Ainda bem que o banheiro tava vazio. Entrei, ela entrou atrás. Empurrei-a para a última cabine, sem discussão. Ela tava realmente com cara fechada.
- Não ouse pensar besteira. Ele só se desculpou. Queria saber o que tinha me falado. Disse que não se lembrava. – Falei baixo com medo que alguma garota entrasse no banheiro.
- E você falou o que? Contou o que ele te disse?
- Contei.
- E ele?
- Se sentiu um lixo.
- O que aquele idiota te disse?
- Nada. Você não precisa saber. – Falei, mas achei que tinha sido ríspida e completei. – Desculpa, mas é uma coisa da gente.
- Certo.
- Mas ele disse que você deu a maior bronca. – Disse sorrindo tentando diminuir aquele clima. Continuei.
- Disse que ele perdeu a chance de ficar com a garota mais legal da escola. Verdade? – Falei com um sorriso besta na cara. Ela tava tentando conter o dela.
- Falei isso sim, mas no fundo tava quase agradecendo pelas merdas que ele falou. Tava quase beijando aquele idiota. Se não fosse ele eu não teria tido coragem de te beijar.
- Eu também dei bronca nele. Disse que era pra ele ver se essa máscara de galinha tá fazendo bem a ele, essas coisas.
- Você foi muito boazinha.
- Eu sou boazinha.
- Sei disso não. Tem uma coisa aqui me comendo por dentro louca pra pular na sua boca e você aí falando do meu irmão. Isso é coisa de gente má. – Debochou.
- Então cala a minha boca. – Dito e feito.
Ah como eu tava com saudades disso. Nossos corpos colados. As línguas sincronizadas. As mordidas que ela dava no meu lábio inferior. Minhas pernas ficaram bambas. Nos perdemos naquele beijo.
Achei que nada mais existia no mundo até entrarem algumas meninas conversando alto. Paramos e ficamos como estátuas. Mas quer saber? Não estamos fazendo barulho mesmo. Continuei de onde tinha parado. E as meninas lá no espelho falando mal de alguém. Por que mulher sempre fala mal das coisas? Ah, quem se importa?! Preciso aproveitar esse tempo com ela. Nos beijamos muito até o sinal tocar e anunciar o final do intervalo. Nossa, passou voando. E eu nem fui ver a galera. Azar. Tinha coisa melhor pra fazer.
Depois de mais alguns amassos resolvemos sair da cabine. Falei pra ela sair primeiro. Não ia chegar com ela na sala. Não sei se alguém ia pensar isso, mas melhor não. Fora que eu precisava realmente fazer xixi quando falei pro Joca. Mas coisas melhores aconteceram e esqueci.
- Tava aonde?! Não apareceu lá na árvore. – Paty.
- Fiquei conversando com o Joca aqui na sala. Você viu. Depois fui ao banheiro. – Não menti em nada.
- O que foi que ele falou? Você sumiu na boate e depois saiu correndo. Nem soube o que aconteceu. Me conta tudo.
- Não deu certo com o Joca. Apenas isso.
- Ele tava mal, né?! Imaginei que você não ia querer nada mesmo. Mas ele chegou junto?
- Chegou.
- E?
- E nada. Falou umas besteiras. Mandei ele comprar uma água e parar com a vodca.
- Xiiii, deve ter sido ruim. Você não reage assim normalmente. – Vi que a Ana virou pra trás e me olhou feio.
- Falei porque me preocupo com ele. Apenas isso. E acabou essa conversa. Não vou falar mais nisso. Já conversei com ele e tá tudo certo.
- Tuuudo bem. – Paty falou e não insistiu mais. – Mudando de assunto: Vamos na rua hoje? Preciso comprar uma sandália urgentemente pro aniversário da minha irmã. Vou convidar todo mundo. Sábado à noite lá em casa.
- Sério?! Sair pra fazer compras?
- Sério. Para de ser chata. O Celo vai com a gente. A Laura não pode ir.
- O Celo vai e te ajuda.
- Não, você vai e pronto.
- Que horas?!
- Depois do colégio. Quando acabarem as aulas você vai falar com a sua mãe e dizer que a gente vai comer no restaurante da praça e depois vai fazer compras. Ah, vai dizer que o Celo vai te levar em casa depois.
- Nossa, quer que eu diga mais alguma coisa minha senhora? Mas escreve senão eu esqueço.
- Vai te catar, Bia. Você tem que comprar uma sandália nova também. Vi você sofrendo com aquela na boate. Deixa de doce.
- Sim senhora. Você falando assim a Ana ali vai pensar que pode mandar em mim. Quer dizer, que todo mundo pode mandar em mim. – Claro que ela tava ouvindo tudo. Na hora que falei seu nome ela virou. Pisquei.
- Pode mandar, é?! Bom saber. O que é que ela faz mais Paty, além de dar recado à mãe e compras com as amigas? Quero usufruir disso também.
- Ela é ótima em matemática. Qualquer dúvida manda ela te ensinar. – Patrícia não tem limites. Continuou...
- Ela faz brigadeiro e chocolate quente deliciosos.
- Sério?! Adoro brigadeiro. – A cara de pau tava dando corda.
- Parou?! Eu tô aqui!! Ninguém manda em mim. Que fique claro.
- Sim. Sabemos. – Paty.
- Vou me lembrar disso. – Ana disse e piscou.
- Festa na minha casa sábado, Ana. Vou chamar todo mundo. Avisa pro seu irmão.
- Pode deixar. Estaremos lá. – Falou olhando pra mim.
- Bia, e aí, você vai dar outra chance pro Joca. – Caralho. Isso é coisa pra se perguntar agora? A loira virou pra frente e saiu da conversa.
- Não Paty. Acho que não rola mais. Perdi o encanto.
- Acho?!
- Não vai rolar. Não quero mais.
- Mas só por causa do que ele disse, Bia?! Não vai dar nenhuma outra chance? Tem a festa sábado. – Continuou o assunto só porque eu queria acabar. – Afinal o que ele disse?
- Nada!! Eu já conversei com ele e disse pra não tentar mais.
Virei pra frente e passei a mão nas costas da Ana. Queria mostrar pra ela que tava falando sério. Não tinha chance de ficar com o irmão dela.
O professor entrou. Aula de História. Cutuquei algumas vezes a loira mas ela tava concentrada na aula, nem me deu bola. Quase no final ela deu sinal de vida, virou e colocou um papel em cima da minha mesa:
"Saudades do seu beijo."
Estava escrito no papel que embalava uma bala de morango.
Morri.
Notas FinaisOh gente, como essa história é ficção todos os meus banheiros são limpinhos e cheirosos, viu?! Nada de nojeira e essas coisas!! Só pra vocês não imaginarem coisas.
=D
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Live and let live
Teen FictionQuando dois irmão lindos e loiros entram em sua vida e bagunçam ela todinha, o que você faz? Essa é a vida atual de Bia. Se viu entre dois irmãos sem saber o que fazer. Um era o garoto mais lindo do colégio. Loiro, alto, fortinho, galanteador, mas o...