Capítulo 18 - Live and let live

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Andar só nós duas pela rua, sem ninguém conhecido nos olhando, era realmente libertador. Não parecíamos um casal pra quem passava, mas éramos. Estávamos no nosso primeiro passeio como casal. Conversávamos muito. Eu ia mostrando os lugares que conhecia. Não sabia nada de história, mas algumas fofocas. Tipo:

- Aqui morava uma menina que estudou com minha irmã. Ela engravidou do namorado. Nem foi pra faculdade.

- Ali é a loja do pai do Celo. Ele é empresário e dono dessa revendedora de carros.

- Vamos lanchar ali, onde tem o melhor hambúrguer da cidade. – Comemos os nossos sanduíches numa lanchonete e voltamos a explorar a cidade.

O sol já tava se pondo e estava lindo. Aproveitei pra passar por uma pracinha que tinha uma ótima vista pro pôr do sol. Peguei meu celular e comecei a tirar fotos dela. A cor do sol na sua pele a deixava mais linda ainda. Como isso era possível? Seus olhos azuis, mais azuis. A pupila pequenininha por conta da luz. PERFEITA, pensei. Só sabia sorrir e tirar fotos.

- Ei, para com isso. A ideia era tirarmos fotos nossas. Não só minha.

- Tenho culpa se você é linda e minha câmera tá apaixonada pela sua beleza?

- Vem cá, vamos tirar uma juntas. – Fizemos uma selfie sorrindo pra câmera. Outra ela atrás de mim me abraçando e outra me dando um beijo na bochecha. A praça tava vazia, estávamos à vontade. A melhor foi a do beijo. Vou guardar pra sempre. Ela tirou várias minhas, mas não devem ter ficado boas. Não sou fotogênica.

- Devem estar horríveis. Não sou nada fotogênica. Deixa eu ver.

- Não vai ver nada. Você vai querer apagar e elas estão lindas. Você é linda. - Fizemos aquela brincadeira de tentar pegar o celular atrás das costas dela e ela não deixava. Era só uma desculpa pra nos abraçar. TARDE PERFEITA!!

Tiramos mais fotos do pôr do sol e continuamos a nossa caminhada.

- Qual é a história das suas tattoos? Principalmente a do ombro.

- A estrela é só uma estrela. Os pássaros eu penso em liberdade e a do ombro é aquela música de Paul McCartney. Você sabe, né?

- Sei. Mas por quê?

- Uma razão é que eu AMO os Beatles. Queria fazer uma frase de música deles, mas não achei nenhuma com a minha cara. Essa é do Paul, ele fez pra um filme mas pra mim ele ainda é um Beatle, então valeu. Segunda razão é o que tá escrito. "Viva e deixe viver" é algo que quero pra mim. Depois de algum tempo eu comecei a pensar nos julgamentos que as pessoas fazem sobre as outras, alguns muito cruéis. Tenho feito um exercício de não julgar ninguém antes de conhecê-la. Se ela quer fazer algo, que faça, contanto que não prejudique outras pessoas. Não quero ter preconceito com nada. Quem sou eu pra dizer o que o outro quer da sua vida? Não quero, de jeito nenhum, que um estranho se intrometa na minha vida porque ela não se adequa ao que ele pensa. Tento literalmente Viver e deixar os outros viverem as suas próprias vidas. – Tinha mais coisa, mas resolvi não completar o raciocínio.

Agora isso tudo mudou. Ainda penso absolutamente isso dos outros. Quero que eles vivam suas vidas, mas eu estou vivendo a minha? Não. Eu estou me escondendo e não vivendo com medo do que os outros vão achar. Hoje essa frase não me representa completamente. Ainda não. Mas eu vou em busca dela. Amo minha tatuagem. Principalmente agora, quero que as pessoas me olhem sem me julgar. Quero que elas me vejam como sou, não apenas pelas minhas escolhas. Mas ao mesmo tempo penso que uma hora, quando todos souberem, vou fazer igual a música: Viver e deixar todos viverem e pra quem não respeita direi: Viva e deixe MORRER. Não quero me incomodar com os outros. Apenas com a minha família e amigos. Se esse namoro se firmar, for pra valer mesmo, como acho que é, quero enfrentar todos. Quero contar pra minha família e mostrar para todos a minha namorada linda. A pessoa que ela é. Ainda temos que nos conhecer mais. Temos muito pouco tempo de convivência, mas vejo um futuro na gente. Um futuro bonito.

Live and let liveOnde histórias criam vida. Descubra agora