Capítulo 1

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-Maria Júlia-

Eu sinceramente não aguentava mais essa escola, claro que é o meu último ano e talvez, com certeza, por esse motivo eu esteja almejando tanto ao fim do ano.

Tirando o fato que estou pingando de suor enquanto só o o morro e paro bem em frente a pracinha que está acontecendo a final da taça das favelas aqui no morro do PPG, não que eu preste atenção, particularmente acho uma perca de tempo ver um monte de homem suado correndo atrás de uma bola.

Bom, deixa eu de fato me apresentar. Sou Maria Júlia, tenho 16 anos. Conhecida como o famoso golpe que deu errado, é o que minha mãe costuma afirmar todos os dias sempre que lembra que tem uma filha!

Minha mãe me teve muito nova, começou a usar drogas mais nova ainda. Ela é famosa pela comunidade por ser acompanhante de luxo. Começou nessa vida com apenas 15 anos de idade. Aos 17 anos engravidou de um gringo, diz ela que era o homem mais bonito que ela já tinha visto na vida e pensando no seu futuro, achou que seria uma boa tentar dar o famoso golpe da barriga.

Acontece que tudo isso foi uma loucura de Carnaval, ela nunca mais viu ele e para piorar, realmente estava grávida e sem rumo com uma criança renegada. Não sei nada sobre meu pai, eu realmente gostaria de ter conhecido ele, talvez minha vida tivesse sido mais fácil do que lidar com uma mulher problemática.

E eu não estou brincando, quando eu fiz 14 anos minha mãe tentou pintar meu cabelo de preto e me obrigava até mesmo usar lentes castanhas, já que na cabeça louca dela, eu chamaria atenção  de todos os homens só para mim e que isso era inadmissível, seria cômico se não fosse algo terrível de uma mãe se dizer para filha.

Empino meu nariz arrebitado e passo direto pelo campinho, eu até escuto alguns burburinhos, algo como: Ela é bem nojenta mesmo, desde criança, não fala com ninguém, se acha igual a mãe dela. Deve ser uma vagabunda também.

Eu cansei de tentar entender o porquê as garotas desse lugar não se aproximam de mim e nem mesmo tentam fazer amizade, confesso que até mesmo tentei o problema é que as até que querem bem, mas nunca melhores que elas. E se fosse para ter amigas para me rebaixarem, eu preferiria ficar sem, já tenho uma faz isso sempre que tem oportunidade, para quê inimiga?

- Não acredito, droga! Cadê minha maconha, sua vagabunda? Você escondeu?!- Assim que entrei pela porta da sala já ouvi a voz da Raquel, minha mãe. Ela tinha cabelo grande e loiro tingido, agora estava preso, balanço minha cabeça em negação

- Boa tarde, mãe. Não peguei nada, já olhou no banheiro?

- Quer saber? Você com essa cara de sonsa não me engana, me dá minha maconha, porra! VOCÊ SÓ ME DÁ TRABALHO!- Meu cenho franzio em confusão quando sua mão agarrou com força meu cabelo, meus olhos encheram de lágrimas na hora, eu não aguentava mais!

- Eu juro que não sei, mãe! Para com isso, tá me machucando. Chega!- Às lágrimas já rolavam na minha bochecha que agora estava rosadas, droga! Odiava o fato de tudo me afetar tanto.

Ela continuava gritar enquanto olhava nos meus olhos, uma mãe deveria amar seus filhos, certo? Então por quê ela se sente incapaz disso? Eu não tenho culpa de ter atrapalhado a adolescência que ela mesma escolheu para si, não tenho culpa se hoje ela não está casada com o gringo que ela tanto almejou ter casado! Droga, ela não merecia minhas lágrimas.

- A sua sorte é que estou indo viajar hoje com um coroa que vai me liberar um malote bom- Ela deu um tapa no meu rosto fraco com um sorriso malicioso, limpo minhas lágrimas e ela logo solta meu cabelo. Meu couro cabeludo queima em resultado de seus puxões- Fica tranquila, vou pra arraial do cabo e só volto daqui a uma semana, se vira sozinha, porque se dependesse de mim eu nem voltava mais, você já é grande, qualquer coisa dá essa buceta!

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