvi com um garoto como ela. Popular, desejado, bonito demais e de uma simpatia que é capaz de conquistar qualquer uma.

Babaca esse que havia conhecido no ano anterior quando viajei com meus pais para a cidade em que meus primos moravam. Eram as férias de verão e eu ficaria três meses lá com eles. A cidade é pequena, daquelas onde todos se conhecem e no final descobrem alguma ligação que os tornam primos.

Em um dos meus passeios pelo parque da cidade conheci Vitor, ele não era de lá e estava apenas aproveitando as férias assim como eu. Nessa viagem tentei ser uma Wanda diferente, não aquela que as pessoas da Sant'cloud eram acostumadas a ver toda a manhã.

Eu andava com meu cabelo solto e ele era mais curto. Também experimentei usar roupas que não fazia parte do meu guarda-roupa habitual: short curto, blusas apertadas de alças finas e decote. Eu sabia que um dos motivos para que eu não chamasse atenção dos garotos era o estilo que eu me vestia, então tentei mudá-lo em um lugar distante das pessoas que eu convivia.

Vitor se mostrou ser alguém interessante embora ele fosse como aqueles populares que se acham o centro do mundo. Ele havia dito que eu era diferente das garotas que ele conhecia e isso me tornava especial.

Eu acreditei, e nós demos alguns beijos naquele verão. Às vezes as coisas esquentavam porque segundo ele era difícil se controlar. Mas eu nunca levei adiante, pois não o conhecia o suficiente para que ele fizesse parte do momento mais especial da minha vida. Foi quando eu admiti que não pretendia transar com ele.

Ele terminou o que estávamos tendo porque segundo Vitor, eu não gostava dele de verdade, pois se gostasse iria querer.

Tornei-me imune a garotos como o Vitor. Garotas como a Natasha, e quando ela me abordou no refeitório eu já imaginava que não seria um ato de simpatia, e sim de puro interesse. Eu aceitei ajudá-la mesmo sabendo que o que ela menos queria era passar um tempo estudando com a nerd da escola.

O maior dos clichês | ʷᵃⁿᵗᵃˢʰᵃ (𝐆!𝐏)Onde histórias criam vida. Descubra agora