Capítulo 6

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                           - Maria Luiza -

Bom, hoje seria meu último dia em paz. Minha mãe depois de uma semana sem nem mesmo mandar uma mensagem para saber como estou, resolveu me ligar para avisar que está voltando. Além de suas milhares de exigências, como, casa arrumada, a comida feita e suas roupas devidamente lavadas quando chegasse. A primeira coisa que eu fiz, foi revirar os olhos. Sinceramente, eu devo está pagando todo meu karma de outras vidas, nessa.

Eu estava no salão, as meninas estavam mega animadas para irem em um pagode na rua 14 lá no Cantagalo, não nego que me interessei mas infelizmente com a minha mãe em casa nunca que ela deixaria eu me misturar com os "favelados". Sempre a mesma coisa quando digo que quero sair para algum lugar, nem mesmo na praça tomar um açaí, ela me permite. Mas isso um dia vai acabar, porque eu tô confiante demais que esse emprego vai me ajudar a ter minha autonomia.

- Mona, vamos. Você vai gostar muito, e outra coisa, vai ser tudo na conta do meu pai, vai pagar nada, deixa de ser boba, eu te busco! Vamos, por favor!- Carol tentava me convencer pela milésima vez, confesso que me senti tentada a desobedecer pelo menos uma vez na vida. Só se vive uma vez, certo? Que mal teria

- Minha mãe nunca que vai deixar, Carol. Queria muito, eu nem sei sambar, passaria vergonha

- Eu falo com ela, e outra coisa, sou sua chefe, exijo você lá.

A mesma fez um bico enorme e eu caminhei para fora do salão ajudando ela a fechar tudo, afirmo com a cabeça dizendo que confirmaria mais tarde pelo whatsapp. Mesmo sabendo que não iria, mas a Carol tem sido minha única amiga e poxa, queria muito ir. Me despeço de Carol e começo a subir o morro.

Caminho para casa já vendo as milhões de mensagens e ligações que a bonita estava fazendo, quando chego, vejo minha mãe sentada no sofá com uma cara fechada enquanto fumava a maconha dela. Enruguei o nariz com o cheiro horrível que estava a casa, mais cedo ela estava totalmente limpa e com um cheiro de limpeza.

- Onde você estava, Maria Júlia? Eu cheguei e surpresa, não estava em casa. Já falei que não quero você andando por essa favela ridícula.

- Eu consegui um emprego, onde mais estaria? Se você ao menos se interessasse em ler as mensagens que eu mando, saberia disso. - Digo curta e grossa já cansada desse tratamento desrespeitoso dela, eu estava cheia disso!

- Acha que está falando com alguma piranha dessas garotas da rua? Eu sou sua mãe, me respeita. E outra coisa, você pediu minha permissão? Seu pai é riquíssimo, você não precisa disso! Já te falei que quando ele voltar, vamos sair desse muquifo que sua vó deixou pra você.

- É mesmo? Você fala isso á dezesseis anos e adivinha? Ele não voltou, pelo amor de Deus mãe. Esquece esse homem, ele nem mesmo se lembra de você ou sabe que eu existo. Se eu não arrumar um emprego vou me alimentar como? Sustentar essa casa como? Porque você sumiu por uma semana e nem mesmo pensou como eu ficaria aqui. A geladeira estava vazia, o armário vazio, é isso ou morrer de fome!

Sinto minha bochecha inflar e minha respiração ficar descompensada, a sua cara de surpresa foi imperdível porque ela levantou tão rápido do sofá para vim na minha direção que a minha única reação foi me encolher e esperar pela surra que eu levaria.

- Você se acha muito espertinha, né? Maldita hora que não te abortei, Maria Júlia. Você é a porra de uma escória na minha vida, um lixo que eu penso em reciclar a longo prazo porque seu pai vai voltar um dia e eu serei rica! Você só está viva por isso! - Sinto sua mão virar com força em minha bochecha e foi o tapa mais forte que eu poderia ter levado na vida, não o físico, mas pelas palavras.

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